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A música rock vive forte, saudável e duradoura

Por Júlio Verdi
Postado em 23 de novembro de 2008

Algumas coisas realmente são para sempre. Chegando aos quarenta eu percebo que muitas das coisas as quais nos apegamos são coisas que vão nos acompanhar até entrarmos no barquinho do Caronte.

Comecei a ouvir rock and roll lá no longínquo 1982. Nessa época os garotos faziam duas coisas: jogavam bola, iam na escola, jogavam bola e quando tinham um tempo livre, jogavam bola. Hoje essa molecada pré-adolescente sabe operar equipamentos eletrônicos melhor que adultos, vivem em shoppings e cada vez mais cedo iniciam sua vida amorosa.

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Naquela época, moleque era moleque mesmo. Vivia na rua, papagaio, bola e mais bola. Imagina o que era musicalmente o Brasil nessa época onde o governo ainda era militar, mesmo com as anistias tão em voga. Imagina agora o interior de São Paulo. A predominância da música sertaneja era latente. Como então os garotos da época poderiam ter contato com essa maravilhosa música agressiva, visto que quase nada chegava da mídia, e o que chegava era mal visto pelos pais e pela sociedade em geral. Lembro de ter visto um vizinho que trajava uma camiseta do Led Zeppelin, coisa que eu nem imaginava do que se tratava. Mesmo assim lembro de ter ouvido de um tio ou alguém mais velho – não lembro ao certo – "isso é coisa de maconheiro, bandido, vagabundo".

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Dá pra se ter uma idéia das dificuldades que enfrentaria um moleque da época pra começar a inserir na cultura rocker. Mas, como eu sempre falo, quando se quer de verdade, se faz de tudo pra conseguir. E, em algum programa televiso da época um vídeo-clip de uma "bandinha" – já gigantesca na época, Queen, mudaria para sempre o que eu viria a consumir de música nas próximas décadas e porque não dizer, mudaria sim minha vida.

O interesse pelo rock caiu sobre mim como uma hecatombe nuclear que assolasse o planeta. Tal impacto teria forte influência sobre o que seria minha personalidade adulta. DE família humilde, praticamente sem recursos pra nada, eu tive que praticamente arrancar do mundo as condições básicas e mínimas pra quem quer começar a entender a música rock.

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Nos 80, não existia internet, nem MP3, as rádios eram AM, revistas como SomTrês raramente apresentam alguma coisa efetivamente rock and roll, e quando faziam eram matérias sobre fatos do passado. Coisas novas raramente davam as caras. Nunca se imaginaria algo sobre Rock in Rio ou qualquer show relevante no país.

Até hoje lembro de uma afirmação de um tio meu (meu padrinho) que dizia (ao ver meu interesse pelo rock): "Isso passa. Daqui há alguns anos você vai estar ouvindo Chitãozinho e Xororó". Alguns anos atrás tive um dos maiores prazeres da vida, quando este mesmo tio chegou em mim e disse: "É rapaz, você realmente gosta disso, héin?", num misto de respeito ao estilo e a minha personalidade. Coisas de um senhor muito inteligente que ele realmente é.

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E durante toda essa passagem da adoslecência para a vida adulta enfrentei toda a barra que quase todo mundo de ser pobre e estar a mercê dos perigos da vida. Aprender a se inserir na sociedade, a crescer profissionalmente e como pessoa. Aprender a cometer excessos com responsabilidade. Viver honestamente mas não ingenuamente. E posso dizer que a aderência à música rock com certeza teve impacto fundamental para que minha personalidade enfrentasse todas essas incertezas e as eternas dúvidas quanto as escolhas que a vida lhe apresenta. Ela me fez forte, me fez rir quando a coisa tava feia. Me fez gritar de ódio do mundo, me fez desabafar, me emocionar com as melodias que só existem nela. E mesmo assim, enfrentando o descrédito e preconceito das pessoas que viviam e vivem a minha volta.

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E durante essas décadas todas meu conhecimento a cerca do rock foi cada vez crescendo mais. E para quem conhece e vive esse universo, sabe que esse aprendizado nunca pára. Os estilos, dos mais primordiais aos mais agressivos. Do blues ao death metal, centenas de bandas foram alimentando meus dias, noites. Dezenas de shows me fizeram conhecer essa doce, áspera, prazeirosa, inteligente e absolutamente única maneira de ser viver sobre a estigma de um estilo que tantos odeiam e criticam. Como dizia AC/DC, "It´s A Long Way To The Top" (If you wanna Rock and Roll).

Mas estórias e dificuldades a parte, o intuito deste artigo foi constatar que a música rock vive dentro de mim cada vez mais forte. O interesse que tenho por ela realmente nunca vai deixar de existir. E vou lhes contar porque: Metallica. Essa banda maravilhosa, que é reconhecida com justiça. como o responsável por mostrar ao mundo que era possível lá em 1983, desenvolver uma música agressiva, técnica e bem produzida ao mesmo tempo. Velocidade e melodia em serviço do prazer musical. Antes que alguém possa pensar que sou viciado em qualquer coisa que o Metallica faz, já vou avisando que existem umas 7 ou 8 bandas que amo mais que ela. Mas o que aconteceu esse ano, quando do lançamento de "Death Magnetic", fez reforçar essa certeza do amor pela música rock que motiva essas palavras. Até 1988 o Metallica lançou discos que pra mim foram impecáveis obras do rock, quase unanimidade dentre os apreciadores da música pesada da época. Fui um dos que se decepcionou com o "Black Álbum", de 1991. Acho até um bom disco. Apenas um "bom disco". Mas para quem estava "mal acostumado" com a perfeição, o bom se torna insuficiente.

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Aí vieram toda a estória da indústria da música e os milhões de dólares que afogaram a banda numa escassez de bons discos e a pressão por lançar algo de qualidade concebeu algo que ninguém poderia imaginar lá em 1986: "St. Anger", um disco que também foi unanimidade entre os fãs – quase todos concordam que foi um erro. Um disco mal produzido, sem identidade, sem melodia, sem pegada. Parecia que era a pá de cal na carreira dos Four Horsemen. Mas eis que 2008 chegou e com ele a expectativa entre os fãs do mundo todo sobre o que poderia ser "Death Magnetic". E ele veio como uma aspirina após a ressaca de "St. Anger". Eu pessoalmente tinha em mente que nada mais seria parecido com um "Master of Puppets", porque só existe um "Máster of Puppets" e sempre vai existir. Mas o que o mundo ouviu em "Death Magnetic" é o que mais pode se comparar a uma redenção de Hetfield e cia. Uma volta (sim, volta) ao encontro da música rápida e bem composta com a melodia e a pegada perdidas em algum lugar da década de oitenta.

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Descrições e opiniões à parte, "Death Magnetic" devolveu a mim meu prazer de curtir Metallica que parecia adormecido. A partir disso, corri novamente atrás de shows antigos, com aquele apetite de garoto em querer conhecer tudo como uma fome leonina. Assistindo a banda no Rock Am Ring da Alemanha, que prazer maravilhoso ouvir novamente clássicos como "Creeping Death", "Battery", "No Remorse" ou "Ride the Lightining", e como é bom ouvir essa música pesada. Fui recentemente a show cover da banda e como é bom agitar como um garoto sobre essa massa sônica e sentir a força dessas composições. Se com 40 anos, essa energia, esse desejo de metal ainda soa forte aqui dentro, as minhas palavras iniciais deste artigo devem ressoar com mais força: algumas coisas são para sempre mesmo. E meu amor pelo rock também. E, similarmente, "velinhos" como Whitesnake, Scorpions, Motorhead, Judas, Maiden, AC/DC e em breve tenho certeza Kiss, estão aí fazendo discos novos e maravilhosos, como eles fizeram no passado e desenvolveram em mim essa paixão eterna pela música rock.

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Sobre Júlio Verdi

Júlio Verdi, 45 anos, consome rock desde 1981. Já manteve coluna de rock em jornal até 1996, com diversas entrevistas e resenhas. Mantém blogs sobre rock (Ready to Rock e Rock Opinion) e colabora com alguns sites. Em 2013 lançou o livro ¨A HISTÓRIA DO ROCK DE RIO PRETO¨, capa dura, 856 páginas, trazendo 50 de história do estilo na cidade de São José do Rio Preto/SP, com centenas de fotos, mais de 250 bandas, estúdios, bares, lojas, festivais e muitos outros eventos. Curte rock de todas as tendências, em especial heavy metal e thrash metal.
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