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Carcass: todo baixista é apenas um guitarrista fracassado

Por Tiago Dantas da Rocha
Fonte: Denver Westword
Postado em 10 de abril de 2014

O CARCASS foi um dos pioneiros do grindcore ao lado dos amigos do NAPALM DEATH. Na época do lançamento do álbum clássico de 1993, Heartwork, a banda já havia finalizado uma transição completa para a sua fase de death metal melódico. O CARCASS causou um grande impacto na música extrema, mesmo após a sua separação em 1995. A sua capacidade de adicionar um gancho melódico em ritmos selvagens tão angulares através de um olho crítico nas letras em questões políticas que vão além do que é tipicamente abordado, o que os diferenciava das outras bandas. Apesar do apelo durante anos para que a banda se reunisse, os integrantes do CARCASS não queriam manchar a sua reputação com uma reunião que não fosse à altura.

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Em 2007 o CARCASS voltou e agora embarcaram em sua primeira turnê internacional após quase 20 anos. Nós conversamos com o vocalista/baixista Jeff Walker sobre como ele acabou sendo o responsável pela arte da capa do álbum Scum do NAPALM DEATH, sobre como ele fez uma participação num episódio da série Red Dwarf e porque o CARCASS resolveu regravar músicas de outros artistas ao invés de remixa-las.

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Westword: Você era bastante jovem quando tocou no ELECTRO HIPPIES. Como você começou a tocar esse tipo de música naquela época?

Jeff Walker: Eu meio que cresci ouvindo o que chamamos hoje de rock clássico e depois comecei a curtir sons como SEX PISTOLS. Daí eu comecei a ouvir punk rock cada vez mais rápido e pesado, e então hardcore americano. ELECTRO HIPPIES era de fato uma banda de crossover. Fomos muito influenciados por bandas como SIEGE de Boston, DIRTY ROTTEN IMBECILES (D.R.I.) de Houston e MILLIONS OF DEAD COPS de Austin. Era isso junto com bandas como SLAYER e outras de thrash metal. Acho que era uma coisa da idade. Eu tinha uns dezesseis ou dezessete anos quando estava naquela banda e era esse o tipo de música que eu gostava. Eu também estava voltando a ouvir metal, e naquele ponto o metal estava ficando cada vez mais e mais pesado comparado com o que eu ouvia no final dos anos 70 e começo dos anos 80 como THIN LIZZY e RAINBOW.

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Você tocava guitarra nessa banda, como você acabou tocando baixo no CARCASS?

Eu era apenas vocalista. Eu tentei aprender a tocar guitarra quando era garoto. Como você sabe, todo baixista é apenas um guitarrista fracassado. Assim como todo jornalista musical é um músico fracassado, saca? Quando eu fui chutado daquela banda uma outra banda tinha ouvido falar que eu tocava baixo e perguntaram se eu gostaria de me juntar a eles. Tocar baixo era mais fácil do que tentar tocar guitarra.

Existiam alguns baixistas que você admirava?

Provavelmente Steve Jones do SEX PISTOLS. Ele tocou baixo no álbum, Nevermind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols. Aquele é um registro de som fantástico. Hoje eu estou mais velho, claro, e agora eu respeito pessoas como (John) Entwistle (do The Who) ou quem quer que seja. Mas na verdade eu não sou um músico dos músicos. Eu realmente não me classifico como um músico. Eu não me levo muito a sério. Para mim é uma questão de troca porque eu tenho que fazer os vocais também, e para que uma coisa seja boa a outra tem que ser ruim, e infelizmente no meu caso são ambas.

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Você criou a arte icônica para a capa do álbum de 1987, Scum, do NAPALM DEATH, e um dos documentos da fundação do grindcore. Como isso aconteceu e o que te levou a criar aquela arte?

O que aconteceu foi que Bill Steer, que estava no CARCASS, tinha um fanzine naquela época e eu criei um desenho para ele. Mick Harris, o baterista do NAPALM DEATH, o qual era meu amigo perguntou se eu poderia criar a capa do Scum. Basicamente eu tive uma breve conversa com ele e a ideia inicial de acordo com Nick Bullen era uma das típicas ideias anarquistas, porcarias, pós-CRASS. Ele queria pessoas morrendo de fome junto com homens de negócio, crânios amontoados e vários logos em tamanho mini de grandes empresas.

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Então eu comecei a trabalhar nisso, mas aí eu criei um desenho do que eu achava que seria legal porque eu ouvi Justin [Broadrick] descrever o que estávamos fazendo e foi direto no ponto. O lado A do Scum é basicamente CELTIC FROST encontra SIEGE. Se você der uma olhada na imagem, as caveiras na parte de baixo foram tiradas de um folheto do SIEGE. E o anjo da morte é basicamente o logo do CELTIC FROST, o antigo com asas, mas transformado numa criatura. Eu realmente tentei encapsular isso. Deixar mais metal, ou de uma forma mais bacana, aquilo que eu achava ser uma ideia punk-crust clichê.

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A essa altura você já tinha visto o NAPALM DEATH?

Ah sim. Eu estava numa banda que tocava mais rápido que o NAPALM DEATH. Naquela época o NAPALM DEATH ainda tocava um som mais parecido com o KILLING JOKE. Eu vi o NAPALM DEATH em Birmingham e fiquei impressionado. Eu também vi o HERESY, que era uma banda de thrash daquela época. O NAPALM DEATH me deixou de queixo caído porque eu gostava daquelas partes mais pesadas e daquelas partes mais rápidas, mas também porque eles tinham um visual muito bacana. Eles tinham aquele visual punk rock meio típico para a época, mas de uma forma quase fascista, aquele visual pós-CRASS, onde todos estão vestidos de preto (Nota do tradutor: O CRASS foi uma banda de punk rock da Inglaterra formada no final dos anos 70 que promovia o anarquismo como ideologia política, uma forma de se viver e um movimento de resistência. A banda expressava seus ideais se vestindo de preto de forma semelhante aos militares). Eles pareciam muito legais. Enquanto isso a minha banda não tinha um bom visual. Eu fiquei com inveja. Não havia senso de humor. Bom, até tinha, mas era algo mais quasi-fascista. Eles pareciam mais intensos.

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Isso foi provavelmente quando Justin Broadrick estava na banda.

Sim. A formação era um trio com Bullen, Justin e Mick Harris.

Você apareceu num episódio da série Red Dwarf como um membro do Smeg and The Heads. Como isso aconteceu?

Aquela formação do NAPALM DEATH quando era Bill, Lee Dorian, Mick Harris e Shane Embury foram convidados para participar de um programa infantil na TV, entre tantos canais, na BBC. Tinha esse cara chamado Craig Charles que apresentava um programa chamado What’s That Noise?. Craig era do nosso país, morava próximo de Liverpool, e eu acredito que ele simpatizava bastante com o NAPALM DEATH. Ele convidou dois músicos daquela banda para ir ao programa, mas Mick e Shane, seja lá qual que tenha sido o motivo, não quiseram ir. Então [alguns caras na gravadora Earache na época] queriam ir e participar do programa, mas para que isso acontecesse era necessário ser membro do sindicato de músicos, e eles não eram. Basicamente nós fomos a última opção. Bill tinha acabado de sair do NAPALM DEATH então ainda havia uma conexão. Eu acho que eles queriam o NAPALM DEATH, mas não conseguiram chama-los, e infelizmente para eles, a única coisa que conseguiram foi eu e o Bill no lugar.

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O CARCASS regravou algumas músicas de BJORK e KILLING JOKE quando vocês foram abordados para fazer um remix. Por que vocês seguiram pelo caminho de regravar as músicas ao invés de fazer apenas uma remixagem tradicional?

Naquela época, mesmo com algumas tecnologias já existentes como o ProTools, nós acabamos por não utiliza-las. Já conhecíamos samplers e na verdade usamos alguns deles em algumas gravações. Remixar como nós conhecemos hoje não era tão fácil naquela época. A única forma que eu sabia como fazer era gravando em fita. Não é como nos dias de hoje quando você pode fazer tudo no GarageBand no seu laptop. O ProTools não era tão versátil e demoraria horas para uma simples operação. Nós apenas pegamos essas canções e tentamos reinterpreta-las no estilo do CARCASS, e tudo que sabíamos de verdade era tocar baixo, guitarra e bateria. Pode nos chamar de conservadores, ludistas, mas esse é método no qual nós operamos. (Nota do tradutor: Conforme a wikipedia, o termo ludita [do inglês luddite] identifica toda pessoa que se opõe à industrialização intensa ou a novas tecnologias, geralmente vinculadas ao movimento operário anarco-primitivista).

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O que fez com que o novo material que você escreveu para o Surgical Steel soasse como um álbum do CARCASS para você?

Ele soa como CARCASS. Somos afortunados o suficiente para ter o nosso próprio som. Mesmo com as influências que temos e que tentamos emular, ainda assim temos o nosso próprio estilo. Eu penso no nosso guitarrista. Eu não sou lá muito fã da minha voz, mas você pode dizer com certeza quando sou eu. De fato, eu acho que os meus vocais melhoraram desde Heartwork ou Swansong.

"The Granulating Dark Satanic Mills" soa como uma saudação ao poema "Milton" de William Blake e seu comentário sobre os efeitos nocivos da revolução industrial. Você estava fazendo um comentário sobre o mundo moderno nessa canção?

Eu passei dez anos trabalhando num escritório e eu acho que essa canção seja um resultado da experiência de conviver com a, na falta de um termo mais adequado, vida. De qualquer forma eu sou de uma cidade industrial, e essa é uma homenagem a cidade da qual eu vim.

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"Noncompliance to ASTM F899-12 Standard" é uma referência a um padrão no ramo de aço cirúrgico (Surgical Steel). Essa é uma forma bem humorada de se referir ao título do álbum?

De certo modo. Não, tipo, "316L Grade Surgical Steel" funciona mais como uma referência ao título do álbum. Eu acho que essa canção é algo mais fanfarrão. É como que comentando sobre algumas poucas bandas que nos possamos ter influenciado e que não importa o quanto elas se esforcem não irão conseguir atingir o mesmo patamar que o CARCASS. Pode chamar de arrogância ou ousadia, mas é algo direcionado aos impostores.

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O que você aprendeu a apreciar ou reapreciar sobre a música do CARCASS que não era tão óbvio durante a primeira vez que vocês estiveram juntos?

Eu nunca me levei tão a sério como agora. Eu aprecio o fato das pessoas pagarem um bom dinheiro pelos ingressos para ver um show ou comprar um CD. Eu acho que é uma questão de perceber que o nosso único propósito é fazer as pessoas felizes. Com certeza eu tinha meus motivos egoístas para querer fazer isso antes, mas nos dias de hoje eu coloco os sentimentos das pessoas na frente dos meus. Eu tenho muito mais consciência que devemos chegar na hora certa, que somos reais e que damos o nosso melhor. Eu quero fazer justiça ao nome da banda. Você não quer ler uma resenha porcaria aonde as pessoas sintam como se estivéssemos fazendo as coisas de forma meia-boca. Hoje existe muito mais pressão do que antes para o que vamos apresentar. Significa algo para as pessoas, e com certeza existe hoje muito mais amor pela banda. O extremo no geral se tornou algo muito mais amplo. Eu quero dizer que a cultura hoje é muito mais ríspida do que era quinze ou vinte anos atrás. O que antes era chocante, hoje não assusta mais ninguém.

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