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O contexto social da música pop hoje e há 50 anos

Por Victor Oliveira Sartório
Postado em 30 de julho de 2012

Há exatos 50 anos, a revista norte-americana Billboard, especializada no ramo musical – com sua primeira edição datada de 1894 – fazia mais uma de suas listas das músicas que mais tocaram naquele ano: era, assim como ainda acontece hoje, a avaliação anual da música pop. Era o ano de 1962, o ano em que Mick Jagger, Keith Richards e Dick Taylor conheceram Brian Jones no clássico clube londrino de blues, Ealing Club, nascendo os Rolling Stones; é o ano no qual surgiu os Beach Boys; no qual os Beatles, que posteriormente demitiram Pete Best e o substituiram pelo baterista Ringo Starr, foram rejeitados pela Decca Records, que preferiu assinar com o grupo Brian Poole and the Tremeloes; é o ano em que morreu a sex symbol Marylin Monroe e em que nasceu o sex symbol dos anos 80, Axl Rose. Neste mesmo ano, a maior revista de música pop da história fazia uma lista dos maiores hits. Uma lista na qual continha o já veterano "Rei do Rock", aclamado naquele mesmo ano por estrelar em mais três filmes e por ocupar as paradas musicais com sucessos como "Good Luck Charm" e "Can't Help Falling in Love".

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A lista que Elvis Presley não encabeçava, uma vez que já tinha tido seu apogeu nos anos 50, era predominantemente ocupada pelos filhos da música negra, aclamados naquele ano em que Martin Luther King Jr., por excursionar pelos Estados Unidos com palestras e campanhas em prol dos direitos civis e da igualdade racial, escolheu a sentença de 45 dias de prisão a ter que pagar 178 dólares de fiança, para, no ano seguinte, liderar a famosa Marcha à Washington de 1963, diretamente influente para a promulgação do Voting Rights Act de 65 e o Civil Rights Act de 64. Este contexto revolucionário não só refletiu para que os já comentados amigos de infância, Jagger e Richards, almejassem montar um grupo de R&B, entitulado com uma canção do Pai do Blues de Chicago, Muddy Water, mas também refletiu diretamente na lista da Billboard, que foi dominada pelo soul e R&B de Sam Cooke e de Ray Charles, com "Twistin´ the Night Away" e "I Can´t Stop Loving You", respectivamente. O jazz de Acker Bilk, "Stranger on the Shore" foi, talvez, o maior hit daquele ano, e, representando o jazz que mais tocou na década anterior, estava Nat King Cole, que morreria precocemente dentro de três anos, com 45 anos, vítima de câncer no pulmão, decorrente de seus cigarros preferidos, Kool mentolados.

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Enquanto isso, na Inglaterra – país que dentro de poucos anos passaria a dominar, por anos, as paradas com quatro garotos de Liverpool –, Neil Christian, com sua banda, The Crusaders, gravava o single "'The Road to Love'/'The Big Beat Drum'", contando com a guitarra de um garoto de apenas 18 anos chamado Jimmy Page que, posteriormente integraria o supergrupo The Yardbirds, juntamente com outros jovens prodigíos da guitarra, Eric Clapton e Jeff Beck. Depois, atingiria o ápice de sua carreira com o Led Zeppelin, conjunto no qual pertencia Robert Plant que, neste mesmo ano de 1962, com apenas 14 anos, já tentava imitar o vocal do mesmo Elvis Presley que tocava nas rádios, da mesma forma que fazia o jovem Jim Morrison, com 19 anos, calouro na Florida State University.

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Era o ano de lançamento do primeiro disco de um rapaz de 21 anos de voz engraçada chamado Bob Dylan. Uns anos mais tarde, quando, nas palavras ditas até hoje na introdução de seus concertos, este garoto "forçasse o folk a ir para a cama com o rock", ele seria reconhecido como um dos maiores ícones pop daquele século. Sua fama, seu ápice e sua introdução no pop seria promovido pela mesma geração revolucionária norte-americana que, não suportando os abusos de seu governo que matava seus filhos para alimentar uma guerra sem sentido, foi às ruas em busca de seus direitos. Foi reflexo deste momento de transição política e social que o mesmo Dylan compôs seu maior clássico, "Like a Rolling Stone", hit pop que ocupou o segundo lugar da Billboard em 1965 e que, mais do que qualquer artista da época, revelou e transmitiu, em sua composição, o que a sociedade sessentista vivenciava.

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Ano de 2012, a lista da Billboard mudou. A atual lista desta vez é encabeçada pela jovem Carly Rae Jepsen – 3º lugar na 5ª temporada do programa de TV Canadian Idol –, com seu sucesso "Call me Maybe", primeiro lugar nos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Diferentemente da música pop que há 50 anos atrás era refletida pelos movimentos civis norte-americanos, a música pop de hoje é refletida pelos reality shows e pelos programas de televisão; aquele pop que, há 50 anos atrás, era produzido e alimentado pelos filhos do pós-guerra, hoje é cria dos filhos do pós-guerra fria – uma geração caracterizada pela distância dos valores sociais e pela deturpação moral que só a atual sociedade de consumo consegue promover.

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Sobre Victor Oliveira Sartório

Fã de bom som, escreve toda sexta-feira para sua coluna no jornal capixaba "Folha do Caparaó", a respeito de música, cultura e sociedade.
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