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The Voice: antítese dos movimentos musicais de outrora

Por Flávio Siqueira
Postado em 04 de janeiro de 2014

Pode parecer uma teoria furada, infundada ou um devaneio qualquer. Mas eu penso assim: muitos músicos (ou melhor, falsos aspirantes a músicos) penderam para o individualismo. Indivíduos não fazem movimentos, sejam sociais, culturais e blá blá blá. Grupos de indivíduos sim, fazem movimentos — o que é bem lógico. Foi assim com a Tropicália, a bossa nova, o surgimento do blues e do jazz. Foi-se o tempo em que poderíamos imaginar jovens de uma chuvosa Seattle ensaiando nas garagens; naquela Seattle onde fulano de tal banda conhecia ciclano daquela outra banda, criavam um círculo de interesse musical que, consequentemente, culminava em amizade — ou não — iniciando um movimento cultural em prol da música.

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Mas nem todo movimento musical é em prol da música. Querem um exemplo? O The Voice Brasil. Ou melhor, The Voice seja lá de que país for. Bom, esse programinha não deixa de ser um "movimento", pois há vários envolvidos no mesmo âmbito, que é a música. Certo, talvez seja um tanto forçado chamar o The Voice de "movimento" — na realidade, prefiro chamar de palhaçada. Inegável que alguns participantes desse programa possuem talento. Já outros, mais ego que talento. O fato é: The Voice, de certo modo, foi produzido para atender as massas e conservar o individualismo.

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Há um consenso velado por parte dos produtores e jurados de "fabricar" um ídolo. Os ídolos de outrora não precisavam dessa babação midiática que existe para se destacarem no meio musical. E o melhor: pareciam caminhar juntos, sempre em prol da música. Apesar dos carrões na garagem, Eric Clapton não esqueceu que possuía raízes na modesta Hurtwood, não esqueceu que o blues corria em suas veias e não esqueceu que o blues lhe deu dinheiro, mas também lhe deu sentido à vida angustiante que possuía — drogas, paixão platônica, tentativa de suicídio. E assim, criou uma discografia invejável.

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Exemplos não faltam. Mas hoje em dia, basta a aprovação de jurados medíocres, um punhado de grana no banco e, TCHARAM, o músico começa a se afundar. Alcança o ostracismo com uma velocidade de um guepardo. Em contrapartida, antigamente — pareço um roqueiro velho xiita, eu sei, mas só tenho 26 anos e não nego, sou xiita mesmo — os músicos se uniam a fim de concretizar movimentos musicais. O individualismo, o ego e a futilidade afundam músicos que poderiam ter uma carreira promissora.

Afundam e o The Voice contribui para isso: o programa oferece uma mãozinha para lhe tirar do rio repleto de piranhas e em seguida te empurra ao rio oferecendo sua carcaça às piranhas — por piranhas, leia-se mídia e a ovação de um público infiel, consumista e sem conhecimento do que realmente é música. Mal sabem que música não é competição: é feeling e um bocado de ralação e perseverança por parte do músico e um mínimo de discernimento por parte do ouvinte.

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Sobre Flávio Siqueira

Nascido e criado em Brasília, aos 14 anos pegou emprestado um "The Best of" do Pink Floyd. O choque foi tão grande que resolveu aprender guitarra somente para executar o solo de "Time". De lá pra cá vem estudando guitarra e apreciando bandas de stoner, grunge e rock progressivo, além de muito blues e algumas coisas de jazz e música erudita. Atualmente toca guitarra numa banda que mescla influências de stoner, grunge e uma pitada de rock psicodélico.
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