Mayhem: os gigantes do black pisaram forte na tour pelo Brasil
Resenha - Mayhem (Teatro Odisseia, Rio de Janeiro, 08/06/2018)
Por César Rezende
Postado em 10 de junho de 2018
O Rio de Janeiro foi palco de um evento épico. A grandiosidade da banda MAYHEM influenciou até mesmo as condições meteorológicas da Cidade Maravilhosa, tornando o dia nublado e "gelado" (para o padrão carioca e não para os nórdicos). Palco perfeito para um show de Black Metal, o Teatro Odisseia, possibilitou presenciar excelentes bandas de abertura e assistir de perto um belo espetáculo de uma banda histórica e fundamental para o metal extremo mundial.
Os portões da localidade do aclamado evento abriram-se às 18:15 horas, contando com a presença da banda SVATAN no palco executando uma bela performance. Oriundos da região sul do Brasil, a banda em destaque, apresentou sua musicalidade enriquecida por teatralidade repleta de detalhes. As pinturas corporais - corpse paint - executadas com muita destreza e a utilização de "sangue artificial", que jorrava da boca do vocalista Lamferniis, foram a cereja do bolo deste ótimo show. Os vocais extremamente rasgados, melancólicos e intensos; as melodias belíssimas de guitarra; a levada reta e repleta de blast beats da bateria; um som cru, seco e direto. Os pontos precitados descrevem bem a cena e possibilita que tu, digno(a) leitor(a), cries o quadro mental idêntico à realidade vivenciada pelos presentes no evento. Pena que foram tocadas poucas canções, pois é um show que vale a pena assistir na íntegra.
Demonstrando boa habilidade, a equipe de assistentes, roadies e técnicos, em curto espaço de tempo, organizaram o palco para a atração seguinte.
O que podemos imaginar quando ouvimos falar em 7 Peles? Observando-se o fato de que gatos possuem "7 vidas" e que os mesmos por séculos foram considerados a encarnação do Diabo pelos líderes do catolicismo, tem-se a alusão como ilustração da temática da banda que sobe ao palco na sequência.
Os cariocas da banda 7PELES bebem da nascente do rio chamado Black Metal Nórdico, pois trazem a temática da crítica direta ao catolicismo através da ilustração negra da força em contraponto aos dogmas e ritos que devastaram a cultura dos países europeu mais gelados com as Cruzadas do Norte, a Santa Inquisição e a guerras religiosas. Não é por acaso que o Black Metal e toda sua temática crítica surgiram nos países nórdicos, especialmente na Noruega.
A vestimenta do papa negro (vocalista); a musicalidade fundamentada no estilo Black Metal tradicional; as letras que enfatizam o Deus do Submundo e Caim; os instrumentistas vestidos de sacerdotes. Imaginai vós tudo isso somado à participação especial de ATTILA CSIHAR (vocalista da banda Mayhem). O show foi magnífico! Bacana foi ver a reação positiva das pessoas que ainda não conheciam o trabalho da banda 7Peles. Ao fim os músicos foram ovacionados freneticamente.
Dentre as bandas que compuseram o evento, o ENTERRO destacou-se por incorporar elementos de Death Metal ao som enraizado no Black Metal. A banda é muito coesa, técnica e apresenta ótima presença de palco. Aliás, o frontman Alex Kaffer (vocal e baixo) foi destacadamente o mais empolgado e intenso de todos os músicos que subiram ao palco na noite. Dono de vocalização grave e gutural, Alex levou os fãs à catarse através das chamadas para que o público erguesse os braços, cantasse com força em uníssono o famoso "Hei, hei, hei..." e formasse as insanas "rodas".
Mais uma banda de grandioso destaque e detentora de tradição. Faltou mais tempo para que os músicos tocassem todo o set list programado, porém o recado foi dado com qualidade.
O silêncio pairava no ar. Olhos e ouvidos atentos aproximavam-se do palco gradualmente, reduzindo os espaços disponíveis e aumentando o calor humano a medida que tentava-se chegar mais perto de onde, em poucos instantes, lendas vivas ecoariam o som que mudou o mundo do metal extremo.
Quando os primeiros acordes foram tocados, a platéia que antes era apenas atenta e ansiosa, tornou-se completamente deslumbrada ao deparar-se com a banda MAYHEM.
Tudo o que se pode esperar de melhor de um show de Black Metal tradicional aconteceu: músicos vestidos de modo mórbido; corpse paint do vocalista ATTILA; músicas intensas com vocal rasgado e harmonias geniais; manuseio de uma réplica do esqueleto (crânio sem mandíbula) pelo frontman; mãos chifradas erguidas; jogos de luzes que alternavam entre azul, branco e vermelho; palco com sombras e momentos de escuridão total.
A banda apresentou o grandioso álbum - encarado por muitos especialistas como o mais representativo do gênero - "De Mysteriis Dom Sathanas" na íntegra e em ordem sequencial tal qual as gravações.
Houve apresentação de músicas bônus após o repertório das músicas do tradicional álbum. Os músicos voltaram ao palco descaracterizados de seus "personagens" e fizeram a alegria dos fãs que não esperavam a bela surpresa de poder ouvir mais os ídolos.
O evento foi realmente sensacional, pois além do MAYHEM, as bandas de abertura fizeram um espetáculo impecável.
Set List das bandas por ordem de apresenação:
SVATAN:
1) Procrastination of Impending Plagues
2) The Quest Into My Darkness Enlightenment
3) Oppositor - Claritate Doctrinae Sathanas
4) The Awakening of the Mighty Flame
5) Blessed Be the Godless Man

7PELES:
1) Heylel
2) Yehudhah Ish Qeryoth
3) Qayin
4) Beyond (Tormentor cover)
ENTERRO:
1) He Who Must be Killed
2) B-11
3) Excomunnicated
4) Drooling Mud Gospel
5) This Land Shall Burn
MAYHEM:
1) Funeral Fog
2) Freezing Moon
3) Cursed in Eternity
4) Pagan Fears
5) Life Eternal
6) From the Dark Past
7) Buried by Time Dust
8) De Mysteriis Dom Sathanas
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9) Bônus
Fotos das bandas de abertura:

Fotos da banda Mayhem:

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