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Avenged Sevenfold: Metal, luto e catarse, uma história em 3 atos

Resenha - Avenged Sevenfold (Espaço das Américas, São Paulo, 20/03/2014)

Por Fernando Yokota
Postado em 24 de março de 2014

Em sessão extraordinária, os fãs dos californianos do AVENGED SEVENFOLD foram convocados na última quinta-feira, dia 20, para mais uma hora e meia de histeria e adoração. O mesmo Espaço das Américas, que recebera a banda há uma semana, não teve sua capacidade esgotada como na apresentação do dia 12 (o estacionamento ao lado do local foi dos R$ 35 do dia 12 para R$ 20, o que é bem sintomático) todavia recebia um bom público. O vocalista M. Shadows chegou a dizer que se a casa não estava lotada como no outro show, o público parecia estar mais energético (o que se provou bem observado). Pontualmente às 21h30 o potente sistema de som da casa solta os primeiros power chords de Back in Black. Sem surpresas, pois era a já sabida deixa para a entrada da banda no palco.

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Metal

À parte das discussões e bate-bocas apaixonados que a banda gera, fato é que quem lá esteve viu um show de metal cumpridor da liturgia: da especialidade local (os mais que sulamericanos "ôôôs" da plateia nos trechos instrumentais) aos duetos de guitarra, tudo estava lá e competentemente executado. O eventual incômodo da velha guarda pode ser explicado pela, digamos, "veemência" com a qual a banda traz suas influências às composições, notadamente as mais recentes. A ótima música de abertura, Shepherd of Fire, é um bom exemplo. Se o fã de Megadeth não tem como não lembrar de Trust na introdução, o fim remete a Enter Sandman. Entretanto, ninguém parecia muito preocupado em pedir exame de DNA de riff de guitarra enquanto gritava e/ou batia cabeça como se não houvesse amanhã.

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Sobre os presentes, a maioria era bem jovem e os mais velhos muitas vezes eram os pais e mães dos fãs. Mais de um par "filho com camiseta do A7X/pai com camiseta da Harley Davidson" foi avistado no bairro da Barra Funda naquela noite. Quanto a esse aspecto em particular, uma cena flagrada ilustra bem a situação: um pai, que observava o filho gritando e cantando incontinentemente, com claro semblante de orgulho (e camiseta do Iron Maiden). O apelo da banda aos mais jovens e a presença dos pais possibilitaram a criação de uma cumplicidade entre pais e mães e seus respectivos rebentos enquanto o pau comia solto no palco. Era quase palpável um clima de "passagem de bastão" na pista de um Espaço das Américas que testemunhava um interessante fenômeno do A7X como um denominador comum do metal para pais e filhos.

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Sobre as músicas propriamente ditas, por mais que nós, a velha e rabugenta guarda, esperneie e proteste, não há como negar que temas como Hail to the King (de pegada mais clássica) ou as inesperadas Second Heartbeat e Burn It Down (mais características da era do finado Reverendo Sullivan) ou ainda Unholy Confessions tenham seus dois pés no heavy metal. Fica a expectativa para o próximo trabalho de estúdio da banda, visto que é notória uma divisão em duas eras, uma com The Rev e outra sem. A primeira se caracteriza por um som mais agressivo, mais moderno, enquanto a segunda tende a uma homenagem às claras influências da banda. A receita de sucesso passa por temperos clássicos como o Maiden, Guns N’ Roses e o Metallica e até se arrisca com fragrâncias pouco usuais para um prato americano, como por exemplo os duetos de guitarra Weikath/Hansen à moda Helloween. Seria o próximo álbum uma promissora junção dessas duas eras?

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O luto

A atual turnê promove o último álbum, Hail to the King, sexto da banda e segundo após a morte do baterista Jimmy "The Rev" Sullivan. A despeito da euforia da plateia, um certo clima de luto ainda paira no ar. Seja na entrada ao som de Back in Black, no simples e distintobackdrop preto com uma versão gigante do mascote Deathbat, no praticável da bateria que é tão alto que chega a parecer um altar de adoração ou nos vocais pré-gravados na politicamente controversa Critical Acclaim, The Rev é ausência que se faz presente o tempo todo.

Enquanto M. Shadows lutava contra as notas mais altas (o baixo volume de sua voz talvez seja indício de algum cansaço após a maratona de shows), Johnny Christ se ocupa de correr pelo palco e brincar com público e colegas de banda e Arin Ilejay ("o novato que já tem o nome gritado", M. Shadows disse ao ouvir gritos de "Arin, Arin") administra mais que competentemente o espólio de Sullivan – sem contar a contribuição do ídolo de The Rev, Mike Portnoy, que segurou as baquetas no penúltimo álbum, Nightmare –, a dupla de guitarristas Zacky Vengeance e Synyster Gates carrega um semblante um tanto quanto distante, quase nonchalant, ainda que isso nada comprometa na performance.

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Talvez não passe de mera impressão, mas no caso de Gates sente-se um olhar que não raramente está mirando para o fundo da plateia, de uma melancolia que atravessa a empolgação da pista e busca algo que está além do público, da casa de shows ou talvez até deste mundo. M. Shadows pode ser o vocalista, o frontman, mas, escondido atrás de seus intransponíveis óculos de sol, se conecta com o público ao mesmo tempo que mantém uma diplomática distância. Gates, por outro lado, é o guitar hero de uma geração, mas parece sempre vunerável. O olhar por vezes melancólico e distante é, ironicamente, o catalisador da conexão de vários fãs – principalmente os aspirantes a guitarrista – com seu ídolo. Obra do acaso ou não, o único momento solitário de um integrante no palco é seu solo de guitarra.

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Indiscutível observação do luto foi ainda a presença de Fiction (ausente do repertório do dia 12), última composição do baterista, que teria falecido três dias depois de tê-la concluído. A introdução ao som do piano fez i um interessante contraponto no até então pesado repertório. Para os fãs, tão comovente quanto inespearado.

Catarse

Os fãs do AVENGED SEVENFOLD cantam as músicas. Todas elas. E muito alto. Chama a atenção como não faz diferença se a próxima música é um single relativamente recente como Nightmare ou algo dos primórdios como Chapter Four: cada verso é revirado pelo séquito enfurecido formado por moços e moças, presentes em igual número.

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No meio da apresentação, M. Shadows faz questão de lembrar que em São Paulo "todo mundo canta mais alto que eu". Junte a isso a barreira de metal que continha o pessoal do "gargarejo" apanhando em consonância com a caixa de Ilejay, os gritos ensurdecedores das fãs mais exaltadas, bichinhos de pelúcia e camisetas não exatamente oficiais da banda sendo arremessadas ao palco ("vestir a camiseta da própria banda é contra as regras, vestir uma camiseta pirata da sua própria banda é mais contra ainda", brincou M. Shadows em algum momento).

Quando o Espaço das Américas mais parecia uma panela de pressão a ponto de explodir, o crescendo se transforma em catarse justamente na última música. Na visita que fizeram em 2011, a grande frustração dos fanáticos foi a ausência da teatral A Little Piece of Heaven. Desta vez a banda ouviu e atendeu os anseios da plateia encerrando em grande estilo a excelente apresentação e não dando desculpas para reclamações como ocorrera três anos antes.

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A um velho headbanger turrão como este que lhes relata fica um sentimento contraditório: ao mesmo tempo em que vejo os riffs da minha juventude sendo surrupiados, esses mesmos riffs são entregues à molecada que hoje tem a idade que eu tinha enquanto decidia qual seria minha banda favorita para o resto da vida. Usurpadores baratos de riffs ou um Robin Hood do metal da Geração Z? É a velha questão do copo meio vazio ou meio cheio e fica para a história dar o veredito, mas na primeira grande troca da guarda do heavy metal que testemunharemos nos próximos anos, o AVENGED SEVENFOLD já é sério candidato pois se ainda não são reis, o séquito é grande, jovem e leal.

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(Com os agradecimentos à Midiorama pelo credenciamento)

Avenged Sevenfold é:
M. Shadows: voz
Synyster Gates: guitarra
Zacky Vengeance: guitarra
Johnny Christ: contrabaixo
Arin Ilejay: bateria

Setlist:
Shepherd of Fire
Critical Acclaim
Welcome to the Family
Hail to the King
Chapter Four
Buried Alive
Fiction
Nightmare
Burn It Down / solo de guitarra de Synyster Gates
Afterlife
Second Heartbeat
Bat Country

Unholy Confessions
A Little Piece of Heaven

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