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Psychotic Eyes: Dimitri Brandi fala sobre identidades digitais

Por Eliton Tomasi
Fonte: SOM DO DARMA
Postado em 08 de novembro de 2013

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Rock é atitude! Disso ninguém duvida. Por que então não usar esse espaço democrático para discutirmos assuntos mais importantes que dizem respeito à nossa vida e do próximo?

Queremos propor aqui um canal onde músicos de destaque da cena nacional possam expor seus pontos de vista sobre determinados assuntos, sejam de cunho social, político, histórico, psicológico ou filosófico.

Os recentes acontecimentos do mundo serão aqui comentados por músicos que levam a sério a verdadeira atitude rock ‘n’ roll. Sempre de forma breve e objetiva.

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No primeiro texto publicado dessa série, tivemos Manu Joker, vocalista do UGANGA, falando um pouco sobre as recentes manifestações ocorridas no Brasil e o atual cenário político do país. A matéria foi publicada em Outubro.

Uganga: Manu Joker fala sobre política e manifestações

Neste mês, nosso convidado é Dimitri Brandi, vocalista e guitarrista da banda de progressive death metal PSYCHOTIC EYES.

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Nosso papo com Dimitri foi bastante interessante. Tivemos a oportunidade de debater sobre o universo virtual, redes sociais e novas identidades digitais que se formam nos dias de hoje.

Vivemos atualmente uma espécie de ‘epidemia bipolar cibernética’. As pessoas no mundo todo parecem ter duas identidades, vivem em dois mundos, o mundo real e o virtual, das redes sociais. Estamos mesmo falando de uma doença ou de uma cura, se considerarmos o mundo virtual como uma espécie de refúgio onde os problemas do dia-a-dia não pesam tanto?

Dimitri Brandi - Não acho que sejam duas identidades. O perfil virtual na rede social é continuação da pessoa real. Acontece que interpretamos papéis o tempo todo. A própria palavra "pessoa" vem de "persona", que quer dizer máscara ("I Only Smile Behind the Mask", já dizíamos no último álbum). Realmente as pessoas vivem em dois mundos, mas a separação entre esses dois mundos é cada vez mais difícil de fazer, assim como hoje é impossível diferenciar o dinheiro real (papel moeda) do virtual (cartão de crédito). O crescimento do "mundo virtual" trouxe várias coisas boas, mas diminui o espaço de coisas muito importantes no mundo real, coisas como olhares, toques de pele, abraços, tudo isso é muito mais valioso e gratificante do que um milhão de "curtir". Vejo bandas se gabando de coisas como "chegamos a um milhão de curtir", mas pergunto quantas pessoas essas bandas conseguiram emocionar com a música? Isso é muito mais importante! Se eu não emocionar ninguém, não importa quantas curtidas eu ganhe, não terei significado absolutamente nada como artista. Da mesma forma que, como ser humano, ocorreria se minha vida não tem amor, realizações, conquistas, crescimento.

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Para muitas pessoas, a sua identidade virtual acaba tendo mais impacto, mais importância do que sua vida real, chegando a passar a maior parte do tempo de seu dia conectado na rede do que interagindo com o mundo físico. É interessante observar pessoas em lugares públicos interagindo através do celular, não mais através de olhares. Estamos migrando para um mundo paralelo onde as pessoas podem ser, falar e fazer o que quiserem ou estamos transformando a terra num hospício?

Dimitri - O problema é que o padrão se tornou este, de interação entre máquinas, por meio das pessoas. Nesse novo mundo, quem não está conectado é que é louco. O hospício vai ser das pessoas "off-line". Com certeza há um exagero, é grotesco ver pessoas no bar, rodeando uma mesa, todas em silêncio escrevendo no celular. Que os deuses da tendinite amaldiçoem toda essa geração (risos). Isso tem um reflexo no mundo da música, que são os fãs de internet, que baixam toda a discografia, assistem tudo pelo Youtube, curtem milhões de páginas no Facebook mas nunca foram num show. Isso está matando a cena underground. Se continuar assim, daqui há 40 anos a música mais nova que as pessoas vão ouvir são as que ouvimos hoje, e viveremos num mundo povoado de bandas covers de "classic rock" do século XX, em que os artistas autorais serão caçados pelos Morlocks subterrâneos, ou então o Ministério do Amor vai censurar as novas gravações, porque não será autorizado inovar em nenhum campo, a verdade será a única estabelecida nas escrituras sagradas da indústria cultural. Acho que com esta resposta acabo de escrever meu pedido para entrar nesse hospício que você mencionou. Tem vaga?

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Observamos muitos jovens tão habituados ao mundo virtual e a seus costumes, que acabam tendo um comportamento questionável no mundo real, físico. Esses jovens (e alguns adultos também) se comunicam e interagem com facilidade e desprendimento no mundo virtual, enquanto que são inibidas e reprimidas no mundo real físico. Qual a melhor forma de se desenvolver uma identidade integral e saudável entre esse dois mundos?

Dimitri - Acho que essas pessoas são doentes nas duas identidades. Se ele é valentão somente no mundo virtual, é porque é um covarde no mundo real. Se ele é cabeça aberta e revolucionário no mundo virtual, mas age preconceituosamente no mundo real, alguma coisa está errada na cabeça e no caráter. Ele está fingindo, mas não percebe. A receita é a mesma para ambas as situações: sejamos mais tolerantes, mais abertos ao outro, às novas experiências, às emoções inusitadas. Eu fico me perguntando qual foi a última vez que esse pessoal ouviu um artista desconhecido, uma música nova, que se permitiu se apaixonar sem imaginar ou exigir padrões já conhecidos. O capitalismo transforma tudo em mercadoria, inclusive as novidades e as emoções. Mas isso não nos obriga a comprá-las doidamente, a sermos consumistas de idéias ou de sensações. A libertação, tanto no mundo virtual quanto no real, só vem do autoconhecimento, mas é importante perceber que não estamos sozinhos no mundo. Nesse ponto a arte tem um grande papel, pois é com a linguagem das emoções e do abstrato que podemos criar algo novo, mostrando novas idéias e sensações. Mas infelizmente o consumo de arte hoje privilegia o conhecido, a cópia, o previsível, em detrimento do novo, do inusitado, da vanguarda. Mesmo no heavy metal estamos cada vez mais conservadores. Pense na quantidade de estilos musicais que surgiram nos anos 70, 80 e 90. A cada dois anos havia um movimento novo, uma nova leva de bandas que expressavam a sonoridade daquele momento. Faz tempo que não acontece nada disso. E às vezes, quando acontece, surge um novo estilo que não tem nada de inovador artisticamente, é só um produto da indústria cultural, como ocorreu com o new metal.

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Assim como o Sistema controla a mente das pessoas no mundo físico, impondo idéias e formatos de pensamento através dos diferentes meios de comunicação, na vida virtual isso também acontece, de forma até mais intensa, aliás, devido a velocidade com que a informação se propaga. Seria o mundo virtual a maior arma já criada pelo Sistema?

Dimitri - Nada se cria fora do sistema. Mas isso também não quer dizer que "eles" tenham controle de tudo. Dá para explorar as contradições do sistema e tentar derrubá-lo por dentro, revolucionar a sociedade e as mentes. O sistema precisa fingir que te dá liberdade, pois ele se valoriza assim. Se o Google e o Facebook admitirem abertamente a censura e o controle das opiniões, eles perdem valor porque perderão usuários. Assim, é pressuposto deles que haja uma grande dose de liberdade virtual, que pode ser usada para fins ‘engrandecedores’, como a derrubada do preconceito e a divulgação da arte independente, da música underground. O MP3 é uma grande revolução, pois agora não precisamos mais da intermediação da gravadora ou da rádio. O público tem acesso direto ao artista e pode escolher o que ouvir. Pena que isso não é devidamente valorizado, a maioria do público procura o conhecido e aquilo que foi homologado pelo sistema, pois não percebe a riqueza e o poder que tem em mãos.

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"Cogito ergo sum" - "Penso, logo existo", disse Descartes. O pensamento virtual continua de onde parou o pensamento humano?

Dimitri - Essa frase é bem famosa, mas eu duvido que o Descartes imaginasse o tipo de interpretação que iriam fazer dela. Ela não significa que eu exista porque penso, como se somente os seres pensantes existissem. O que Descartes quis foi chamar a atenção para o fato de que só experimentamos a existência por meio do pensamento. É o cérebro que concentra todas as experiências sensoriais e pensando nelas concluímos que as coisas existem, inclusive nós próprios. Mas há um porém nesse argumento, pois se o pensamento e a existência são coisas separadas, nunca teremos acesso aos pensamentos das outras pessoas. Então jamais poderemos ter certeza, racionalmente falando, da existência de um mundo real fora de nós. Isso mostra mais os limites da razão do que qualquer outra coisa. É um argumento que depois foi desenvolvido no século XX pelo Alan Touring, pioneiro da ciência da computação. Ele mostrou que se conseguíssemos construir uma máquina tão complexa que seu comportamento fosse indistinguível do de um ser humano, então não haveria como provar que a máquina não pensa. As redes sociais, na minha opinião, demonstram como o argumento de Touring está correto. É impossível distinguir um perfil verdadeiro de um fake. E é impossível saber se estamos realmente nos comunicando com pessoas reais ou com máquinas, com códigos de software ou com corporações. As pessoas jurídicas também são máquinas, cujas partes somos nós, seres humanos.

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Sobre Eliton Tomasi

Empresário artístico, gestor e produtor cultural, crítico musical. Foi fundador e editor-chefe da revista Valhalla (Rock Hard Brasil) - uma das mais importantes revistas especializadas em rock já existentes no Brasil - através da qual tornou-se um experiente e respeitado jornalista de rock. Há 20 anos atua como produtor de shows e eventos tendo já realizado desde pequenas gigs até produções internacionais de grande porte. Especializou-se na função de empresário e gestor de bandas e artistas nacionais e internacionais, participando da elaboração de diversos projetos culturais na área da música (rock) e realizando turnês freqüentes por todo Brasil e em mais de 15 países da Europa.
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