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Heavy Metal: o que é ser um fã aos 50 anos

Por Júlio Verdi
Fonte: Rock Opinion
Postado em 02 de julho de 2014

O heavy metal chegou ao Brasil no começo dos anos 1980. Muita gente que ouvia rock clássico de Beatles, Stones, Led Zeppelin, The Who, Floyd, Deep Purple e Black Sabbath (o mais pesado da turma) começava a ter contato com uma música pesada, rápida e melódica, em nomes como Iron Maiden, Judas Priest, Saxon, Motorhead, Accept, Mercyful Fate, Venom. Jovens que, a partir de cerca de 15 anos, começava a enxergar beleza sonora em música mais agressiva e impactante. O visual, que mesclava cabelos compridos, calça jeans surrada, camisetas pretas e braceletes, chocava e impressionava uma sociedade até então com resquícios do conservadorismo de décadas atrás.

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Esses mesmos jovens passaram pela década de 1980, admirando outros estilos ainda mais enérgicos que surgiam dentro da família heavy metal, como Thrash Metal, Death Metal, Doom Metal. Nomes como Metallica, Slayer, Exodus, Kreator, Destruction, Morbid Angel (sem citar nomes mais "cult" dentro do undergroud) conquistaram a afeição de boa parte dos amantes de heavy metal na segunda metade daquela década. Bandas agressivas se formavam aos cântaros e várias partes do país. O advento do primeiro Rock in Rio em 1985, com nomes como Ozzy, AC/DC, Iron Maiden, Scorpions e Whitesnake (em que pese algumas delas praticarem hard-rock - tudo era considerado "rock pesado") popularizou ainda mais no Brasil a aceitação e a procura pelo heavy metal. E nos anos 1990 ainda surgiram outros sub-estilos como o metal melódico e o prog-metal, que continuaram a angariar apreciadores mundo afora.

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Pois bem. Aqueles adolescentes entre 15 e 18 anos, que nos anos 1980 se entregaram à idolatria da música pesada estão hoje, em 2014, numa faixa de idade entre 45 e 50 anos. Ou seja, o tempo passou, lá se foram mais 30 anos. Quem vive o universo do rock sabe que muita gente apenas "passa" pelo estilo. Quando novas fases da vida chegam, ele fica no passado. Mas considerando que muitos daqueles moleques tiverem a paixão pela música metal enraizada em suas veias, é bem compreensível que deverão consumi-la até o último estágio de suas velhices.

É nesse cenário que eu, e muita gente que pertenceu aquele grupo, se encontra hoje. Vieram as faculdades, as namoradas, os casamentos, os filhos, os empregos, os negócios, as dificuldades, os crescimentos sociais e econômicos. Mas o amor verdadeiro pelo heavy metal continuou acompanhando nosso dia-a-dia. Continuamos vendo shows, conhecendo novas bandas, acompanhando notícias, mudanças, declínios e retomadas de grandes nomes. É uma cultura, envolta num universo de informação, que com a massificação da internet tornou-se ainda mais intensa.

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De qualquer forma, somo pessoas iguais a quaisquer outras. Trabalhamos, construímos famílias, convivemos socialmente com pessoas de diferentes gostos e níveis culturais. Mas, quando tiramos um tempo para apreciarmos músicas, sempre revisitamos o nosso bom e (hoje) velho heavy metal. Muita gente que lê isso sabe que talvez, seus pais, suas esposas, seus filhos não entendem como podemos ter tanto prazer ao ouvir uma música tão agressiva e inacessível a ouvidos externos. Não entendem como é ver maravilha em riffs tão rápidos, baterias tão forte, vocalizações tão altas e letras tão transgressoras. Talvez nunca entenderão. Mas isso não nos faz pessoas melhores, piores, mais ou menos competentes, atenciosas, amorosas, sem foco nem objetivos na vida.

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Evidentemente que já passou por nossas cabeças sermos discriminados, sermos preteridos, não termos credibilidade no quesito "cidadão de moral e idoneidade". Mas não há problemas. O problema está em quem nos enxerga de forma diferente. Vamos considerar: Ozzy Osbourne tem 65 anos, Rob Halford tem 63, Steve Harris tem 58, James Hetfield tem 51. No Brasil, gente de bandas como Sepultura, Korzus, Dr. Sin, Taurus, Dorsal Atlântica, Ratos de Porão, tem mais de 40 anos e estão por aí fazendo música.

Pessoas envolvidas na produção de música (bandas, estúdios, lojas, shows) vivem num universo marginal no mercado da música no país, produzindo-a muitas vezes de forma muito mais ideológica do que mercadológica. Mas eu estou falando do consumidor de heavy metal, que tem suas prioridades profissionais bem longe do universo musical. Pessoas que se apegam na música metal como sendo seu refúgio, seu divã, sua válvula de escape em relação aos problemas de incertezas de nosso cotidiano.

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Seremos talvez sempre incompreendidos, não estamos no âmago da produção musical e levamos nossa vida junto ao padrão social comum de todo mundo, como se suportássemos as condições de sobrevivência social e econômica pra termos nossas boas horas juntos a nossos CDs e DVDs.

Pelo menos onde vivo, quando conversamos com gente de 60 pra cima, difícil encontrar quem conhece a fundo a cultura do rock dos 1960. Ouvir Beatles é fácil. Difícil e conhecer músicas como "Blackbird" ou "Octopus's Garden", e difícil é ouvir desses mesmo caras que conhecem os discos "Band of the Run" ou "Venus and Mars", do Wings. Agora, eu acho meio difícil que daqui a 20 anos eu não saiba de cor a discografia do Iron Maiden, por exemplo. Essa é a realidade da primeira geração de pessoas no Brasil que se apaixonaram por heavy metal. E quem realmente gosta disso, vai gostar ao 60,70,80, 90.

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Sobre Júlio Verdi

Júlio Verdi, 45 anos, consome rock desde 1981. Já manteve coluna de rock em jornal até 1996, com diversas entrevistas e resenhas. Mantém blogs sobre rock (Ready to Rock e Rock Opinion) e colabora com alguns sites. Em 2013 lançou o livro ¨A HISTÓRIA DO ROCK DE RIO PRETO¨, capa dura, 856 páginas, trazendo 50 de história do estilo na cidade de São José do Rio Preto/SP, com centenas de fotos, mais de 250 bandas, estúdios, bares, lojas, festivais e muitos outros eventos. Curte rock de todas as tendências, em especial heavy metal e thrash metal.
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