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Mundo Livre: 04 fala do Catarse, heavy metal e sustentabilidade

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Fonte: Daniel Tavares
Postado em 11 de fevereiro de 2015

A banda pernambucana MUNDO LIVRE S/A, capitaneada por Fred 04 (autor do manifesto "Caranguejos com Cérebro", pilar fundamental do movimento Mangue Beat) vai lançar em 2015 um CD/DVD/Vinil comemorativo de 30 anos de banda. Para cobrir parte do custo do lançamento, os músicos estão contando com o apoio dos fãs através de um projeto no Catarse. Tive a oportunidade de falar com Fred 04 sobre o projeto, sobre o "Caranguejos com Cérebro" e sobre sustentabilidade da música. E como não poderia faltar, também conversamos sobre heavy-metal, sobre SEPULTURA e sobre a cena metal pernambucana e sobre o festival Abril Pro Rock. Confira toda a conversa logo abaixo:

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Começando com uma curiosidade, por que "04"?

Fred 04: O pseudônimo vem do meu RG: 2.052.304;

Vocês estão lançando um projeto de crowdfunding para lançar um CD/DVD/Vinil. Existe alguma informação que você possa nos adiantar (além do que já está no site do catarse)? Por exemplo, já escolheram um possível setlist, definiram o que vai haver nos extras, se haverá legendas para o público de fora do Brasil?

Fred 04: Temos uma lista básica das 25 músicas mais presentes nos shows. Alguns convidados ainda não confirmaram suas participações pois ainda não fechamos definitivamente as datas da gravação. Pretendemos usar muitos extras, inclusive estamos tentando resgatar o áudio de um show que rolou em 89, quando éramos um trio e nem sonhávamos em conhecer Otto e Bactéria. Sabemos que alguns amigos próximos guardaram cópias dessa fita cassete...Também incluiremos duas canções inéditas.

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Certa vez você comentou (sobre alguém que iria baixar um disco do JORGE BEN JOR): "Beleza, não é crime, pode baixar. Mas tenha consciência de que com essa atitude você pode estar 'contribuindo' para que obras como essa, jamais sejam gravadas novamente." Em outra ocasião, em uma entrevista para o Scream & Yell, anos atrás, você disparou: "Esse lance de usar alta tecnologia pra passar o chapéu, pedir esmola hightech, craufunde de cu é rola, acho um retrocesso humilhante, indigno". Pelo visto, você mudou de ideia, não? O que o fez mudar de ideia.

Fred 04: O que me fez mudar de ideia foi a insistência de alguns fãs, em primeiro lugar, e também por nossas posições políticas, que nos impedem de aprovar projetos em editais públicos e privados. Quase todo ano nos inscrevemos no FUNCULTURA, por exemplo, edital do Governo do Estado que já apoiou praticamente todos os artistas pernambucanos, e nunca tivemos nenhum projeto aprovado. Retaliação política pura. Então só nos resta apelar para os fãs...

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O crowdfunding é uma forma de envolver o fã nesse processo. Ele não vai optar por comprar um produto pronto (o disco), cujas músicas ele pode ouvir através de outras formas que não trazem retorno para o artista. Ele vai optar, sim, por fazer parte do lançamento, contribuir para a história da banda que ele gosta (afinal, ninguém compra ou mesmo baixa um disco de uma banda com a qual não se identifica, apesar de que às vezes algumas pessoas baixem discos que sequer irão ouvir - por exemplo, quando baixa discografias inteiras por estar interessado em uma ou outra música apenas). É assim que você vê a ideia agora? Você acredita que esta possa ser uma das opções para um futuro para o mercado fonográfico?

Fred 04: Acho que os artistas deveriam rever seus discursos em relação à sustentabilidade da música. Sem isso, vai ficar difícil reintegrar à cadeia produtiva o elo mais importante, que foi praticamente descartado com todo o fundamentalismo tecnológico: o público consumidor de música. É isso que fica confuso: nem sempre os músicos percebem essa armadilha. Dispensar as gravadoras significa conquistar mais autonomia, mas também significa abrir mão de uma estrutura bem montada que garantia milhares de pessoas trabalhando dia após dia pra fidelizar um público e estruturar uma carreira - assessores de imprensa, profissionais de marketing, promotores de vendas, distribuidores, diretores artísticos, etc. Outro dia conversando com Carlos Eduardo Miranda, ele me confessou que reviu sua postura. Foi ele quem fundou um dos selos seminais dos anos 90, o Banguela, responsável pelo lançamento de nossos dois primeiros discos. No início ele também se deslumbrou com a revolução digital e com o desmonte da indústria. Mas agora voltou a investir toda a energia na reestruturação da cadeia. Acabou de montar um selo bancado por uma corporação privada. E sua grande preocupação é justamente cuidar de todos os detalhes da carreira de seus artistas contratados, pra que eles não sejam jogados na nuvem dispersa e acabem perdendo a chance de fidelizar eficientemente seu público...

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Apesar disto, vocês optaram para usar o crowdfunding para pagar apenas parte do custo do projeto ($40.000 de $152.000). Por quê?

Fred 04: Acho que seria muito difícil atingir a meta dos 100% do custo dentro do prazo estabelecido nas regras do Catarse. O restante teremos que bancar do nosso bolso, tirando grana de cachês, merchandising, etc.

Depois do DVD, quais os próximos planos para a MUNDO LIVRE S/A?

Fred 04: O próximo passo será um álbum de inéditas, já estou em processo avançado nas composições, todas minhas com arranjos da banda.

Quando você escreveu o artigo "Caranguejos Com Cérebro", que viria a se tornar o primeiro manifesto do Mangue e que não daria início, mas daria visibilidade a um movimento que ficou famoso em todo o Brasil, você imaginava onde aquele texto iria chegar? Ou já tinha pretensão de que ele se tornasse tão grande, em importância, como acabou se tornando?

Fred 04: Não esperava que tudo acontecesse tão rápido e com tamanho alcance, realmente foi o texto mais importante que já produzi.

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Embora a música que toca nas rádios populares hoje não possa ser levada à sério, com as programações sendo dominadas por pasteurizações do forró e música sertaneja, muitos artistas populares do passado tem sido resgatados. Eram artistas considerados "brega" que viveram (ou ainda vivem) num universo bem parecido com o das bandas de rock e agora ganham um grande apelo às novas gerações. Vocês recriaram "Deixe Essa Vergonha de Lado", do goiano Odair José para o álbum tributo "Eu Vou Tirar Você Deste Lugar", de 2006. Como foi participar deste projeto? Vocês tiveram algum contato com o Odair José desde então? Se sim, o que ele achou do resultado?

Fred 04: Sempre adorei esse som rústico. Ouvia direto nos radinhos de pilha das empregadas na minha infância no interior. Não tive chance de conhecer pessoalmente o Odair e nem pude conferir o que ele achou da faixa, quem sabe um dia...

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E a versão do SEPULTURA para "Da Lama Ao Caos", de Chico Science e NAÇÃO ZUMBI? Você já teve oportunidade de ouvir? Se sim, o que achou?

Fred 04: Confesso que não ouvi ainda, mas admiro muito o Sepultura e imagino que deve ter ficado foda. Conheci o Andreas no Goiânia Noise e ele foi incrivelmente amável e atencioso com a gente. Vou ouvir urgentemente.

Samba Esquema Noise é considerado um dos melhores discos da música brasileira, segundo a Rolling Stone. Ultimamente muitos artistas tem feito shows com discos considerados clássicos sendo executados na íntegra. Vocês já fizeram algo parecido? Pensam em fazer isso com o Samba Esquema Noise, que completou 20 anos no ano passado?

Fred 04: Temos feito sim, e tem sido incrível. Comprovamos pela reação do público que as músicas não envelheceram. Já tocamos no Rec Beat, em Recife, em Porto Alegre, em São Luiz e na Virada Cultural de São Paulo.

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E o festival Abril Pro Rock, no qual vocês já se apresentaram em sete edições, tem acontecido de forma simbiôntica com o movimento Manguebeat e se tornou um dos festivais mais importantes do Brasil, levando gente de toda a Região Nordeste para Recife (eu, inclusive, em duas edições). Gostaria de comentar algo sobre ele?

Fred 04: Confesso que não acompanhei as últimas edições por questões de agenda. Acho que seu sucesso foi um dos pilares da consolidação da cena pernambucana. O APR tinha uma ligação forte com um certo braço da indústria fonográfica e a desconstrução das gravadoras provocou uma profunda crise de identidade no festival. Espero que o Paulo André consiga superar aos poucos esse choque e encontrar uma forma viável de reinventar a festa.

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Além das bandas que compuseram e ainda compõe o cenário do Manguebeat, Recife também é berço de muitas bandas de metal extremo, o que particularmente nos interessa. Hate Embrace, Inner Demons Rise, Terra Prima, Cangaço são alguns nomes que interessam bastante aos nossos leitores. A popularidade atingida por bandas como CS&NZ e MUNDO LIVRE com certeza ajudou a lançar os holofotes sobre estas bandas, apesar de serem estilos tão distintos. Qual a relação que você e a MUNDO LIVRE tiveram com a cena heavy metal de Pernambuco, com estes artistas e como você consegue enxergar esta cena atualmente?

Fred 04: Tenho muitos amigos na cena do metal, mas por não ser a minha praia, não me aprofundo suficientemente pra avaliar o que está rolando nessa área. Conheci o trabalho do CANGAÇO há alguns anos, quando participei como jurado no festival Pré Amp. Fiquei impressionado com a personalidade da banda. Tenho certeza que tem muita gente boa no metal e no hardcore pernambucanos.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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