Sabaton: homenagens heroicas para telúricos mundos
Por Don Roberto Muñoz
Fonte: sabaton.net
Postado em 08 de setembro de 2019
"Glauber Rocha foi um cometa."
Paulo Francis
Claro, houve o belíssimo reconhecimento das Forças Armadas ao retribuir também musicalmente a vigorosa homenagem da banda sueca. Digno de nota também o retumbante acesso à matéria de Igor Soares sobre o tema. Mas considerando a questão em pauta – o "exemplo superior" do homem que sobrepõe o valor acima do ato – sobre o ângulo analítico de Conde Keyserling, são os "tipos representativos" de uma nação que influenciam os passos que se sucederão na terra.
A aristocracia, guerreira por natureza, leva em conta, substancialmente, o acordo através da "palavra", e não por meio de "contratos" burguesamente/ comercialmente formatados. No mundo moderno, substituíram as Forças Armadas as tradicionais castas militares d’ outrora, o que pode transformar-se em um problema existencial de proteção caso o Materialismo Científico fundamente a mentalidade geral. Entretanto, as bases da compostura militar aparecem em diversos tratados tradicionais, como em "História da Guerra de Peloponeso", Tucídides, para citar um "exemplo superior" de conduta viril.
No vídeo da música "Smoking Snakes" do SABATON, a concepção cinematográfica obteve supremo êxito, pois evidenciada foi a faceta absurda da guerra no melhor estilo "Full Metal Jacket", Kubrick, 1987, mas com um viés poético direcionado para o heroísmo. E tal proposição enquadra-se com legitimidade simbólica dentro do que denomina-se "Alta Cultura". Os "gênios da raça", como dizia Bruno Tolentino, mui longe estão das firulas comerciais proeminentes nas obras artísticas dentro das modas modernas. No caso cinematográfico, Bergman, Pasolini, Godard, Tarkovski, Fassbinder, entre outros, despontam no cume da excelência artística. Interessante notar que, no contemporâneo espaço, a vanguarda cinematográfica, representante d’ uma Tradição superior, encarada é pelo status quo como coisa de "excêntricos".
Percebi o abismo cultural da brasilidade cinematográfica de índole politicamente ideológica após assistir "Atos de Amor", com Dennis Hopper, uma obra-prima de Bruno Barreto filmada nos Estados Unidos, 1996. Não, o talento artístico não está vinculado a ideologias. Afinal, o movimento panfletário dentro da Arte apenas desgasta a obra, mas muito fortalece o foco humano na Política. Especificamente sobre o ato fotográfico, a superioridade artística de Pedro Martinelli diante de outros fotógrafos brasileiros vinculados a partidarismos políticos acontece justamente devido à ausência ideológica em suas proposições imagéticas.
Por sinal, a vitória de Luiz Tripolli, soberano na respectiva área onde atua como fotógrafo, acontece justamente porque, acima de sua exuberante proposta estética, vence uma sensualidade felliniana não no sentido telúrico, como acreditam os canibais culturais – inclusa nesta a turma do "róqui" tropical, que não suporta uma "guitarra elétrica"! – mas sim respaldada pelo espírito do "entusiasmo" existente na esperança por dias melhores, que, apesar de hipócritas cotidianos, podem acontecer. Postura que brota genialmente na cena final de "Noites de Cabíria", Fellini, 1957, com a personagem Maria Ceccarelli (Giuletta Masina) apresentando o triunfo do humano ser independentemente de "questões econômicas"...
O movimento Punk nos 70’s, século passado, tinha por grande motivo, e com razão, expor a mentira burguesa. Nesta sonoridade permeava infatigavelmente uma tensão entre o proletariado e a burguesia, daí as variadas conotações políticas ocorridas nas letras das músicas. Mas a aristocracia como tipo, nada tem a ver com isso, e o Heavy Metal, até hoje, é o único estilo musical que simboliza fidedignamente o heroísmo como conduta apesar do confortável mundo proposto pela Modernidade. Sim, os "hinos" guerreiros anteciparam as "canções" na História. Vale dar uma olhada em "O Mistério do Graal", escrito por Julius Evola, 1955, obra com vasta documentação sobre a aristocracia guerreira britânica, apesar d‘ autor pecar em suas deduções filosóficas sobre o assunto ao negar uma evidência metafísica – as "Chaves de Ouro" pertencem à Casta Sacerdotal. É Merlin quem tutela Arthur, e não o contrário!
Os tipos representativos apresentam a escolha fundamental de um mundo, diante do homem, da comunidade e de Deus. N’ âmbito moderno, os "excêntricos" – incluso nestes o Heavy Metal, sim, no Brasil, o fã/ músico rotulado foi como "metaleiro" pela Mídia tupi por causa do "Rock in Rio", 1985! – aparecem como uma espécie de "respiro" necessário, para que cristalizações formais dentro da Modernidade, destituída de Tradição, não consuma o homem interiormente. Propostas superiores evidenciam a Alta Cultura para a Humanidade sempre ressaltando a comunhão com as expressões populares. Sem noção cognitiva da "Alta Cultura", compromete-se existencialmente um mundo à face de questões simbólicas importantes. Não, o Jornalismo não tem "problemas"... Tem "problemas", sim, um mundo essencialmente focado apenas no "momento". Mas não, o passado não morre. Bem, uma mentalidade ontologicamente abstrata não aprende com os erros do passado, afinal, caso olhasse para trás, em "estátua de sal" transformar-se-ia.
A força motriz existencial da "brasilidade" não é a Cultura, é o Estado. De fato, a proposta republicana no país manteve a centralização política, mas fez "tabula rasa" cultural com a herança monárquica. Por conseguinte, inevitável, foi crassa a atenção nativa aos veículos comunicadores sobre a Política, no caso, o Jornalismo. Como o Positivismo não tinha raiz histórica na região ficou o brasileiro, tornado órfão cultural no início do século XX, à mercê de uma elite artística negadora da Perenidade na Arte. Eis os fundamentos artísticos sepultadores da Alta Cultura no país porque aclamados pelos tipos representativos da nação: - "Macunaíma, o filho do medo da noite", e o "Movimento Antropofágico".
Don Roberto Muñoz, escritor
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