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Em 23/12/1985: Fã do Judas Priest comete suicídio e pais culpam a banda

Por Daniel Brasil
Fonte: Ultimate Classic Rock
Postado em 27 de fevereiro de 2014

Em 23 de dezembro de 1985, em uma série de eventos perturbadores e trágicos que findaram em duas mortes e um julgamento dispendioso e sensacionalista, uma dupla de homens de Nevada, após uma noite escutando música e usando drogas e álcool, deslocaram-se para uma praça local e dispararam contra si mesmos.

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Buscando respostas em seu sofrimento, os familiares dos garotos – Raymond Belknap, de 18 anos de idade, morto no local da tragédia e James Vance, de 20 anos, que se mutilou no incidente, vindo a sobreviver por mais três anos – ingressaram judicialmente com uma ação, alegando que Belknap e Vance foram induzidos a cometer tais atos por mensagens subliminares escondidas nas músicas do álbum Stained Class, do Judas Priest. Passados cinco anos do incidente, os membros da banda compareceram em juízo para defender sua música num caso que, além do envolvimento em questões legais de membros do grupo 2 Live Crew naquele mesmo ano, deu vazão às preocupações de muitos pais incomodados com as letras de músicos de rock e rap.

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A proteção legal das letras como um discurso livre já havia sido questionada antes (talvez com maior impacto social durante o árduo e concorrido julgamento que acusou Ozzy Osbourne de induzir um fã ao suicídio por intermédio da música Suicide Solution), mas a questão envolvendo o Judas Priest foi adiante graças a uma reviravolta legal – sem adentrar o mérito da presença ou não de subliminaridade nas mensagens contidas nas músicas, o juiz-presidente determinou que o chamado "subliminar" não integra o discurso e, por consequência não é protegido pela Primeira Emenda.

"Eu não sei o que é subliminar, mas eu sei que não há nada parecido com isso em nossa música," afirmou o empresário da banda, Bill Curbishley. "Se nós estivéssemos realmente a fim de fazer isso, eu diria, ‘compre sete cópias’ e não levaria uma dupla de garotos a se matar."

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Apesar do convincente argumento, o caso foi à julgamento, tendo o advogado da família dos garotos enviado uma nota para o Los Angeles Times que considerou as supostas mensagens (citando frases como "vamos ser mortos" e "faça isso") e, citando o que Jimi Hendrix afirmou, "Você pode hipnotizar as pessoas com música e quando conseguir atingir seus pontos fracos, você pode incutir no subconsciente das suas mentes o que você quiser". Esta citação de Hendrix, porém, foi atribuída a Eddy, da família de Charles Manson, e, aparentemente, o advogado cometeu um erro ao citá-la.

O Dr. Timothy E. Moore – que serviu de testemunha da defesa – desconstruiu a tese de um dos especialistas da acusação sobre mensagens subliminares: "É possivel que ele tenha abalado sua credibilidade perante o juízo ao opinar que mensagens subliminares podem ser encontradas também nos biscoitos Ritz, na Capela Sistina, nos catálogos da Sears e no noticiário noturno da NBC."

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O empresário da banda, Jayne Andrews, mais tarde destacou que os autores meticulosamente planejaram o caso de acordo com o conteúdo das letras do álbum – forjando significados não existentes nas letras. "Inicialmente, o caso versava sobre a faixa Heroes End," lembrou Andrews. "Eles tentaram mostrar que a banda afirmava que você somente se torna um herói ao cometer suicídio, até eu mostrar-lhes as letras corretas que são ‘por que os heróis tem que morrer?’... Então eles alteraram a motivação do caso para mensagens subliminares contidas no álbum!"

"É verdade que se você tocar a música de trás para frente, alguma coisa nas letras invertidas parece fazer sentido," admitiu o guitarrista Glenn Tipton. "Então eu pedi permissão para ir ao estúdio e encontrar alguns acasos fonéticos perfeitamente inocentes. Os advogados não queriam que eu fizesse isso, mas eu insisti. Compramos uma cópia do Stained Class numa loja de discos local, fomos ao estúdio, gravamos em fita cassete e tocamos de trás para frente. Encontramos a seguir, ‘Ei mãe, minha cadeira está quebrada’ e ‘Dê-me uma folha de hortelã’ e ‘ajude-me a achar um emprego.’"

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Mais contundente foi o depoimento do próprio Vance, que afirmou aos advogados que ele e Belknap estavam escutando Judas Priest quando "de repente ouvimos uma mensagem de suicídio, e nos cansamos da vida". Numa carta para a mãe de Belknap, que fora escrita após o incindente, constava que, "Eu acredito que o álcool e o heavy metal de bandas como Judas Priest, leva-nos a um estado de hipnose."

"Judas Priest e CBS produzem este material para adolescentes alienados," afirmou o representante legal de Belknaps. "Os membros do clube de xadrez, os matemáticos e os cientistas não consomem este material. Isto é para os fragilizados, os usuários de álcool e drogas. Argumentamos, então que se deve ser mais cauteloso quando se está lidando com pessoas suscetíveis a essas coisas.

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Os advogados da gravadora não tentaram negar que Vance e Belknap estavam no caminho do que eles denominaram, "tristes e miseráveis vidas" – mas, sobretudo, focaram no ambiente dos garotos, a forma de educação, as escolhas de vida, salientando o quão difícil era para homens manter empregos estáveis ou ficar fora de problemas com a lei. A defesa também atacou o que Whitehead se referiu em seu artigo como "lixo científico", tendo a advogada Suellen Fulstone citado que "O tribunal não é lugar para devaneios sobre o desconhecimento da capacidade da mente humana."

Apesar da aparente fragilidade do caso, o julgamento se estendeu por semanas. "Nós tivemos que comparecer ao tribunal em Reno por seis semanas" lamentou o vocalista Rob Halford. "Parecia como a Disneylândia. Não tinhamos idéia do que eram mensagens subliminares – Era apenas uma combinação de alguns sons esquisitos de guitarra, e a forma como eu respiro entre as letras. Tive que cantar ‘Better by You, Better Than Me’ ‘a cappella’ em juízo. Creio que foi nesse momento que o juiz pensou, ‘O que eu estou fazendo aqui? Nenhuma banda está preocupada em assassinar fãs.’"

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Mesmo com o caso não tendo prosperado, o juiz não era tão generoso como a visão de Rob Halford parecia demonstrar. Na verdade, a decisão final de White determinou que havia mensagens subliminares no álbum Stained Class, ressaltando que as mensagens arguidas pelos demandantes, haviam sido imperceptivelmente mixadas "sendo discerníveis após a sua localização e quando foram identificadas com isolamento e ampliação dos sons. Os sons não seriam conscientemente perceptíveis ao ouvinte comum em condições normais de audição."

O que realmente importava na visão do juíz, porém, era elucidar o fato das mensagens subliminares poderem ser utilizadas para induzir as pessoas ao suicídio: "A pesquisa científica realizada não demonstrou que os estímulos subliminares, mesmo sendo percebidos, podem desencadear condutas dessa magnitude. A evidência mais forte constatada no julgamento, mostrou que além da ansiedade, da tensão e da angústia, não se apresentam outros efeitos comportamentais."

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Enquanto o Judas Priest e a CBS Records eximiram-se da responsabilidade legal sobre o ocorrido, ninguém conseguiu obter o que pretendia com o caso, nem os demandantes que foram incapazes de culpar as influências externas sobre uma tragédia familiar e, tampouco os réus, que deixaram o julgamento sob uma nuvem de suspeita sobre mensagens subliminares. "Abalou-nos profundamente ouvir alguém dizer para o juiz e para as câmeras que o Judas Priest é uma banda que cria música que mata jovens," Halford admitiu depois. "Nós aceitamos que algumas pessoas não curtam heavy metal, mas nós não podedemos deixá-las nos convencer de que é negativo e destrutivo. Heavy metal é um amigo que oferece as pessoas enorme prazer e diversão, ajudando-as nas situações difíceis."

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Sobre Daniel Brasil

Um cinéfilo e amante do rock em geral que desconhece fronteiras estilísticas perante música de qualidade. Moro no Rio Grande do Sul e abomino qualquer espécie de radicalismo e discriminação cultural.
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