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Público brasileiro: Por que mudou tanto?

Por Marcello Cohen
Fonte: Blog Coração de Metal
Postado em 20 de março de 2016

Não é de hoje que o perfil das grandes apresentações de Rock no Brasil mudou consideravelmente. Recentemente tive a oportunidade de assistir ao show dos Rolling Stones no Rio e em São Paulo (dia 27), e pude comparar como as coisas foram em ambas as praças. Em relação à banda, foram duas apresentações impecáveis e maravilhosas. O setlist, na minha avaliação , foi ligeiramente melhor na capital paulista. Em relação ao público - motivo desse texto - uma triste realidade. Vamos traçar um pouco o seu perfil a partir de agora.

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Com média de um show por ano nos anos 80, foi na década seguinte que os brasileiros se acostumaram a ver de perto os maiores shows possíveis no mercado. Durante os anos 90, e inicio dos 2000, o público brasileiro era um espetáculo a parte. Quem não teve a oportunidade de viver isso de perto (meu caso até 2004) pode ter uma noção acessando o youtube e vendo as apresentações com imagens minimamente legíveis. Podemos citar por exemplo o Skid Row em 92, Rolling Stones em 95, Iron Maiden no Rock in Rio 3, Rush em 2002, Robert Plant com Jimmy Page em 96, Pearl Jam em 2005 e Alice in Chains em 93, isso só para citar alguns que consigo me lembrar no momento. As imagens impressionam. Em 2010 ainda era possível ver algo minimamente parecido, como o que vi no Metallica. De lá para cá, a coisa mudou absurdamente. Muita coisa colaborou para tal cenário.

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A criação da maldita Pista Premium - que começou a aparecer com força a partir de 2007 no show do Police - foi o começo do fim. O velho pistão livre, onde a frente do palco era reservada ao fã mais fanático que chegava antes, estava dividida. Na frente um valor absurdo, e para o fundo algo mais barato e igualmente mais distante. A banalização da meia-entrada - desculpa dada pela organização - auxiliou no aumento gradativo do preço, chegando nos absurdos 400 e tantos que são cobrados hoje na pista mais barata. Um pensamento aparentemente lógico - e igualmente absurdo - de que taxando por cima filtra o público, deixando o mesmo mais fanático (já que a loucura é tamanha que se paga o que não tem) já se provou a morte dos shows em estádios, ao menos falando da falta de atenção do público para o que interessa. Os públicos são os mesmos, mas o estilo dele mudou radicalmente. Aquele fã fiel que respira a banda e não dispõe da fortuna cobrada no ingresso simplesmente não pode mais ver sua banda preferida. No seu lugar, alguns que amam igualmente a banda e tem mais grana conseguem ir - até pagando os absurdos 900 para ver na premium, mas o problema está na outra parcela, e sobre a qual eu queria realmente falar.

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No mercado musical em geral, a coisa mudou muito nesse tempo todo. Se um tempo atrás rolava reunião de amigos nas lojas de discos e o pessoal comprava os principais trabalhos das bandas para ouvi-los completos, hoje a história mudou. Não falo só pela venda de Cd em si, mas como muitos se limitam tendo nas mão todas as bandas do mundo de graça com apenas um clique. Quando era mais difícil, maior era o interesse por coisas novas. Vejo hoje apenas "fãs" escutando as The Trooper's e Enter Sandman's da vida. O Iron Maiden ta chegando ai, e já até imagino o cenário. Uma certa cantoria em Fear of the Dark e milhares de estatuas em Powerslave. Isso tudo também influi no show, obviamente, mas o pior são os "baladeiros".

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A troca que rolou com os preços cada vez mais salgados é bem simples. Sai o verdadeiro fã da banda sem tanta grana assim, entra o playboy com 400 contos sobrando. Esse fica de costas, fala alto, tira foto e filma o show inteiro. A músisa em sí? Isso é o que menos importa, é apenas a trilha sonora para a balada. Qualquer frequentador de shows grandes certamente já se deparou com figuras assim. Eu sempre me lembro do Paul McCartney em 2014 (450 reais a pista comum, setor onde eu estava). Enquanto o Beatle tocava simplesmente BLACKBIRD, maravilhoso clássico da banda, uma turma do meu lado falava abobrinhas como se estivesse andando na rua de bobeira. O som não estava lá essas coisas, e para completar, a música é naquele esquema voz/violão. O saldo foi o estrago de uma das melhores partes do show.

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Num patamar geral, o que vemos é um público muito mais apático do que aquele de 10 anos atrás em 90% dos shows. Nos últimos quatro anos, só duas plateias de arena me impressionaram. Sem entrar nos méritos da banda em si, os fãs de Black Sabbath e System of a Down corresponderam de acordo com o show, e completaram o espetáculo. Fora isso, o geral é realmente muito fraco. O que vi nos dois shows dos Stones foi um público absurdamente apático, e o pior, a banda notou. Jagger citou numa entrevista para o Superpop o que achou dos públicos, e suas diferenças a cada noite. Segundo ele, no Rio estava tudo mais "tranquilo", diferente do fanatismo que uruguaios e argentinos mostraram - esses sim, aconteça o que acontecer, estão eternamente alucinados. Já São Paulo, era um mar de telefones. Deu para entender né?

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Ao que parece, enquanto o preço estiver assim, e a mentalidade for essa de pouco interesse na música, a tendência é que a coisa siga como está. Aquele público lunático que vemos em vídeos citados acima infelizmente só vão existir lá. Quer ver ele na prática? Vá em shows de Metal para no máximo 4 mil pessoas. Bandas dessa linha ainda atraem verdadeiros fãs, todos no lugar realmente amam elas, já que são coisas de difícil acesso - afastando curiosos festeiros. Eu não fico preso a nenhum dos mundos, adoro bandas que tocam num estádio para 70 mil pessoas e num bar para 70. O que noto em ambos é uma absurda diferença em relação a paixão dos fãs. Muito provavelmente quem segue a mesma linha deve pensar algo parecido com isso. Será que um dia nós voltaremos a ser o que éramos? Só o tempo vai dizer...

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Sobre Marcello Cohen

Carioca de nascimento, Marcello é apaixonado por Rock desde seus 12 anos, quando aprendeu a gostar de Beatles, Rolling Stones, Queen, AC/DC, Metallica, Iron Maiden e Black Sabbath, bandas que até hoje são as suas preferidas. Amante de bandas de variados estilos de Heavy Metal, Hard Rock e Classic Rock, escreve no blog Coração de Metal, nome que rende homenagem ao pioneiro Stress.
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