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Euronymous: o paradoxo do caos e da liberdade

Por M. Mortifer
Fonte: Wikipedia
Postado em 24 de agosto de 2010

No dia 10 de agosto de 1993, Øystein Aarseth, mais conhecido por Euronymous, guitarrista e um dos fundadores da banda de Black Metal norueguesa MAYHEM, foi assassinado com 23 facadas por seu conterrâneo Varg Vikernes, criador e único integrante do BURZUM. Após 17 anos de sua morte, muitas mudanças aconteceram no cenário Black Metal em geral. Consideramos válido e oportuno dedicarmos uma matéria especial sobre a trajetória e o legado de Euronymous para o Black Metal.

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Øystein Aarseth nasceu no dia 22 de março de 1968, em Egersund, Noruega e faleceu aos 25 anos em Oslo, Noruega. Fisicamente era loiro, de olhos azuis, baixinho, provavelmente tinha um pouco mais de 1m60, e muito magro. Kjetil Manheim, ex-baterista do MAYHEM e amigo de Euronymous, no documentário "Once Upon a Time in Norway" o descreve como um bom amigo, um bom filho, apegado à família, saudável, excelente aluno (o do tipo "A"), não bebia e não fumava. Eirik Nordheim/Messiah, ex-vocalista do MAYHEM, no mesmo documentário diz que conheceu o "outro lado" de Euronymous, ou seja, conheceu verdadeiramente Øystein Aarseth, um indivíduo distinto do Euronymous que a maioria das pessoas conheceu por intermédio da mídia. Euronymous também é descrito como carismático e falastrão.

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Euronymous, além de integrar o MAYHEM, participou das seguintes bandas: FLOWERS IN THE DUSTBIN, juntamente com Kjetil Manheim (não confundam com a banda homônima do Reino Unido!) um projeto com influências do Punk e que teve curta duração. Do CHECKER PATROL, uma banda de Black/Thrash, com Euronymous na guitarra, Jørn Stubberud/Necro Butcher no baixo, Michael "Micha" Hoffman na guitarra, Robert Gonnella no vocal e Markus "Lulle" Ludwig na bateria. O CHECKER PATROL foi uma junção de integrantes do MAYHEM e do ASSASSIN da Alemanha. Também participou do L.E.G.O (Langhus Experimental Grave Chamber Orchestra), juntamente com Manheim e Jørn Stubberud). Manheim descreve o L.E.G.O. como um projeto experimental dele e de Euronymous. O L.E.G.O. é uma mistura de barulho e de harmonia. Um trabalho clássico experimental. Euronymous também participou do HORN. Com o CHECKER PATROL ele gravou uma demo intitulada "Metalion in the Park". Duas músicas dessa demo, "Fuck off and Die" e "Checker Patrol" podem ser conferidas no YouTube.

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Com o L.E.G.O. não gravou nada, entretanto, Manheim afirma que existe um vídeo raro da banda e que ele pretende disponibilizar no YouTube em breve.

Ao ingressar no MAYHEM no início dos anos 80, utilizava outro pseudônimo: "Destructor", posteriormente resolveu mudar para "Euronymous – O Príncipe da Morte". Retirou o nome de uma música do HELLHAMMER. "Euronymous" é a grafia incorreta de "Eurynomos", que na Mitologia Grega é uma criatura que habita o suterrâneo. Este ser é mencionado na Odisséia. Algumas vezes é identificado com Hades ou Orcus da Mitologia Romana. Na "Satanic Bible" o nome também é mencionado incorretamente. De qualquer modo, foi por "Euronymous" que Øystein Aarseth se tornou conhecido. Euronymous é considerado o criador do moderno Black Metal. Ele foi o primeiro a classificar a sua música nesse estilo, relacionando-a a um grande interesse pelo Ocultismo e pelo Satanismo. Sempre rejeitou ativamente as idéias de Anton Szandor LaVey, este último parece mais próximo de um ateísmo do que necessariamente de uma forma concreta de satanismo tradicional.

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Euronymous fundou a gravadora "Deathlike Silence Productions". Com a DSP lançou discos de bandas como MERCILESS, ABRUPTUM, SIGH, ENSLAVED e do próprio BURZUM. Um contrato foi assinado com o grupo de Black Metal Industrial MYSTICUM, mas devido à sua morte prematura o material não chegou a ser lançado pela DSP.

Euronymous também foi o fundador da loja de discos "Helvete" (inferno em norueguês), direcionada principalmente à venda de discos de metal extremo. O seu subsolo tornou-se um lugar de encontro do "Inner Circle" ou "The Black Metal Circle", círculo satânico criado por Euronymous em resposta à "True Satanic Horde" criada na Suécia por "IT" do Abruptum, onde numerosas personalidades da cena underground, tais como os membros do BURZUM, MAYHEM, EMPEROR, THORNS, IMMORTAL, entre outros, se encontravam assiduamente a fim de planejar e organizar sua militância.

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Euronymous utilizava uma guitarra Gibson Les Paul. Ele foi fotografado inúmeras vezes com ela. Sua técnica de solo foi influenciada por Trey Azagthoth do MORBID ANGEL. Euronymous utilizava um amplificador Marshall e um pedal Ibanez. Também utilizava um pedal metálico controlado por ele, para produzir um som específico. Euronymous cita frequentemente em suas entrevistas e correspondências que sua influência musical provinha do VENOM, BATHORY, HELLHAMMER/CELTIC FROST, DESTRUCTION e SODOM.

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Euronymous foi citado entre os cem melhores guitarristas de metal de todos os tempos pela Guitar World. Ele foi classificado na 51º posição.

A DEATHLIKE SILENCE E SUA POLÍTICA

A gravadora independente Deathlike Silence Productions de Euronymous recebeu esse nome de uma canção do SODOM, a música de abertura de seu primeiro álbum de 1986, "Obsessed By Cruelty". Em uma de suas entrevistas, Euronymous descreveu o álbum como "uma obra-prima do Black Metal".

Voluntária ou involuntariamente, Euronymous escolheu um nome ímpar para a sua gravadora. O escritor francês Georges Bataille menciona em sua obra L'expérience intérieure, de 1943, que o "silêncio" é uma palavra que não é uma palavra. É a abolição do som que a palavra é, por isso, "Entre todas as palavras, esta é a mais perversa ou a mais poética: é o símbolo de sua própria morte". Por essa razão, a palavra "deathlike" é o adjetivo perfeito para a palavra "silêncio".

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Euronymous, quando criou a DSP, tinha um sonho de transformá-la numa espécie de organização underground multinacional. Contudo, a inexperiência, a falta de habilidade empreendedora e o seu próprio sonho traíram a sua ambição.

A política da DSP refletia os ideais socialistas de Euronymous. De fato, Euronymous acreditou que a DSP poderia ser uma cooperativa de músicos, uma organização coordenada e controlada por um grupo de músicos de Black Metal tendo como finalidade o benefício mútuo. Tais cooperativas têm suas raízes no socialismo. Deve-se ressaltar que Euronymous foi um membro de um grupo político de esquerda radical chamado Rød Ungdom (juventude vermelha em norueguês. Uma foice e um martelo, símbolos do comunismo, eram desenhados cuidadosamente sob cada correspondência, como parte da assinatura de Euronymous, sublinhando a importância de idéias socialistas para a identidade pessoal de Euronymous.

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As cartas dirigidas a Pocho Metallica e a Morgan Steinmeyer Håkansson do MARDUK mostram claramente como era importante a rede underground internacional para o funcionamento da DSP. Cito alguns trechos de uma das correspondências de Euronymous a Pocho Metallica: "Agora eu tenho um grande pedido para você, se você conhece alguma banda de Death Metal da Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai ou da Venezuela, você poderia, por favor, dizer a eles para escreverem ou darem-me os seus endereços? Eu estou morrendo de vontade de tocar com as pessoas de lá! [...] Você acha que haveria alguma chance de o MAYHEM tocar na Argentina um dia? Eu tenho um sonho do c*** de ir tocar na América do Sul! Nós conseguimos grandes contatos na Colômbia agora, ao final desta carta eu lhe darei um par de endereços! Eu suponho que você se lembra que eu tenho minha própria gravadora (DEATHLIKE SILENCE), bem, eu estou agora procurando por distribuidores pelo mundo inteiro, e eu queria saber se você estava interessado em me ajudar! Todos que venderem (sic) pelo menos 10 cópias (ou preferivelmente mais) de um álbum, receberão uma cópia grátis, + eles podem vendê-la pelo tanto que quiserem. [...] Se você tiver como se juntar a isso, por favor escreva e diga-me quantas cópias você quer para que eu as envie para você quando estiverem prontas. (sic) Você é claro paga quando vendê-las!."

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O que é notável nas transações que as cartas descrevem, é a ausência de lucro. As transações que aparecem sob a assinatura da DSP parecem ser mais uma relação de troca simbólica do que um comércio. Ao contrário das transações mercadológicas, os trabalhos que Euronymous distribuiu com a DSP eram inseparáveis das relações concretas em que foram trocados, eles eram inseparáveis do pacto transferencial que eram selados entre Euronymous e os aficionados por Metal com quem trocou cartas. Os registros da DSP tiveram um valor superior ao seu valor de troca econômico: um valor de troca simbólico. A troca simbólica deve essencialmente ser considerada uma perda.

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Euronymous era muito pobre. Em uma de suas correspondências ele diz: "Nós (referindo-se ao MAYHEM) gostaríamos de ter pelo menos nossas despesas pagas, nós não levaremos coisa alguma, mas se você tiver a possibilidade de nos conseguir algum dinheiro para as apresentações, nós não lhe ocuparemos demasiadamente... é porque estamos realmente quebrados, e é importante conseguir algum dinheiro para nos ajudar a sobreviver. Numa outra carta ele diz: "Nós estamos f*** quebrados, não temos tido recursos para pagar a nós mesmos, nós não temos mesmo o que comer aqui, eu sinto muito!". Numa outra carta ele diz: "A respeito do dinheiro que você mencionou em sua última carta (para Merciless), tenha todo o tempo de que precisar. Mas nós estamos realmente quebrados..." Numa entrevista ele diz: "[...] Estas pessoas obviamente nunca tentaram viver por conta própria e nunca sentiram a dor de não ser capazes de comer porque usam todo o seu dinheiro em tarifas postais. [...] Agora, nós temos sido escravos do underground por 8 anos. Onde nós estamos hoje? Nós não temos nenhum dinheiro, e às vezes nem mesmo o que comer. Nosso equipamento é muito f***, uma m*** ou inexistente. Nós não temos lugares decentes para morar. [...] após 8 anos de existência nós quebramos."

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Se nós relacionarmos a pobreza de Euronymous às 15 horas diárias de trabalho mencionadas na primeira carta, podemos deduzir que (não esquecendo o talento empreendedor de Euronymous) a DSP não era bem sucedida comercialmente. De uma perspectiva econômica, era uma perda de tempo. Entretanto, de uma perspectiva mais ampla, a despesa de energia exigida de 15 horas de trabalho por dia de um objetivo comercialmente impraticável, revela que a DSP era uma "paixão" que não correspondia à necessidade de lucro. Em uma entrevista, Euronymous menciona que queria ser rico. Contudo, eu interpreto essa afirmação, assim como muitas outras, como meramente uma tentativa de chocar as pessoas, transgredindo o humanitário e os ideais da Social-Democracia que dominaram a Noruega naquele período. Portanto, não devemos interpretar isso por um desejo genuíno de acumular capital.

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A QUESTÃO DA SODOMIA

A banda alemã Sodom serviu de influência e conferiu um significado muito importante para o Black Metal. O Sodom foi uma das maiores influências para Euronymous. O Sodom é mencionado em quase todas as entrevistas de Euronymous.

O Sodom é relevante para o MAYHEM também por outra razão: o nome da banda alemã se refere à cidade bíblica que foi destruída por terremoto e fogo enviados por deus (19:24, Gênesis – 25). No pensamento cristão, o pecado para que deus castigasse com a máxima punição aos habitantes de Sodoma foi o coito anal. A sodomia é um termo usado predominantemente para descrever o coito anal entre homens, mas também entre homens e mulheres.

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Euronymous era um defensor veemente do coito anal, definido por "sodomia", porque a considerava como um ato "mau". Pode-se comparar a idéia de Euronymous acerca da sodomia com a do Marquês de Sade. Segundo a análise do escritor francês, Pierre Klossowski, em seus extensos volumes sobre Sade: "Para Sade, o ato da sodomia é o ato supremo da transgressão das normas (que sugere sua manutenção paradoxal; [...] este ato suprime as barreiras específicas entre os sexos e de acordo com Sade constitui o símbolo para todas as perversões. [...] Interpretando moralmente, este ato é como um testemunho do ateísmo e uma declaração de guerra nas normas herdadas do monoteísmo. Sade projeta então a perversão no domínio do pensamento."

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O coito anal, na visão de Euronymous, suprimia as barreiras específicas entre os sexos? Nenhuma das fontes biográficas disponíveis de Euronymous fornece esclarecimentos sobre isso. Não obstante, a homossexualidade ainda é um tabu na cultura do Metal. Euronymous nunca especificou se estava se referindo somente ao coito anal entre homem e mulher.

"Guerra e sodomia" era um tipo de grito de batalha para Euronymous. Este grito de guerra serviu como título de uma gravação de um concerto do MAYHEM em Zeitz, Alemanha, em 2 de novembro de 1990). Euronymous usou "guerra e sodomia" como um grito de batalha em várias entrevistas. Podemos interpretar que o ato de sodomia para Euronymous era uma espécie de suprema transgressão das normas, um símbolo para todas as perversões.

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A REAÇÃO À MORTE DE PER YNGVE OHLIN

Um dos fatores que mais pesam contra Euronymous foi a sua atitude com relação à morte de Dead. Mas será que ele realmente foi tão frio, indiferente, perverso ou mesmo oportunista como foi julgado? Talvez as pesquisas de Elisabeth Kübler-Ross sobre a "Morte" esclareçam a maneira que Euronymous tratou a morte prematura de Dead. Com base em várias pesquisas de campo com pessoas sobre a morte, a Dra. Kübler-Ross identificou cinco estágios em que as pessoas tratam o sofrimento perante a morte, a saber: 1º) negação e isolamento, 2º) raiva, 3º) barganha, 4º) depressão, 5º) aceitação.

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Segundo a teoria da Dra. Kübler-Ross, depois do choque inicial causado pela perda de um ente querido, o estágio seguinte é frequentemente uma negação. Num estágio de negação as pessoas optam pela má-fé, fingindo que nada aconteceu, mantendo-se no auto-engano. A etapa seguinte é geralmente um acesso repentino de raiva que ocorre numa explosão de emoção, onde os sentimentos ocultados – do estágio precedente – são expulsos em uma manifestação enorme de sofrimento. A frase "por que eu?" é repetida inúmeras vezes na consciência. Parte desta raiva é igualmente "por que não você?", descarregando sua raiva naqueles que não são afetados.

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Na carta de Euronymous, a que ele fala sobre a morte de Dead os jovens modistas do Metal são esses que não são afetados. Assim como Necro Butcher ("o baixista sentimental") que (ao contrário de Euronymous) pôde encarar a morte de Dead e assistir ao seu funeral. Como o próprio Necro Butcher sugere no documentário "Once Upon a Time in Norway" e em algumas entrevistas, a distribuição/exibição das fotografias do corpo mutilado de Dead é um ato pleno de raiva, uma maneira de atingir a todos pela morte de Dead. Portanto, podemos interpretar que a recusa convenientemente (e aparentemente) insensível de Euronymous para assistir ao funeral de Dead foi um sintoma de negação e de raiva.

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A frieza estética e a brutalidade de "De Mysteriis Dom Sathanas", o álbum do MAYHEM, foi uma expressão enigmática da raiva por causa do suicídio de Dead. Podemos concluir que ele representa uma espécie de lamento.

AS SUPOSTAS RAZÕES QUE LEVARAM À MORTE DE EURONYMOUS

1. Vikernes alega que matou Euronymous em autodefesa;

2. Acusam Vikernes de ter matado Euronymous por inveja da posição principal da cena de Black Metal norueguesa;

3. Muitos têm alegado que os problemas financeiros entre Euronymous e Vikernes foram o móbil para o assassinato: por causa de uma má administração da DSP, Euronymous não pagou os direitos autorais a Vikernes;

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4. Snorre Thorns alegou a inveja de Bård Faust (ex-EMPEROR) como o móbil para o assassinato. Faust havia assassinado uma pessoa e ganhou desse modo, muito prestígio dentro da cena de Black Metal norueguesa e Vikernes cobiçou esse prestígio;

5. Por causa da disputa por uma garota, entre Vikernes e Euronymous;

6. As convicções comunistas de Euronymous discordavam do fascismo de Vikernes;

7. O assassinato foi um "crime passional" e o resultado de um caso homo-erótico acidificado entre Euronymous e Vikernes;

8. Vikernes atuou exteriorizando um drama mitológico.

A polícia norueguesa considerou inconcludentes e obscuros os motivos do assassinato de Euronymous. Pode ser que algum desses motivos tenha sido de fato o que levou à morte de Euronymous, ou mesmo mais de um deles. Talvez nunca saibamos o real motivo.

O DESEJO INCONSCIENTE

Você ainda assim acredita no comunismo após a queda dele quase pelo mundo inteiro? "– Nós estudamos tanto a política/teoria/economia (Marx, Engels, Lenin, Stalin, Mao, Hoxha). Nós sabemos que o mundo se tornará mais cedo ou mais tarde comunista. Sua economia de mercado e as idéias dos capitalistas serão cedo ou tarde extintas. Talvez em 30 anos, talvez em 300 anos. O problema é que o comunismo é bom para as pessoas, ele é liberdade total. É por isso que nós nunca desejamos que isso aconteça. O mundo pode ir ao inferno. Nós queremos a velha ditadura estalinista. O MURO DE BERLIN LEVANTAR-SE-Á OUTRA VEZ!!"

Denis Hollier, em seus estudos sobre Georges Bataille, diz que de acordo com este último, somente uma sociedade comunista, uma vez que os gostos burgueses e sua concepção artística seriam excluídos, corresponderia melhor do que qualquer outra aos desejos secretos de um escritor como Kafka, quem sempre alimentou um desejo por uma sociedade que lhe negasse o direito de existir.

Nos modelos de sociedades estalinistas e maoístas repressoras que Euronymous elogiava nas entrevistas, não eram mais do que prescrições para o trabalho artístico. O regime totalitário do mesmo modo tentou controlar o estilo de vida dos artistas. "O realismo socialista" foi o único motivo estético aceitável, uma estética que fosse caracterizada por um comunismo militante, por uma visão mundial idealista e pelo otimismo. Foi negado à arte o direito de existir, suplantados pela propaganda do partido. Escritores e artistas que não se adequaram às normas da propaganda do partido, da censura sofrida (por exemplo, em Cambódia) foram condenados à morte.

As sociedades que Euronymous disse admirar negariam ao Black Metal e aos músicos de Black Metal o direito a existir. Não há dúvida de que se Euronymous tivesse feito em uma sociedade totalitária a música que fez com o MAYHEM, ele terminaria os seus dias num manicômio, prisão, gulag, centro de tortura ou num campo de extermínio.

Assim como Kafka, Euronymous inconscientemente teve um desejo perverso e paradoxal de uma sociedade (seja cristã ou estalinista) que lhe negasse o direito de existir. Contudo, Euronymous teve um problema prático: viveu numa social democracia européia, uma sociedade que foi muito pouco suscetível de lhe negar o direito a existir. Grande parte do extremismo de Euronymous pode ser entendida como uma rebelião impossível contra uma social democracia utópica, a consequência de um desejo de provocar esta utopia em negar-lhe o direito de existir. Não é expressando uma admiração por regimes totalitários brutais e repressores, uma transgressão dos valores de uma social democracia? De fato, a crueldade (aparente) com que Euronymous expressava suas idéias é uma forma de contestação.

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Sobre M. Mortifer

Possui graduação e Mestrado em Filosofia, atualmente cursa Doutorado e ensinanesta área. É eclético com relação à música, ouve de música erudita a Black Metal. Seus gêneros preferidos são os seguintes: Post-Punk, Dark Wave, Gothic Rock, Neo-Folk/Neo-Classical, Doom Metal, Death Metal, Gothic Metal, Folk Metal, Black Metal, Progressive Metal e Alternative Metal.
Mais matérias de M. Mortifer.