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Tommy, a Alegoria do Rock

Por Bruno Yukio
Postado em 27 de maio de 2002

Um paralelo entre o álbum Tommy, do The Who com os rumos tomados pelo rock nos anos seguintes ao seu surgimento e ápice. Levando em consideração o período do rock que vai do final dos anos 60 até o começo dos anos 70 com a época do surgimento das grandes bandas, existem similaridades interessantes entre a história da ópera-rock e o ciclo de ascensão e queda que se tornou comum nas grandes formações de rock.

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Em 1969 foi lançado pelo The Who o disco Tommy, uma ópera rock que narra a história de um garoto cego, surdo e mudo que, depois de passar por diversos traumas se cura e se transforma numa espécie de líder religioso que perde a credibilidade de seus fiéis no final. Muito já foi dito a respeito dessa obra, mas descartando o trivial, Tommy é mais que uma ópera-rock bem sucedida; ela é um retrato do período que vai da formação até a queda das principais bandas de rock da época e dos processos de massificação e mitificação ocorrentes nas mesmas.

Analisando a história, pode-se atribuir ao personagem Tommy a personificação da mente criativa das bandas de rock fortemente pertubada por eventuais traumas na infância e adolescência, entre outros. Tommy quando criança fica cego, surdo e mudo ao ver o pai matar o amante da mãe. Sua única reação é o fechamento para as opiniões externas, consequentemente não externando os próprios sentimentos e idéias. Criando um paralelo com a realidade, temos grandes mentes do rock que tiveram traumas de infância, traumas estes que acabaram por se refletindo ao longo de suas carreiras em suas obras, como resposta à submissão aparente a qual se sujeitavam.

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Tommy sofre outros tipos de violência, encarados como novas fontes de traumas: o espancamento pelo primo e o estupro pelo tio. Podemos atribuir à esse momento do espancamento um simbolismo com a não-aceitação por parte da sociedade às diferenças que caracterizavam Tommy (Um ser alheio à realidade brutal que o cercava) e o estupro pode ser entendido como uma frustração e/ou um trauma sexual sofrido pelo personagem que acabaria sendo refletido em sua personalidade. Sendo assim, são exemplos de alegorias da rejeição e da confusão sexual ocorrentes durante a adolescência que acabam por marcar o indivíduo durante toda a vida.

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A válvula de escape para todo esse sofrimento acumulado durante a infância e adolescência vem a ser o jogo de Pinball. O Pinball pode ser interpretado como a própria música, onde o indivíduo até então fechado para o mundo pode expôr as suas idéias.No caso, seus sentimentos são expostos não para serem ouvidos e apreciados; o Pinball (ou a música) funcionam como uma forma de comunicação com o mundo. Então, a música estava funcionando absolutamente como forma de expressão.

Coube ao pai de Tommy (no caso, as gravadoras) tranformar o talento do filho em dinheiro. Obviamente, os pais de Tommy ficam ricos, se aproveitando da genialidade do filho reconhecida até mesmo pelos veteranos do ramo ("Pinball Wizard" é a exclamação da até então "fera" do Pinball reconhecendo em Tommy um jogador superior).

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A partir de então segue-se a busca pela cura de Tommy. Um especialista percebe que a principal referência de Tommy era o espelho. Isso pode significar no caso do compositor de rock o forte egocentrismo (característica muito presente no próprio Townshend, por exemplo) que o liga à sua obra. A chave para a cura de Tommy seria a quebra do espelho, que no caso seria a abnegação do "Eu" e a percepção do mundo que o rodeava. Sendo assim, ocorre a quebra do espelho e segue-se a cura de Tommy.

Após a descoberta das sensações do mundo, Tommy crê saber os caminhos e as respostas para as dúvidas existenciais da humanidade, tornando-se um líder religioso e sendo seguido e obedecido por multidões. Esse é o simbolismo mais forte. O líder são as próprias bandas de rock que construiram para si um mito, sendo veneradas pelos seus fãs. Esses fãs esperam das bandas as atitudes e palavras que eles cobram de si, lhes faltando a coragem que essas bandas possuem de contestar e de quebrar parâmetros. Essa idéia fica mais explícita em "Listening to You": "Ouvindo você / Retiro minhas idéias / A seus pés / Me emociono / De você / Ouço a música".

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Mas logo, os seguidores (no caso, os fãs) percebem que há um caminho tortuoso a se percorrer. É dito a eles que, se quiserem atingir o status e o nível que Tommy atingiu, será necessário que lhes tampem os ouvidos, a boca e os olhos; ou seja, Tommy sugere que todos tenham de passar pelos mesmos sofrimentos e limitações que ele passou para poderem se desenvolver e se tornarem grandes também.

Logo, os seguidores revoltados destronam Tommy. Um dos versos da canção "We're Not Gonna Take It" diz: "Nós vamos pegá-lo / Vamos estuprá-lo / Melhor do que isso / Vamos esquecê-lo."... Esse verso sintetiza o que é a decadência de um astro de rock, o ostracismo. Tommy não pode ser um líder iluminado se seus seguidores não o quiserem como um, e o mesmo acontece com as bandas. Com incrível senso visionário, Tonwshend escreveu o que viria a ser a odisséia das principais bandas do final da década de 60 e ínicio de 70. No final da década de 70 surge o Punk e as principais bandas como Led Zeppelin, The Who e Rolling Stones começam a dar sinais de decadência, inevitavelmente culminando num fim cinzento e indefinido, deixando nos ouvintes a sensação saudosista de um possível porém improvável renascimento.

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