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Orpheus: a inclusão da melodia no Metal cearense

Por Leonardo M. Brauna
Fonte: Orpheus
Postado em 19 de outubro de 2013

MARCOS HIPPOLITO ARY, ou simplesmente MARCOS METAL, foi o homem que na sua adolescência juntou-se a alguns amigos e formou o ORPHEUS. A banda teve vida curta, mas dentro de sua existência conseguiu carimbar o nome para a eternidade no histórico metálico de Fortaleza. Companheirismo, brigas e quebra de barreiras fizeram parte da trajetória de MARCOS METAL (guitarra, vocal), TALES GROO (guitarra, atual DARKSIDE), AFRÂNIO FILHO (baixo) e MARCOS AURÉLIO (bateria). Chamei o vocalista para uma conversa que certamente ficará para a prosperidade, tamanha a quantidade de informação de uma época em que se estruturava o cenário underground no Ceará, onde caminhavam "sorrateiramente" os componentes de sua banda. Aperte o cinto e boa viagem!

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Em que ano exatamente o ORPHEUS surgiu e como se deram os primeiros contatos com cada integrante, gerando assim a idéia de formar uma banda? Alguns relatos apontam esse como sendo o primeiro grupo de Heavy Metal, onde o guitarrista TALES GROO (DARKSIDE) participou correto?

Marcos Metal: Correto! Bem, era o ano de 1986, estudávamos no mesmo colégio, mas em salas diferentes. Acho que conheci primeiro o CLÁUDIO ANDRÉ (GUGA), e através dele, o TALES. Ficávamos sempre conversando no ‘recreio’, junto com alguns outros amigos, sobre Heavy Metal. Depois a amizade foi crescendo e passamos a sair juntos. Lembro que entre outros lugares era "lei" irmos ao Shopping Iguatemi nos dias de sábado (risos) – até que um dia fomos conhecer uma loja de Rock que havia lá no centro que se chama ‘Opus Discos’. A partir desse dia, tudo mudou. Vimos uma grande coleção de discos e camisas de bandas que nunca tínhamos ouvido falar. Nesse dia conhecemos o TONY e ele disse que tinha uma banda de Metal (N.R.: TONY COCHRANE era baterista da PARANÓIA) e nos convidou para ir assistir, pois eles iam fazer uma apresentação alguns dias depois lá na Beira Mar. A emoção foi grande. Pensamos: "Wow, vamos ver uma apresentação de uma banda de Metal AO VIVO (risos)!" se não me engano, nesse mesmo dia que fomos conhecer a Opus, fomos também conhecer a ‘Woodstock Discos’ (N.R.: não confundir com a loja de São Paulo). Lembro que já era final de tarde e saímos já escurecendo. Lá, nos deparamos com aquelas bandas "estranhas" e muito pesadas como: EXODUS, DESTRUCTION, KREATOR, SODOM etc. Era algo bem diferente do que estávamos acostumados a ouvir e foi-nos exercendo um fascínio crescente. Voltando ao show da PARANÓIA, fomos então assistir lá na Beira Mar. O local era ali, em frente ao morro do edifício ‘Gran Ville’, exatamente na quadra de vôlei de praia. Tratava-se de um comício político. Lembro que o público não era grande e o palco era baixo, talvez meio metro de altura. Foi uma sensação bem interessante ver nosso primeiro show de Metal e, a partir dali, vimos que era possível formar uma banda. Eu já tinha tido uma rápida experiência com banda, na verdade uma banda que se dizia Punk, a W.C. SOCIAL, que tinha como um dos integrantes, o PAULO MARCELO, conhecido por sua alcunha PAUL MALACAS que ficou mais conhecido anos depois como o líder da banda de reggae, DONA LEDA. Então essa experiência também contribuiu. Bem, em uma dessas saídas, tenho uma remota lembrança de termos ido a um show em um lugar, na verdade um shoppingzinho, que ficava exatamente onde hoje é o cruzamento da Av. Virgílio Távora com Abolição. Lá tinha uma pequena boate atrás onde, segundo TONY, rolava shows de bandas Punks na época. Se não me engano REPRESSÃO X (antiga banda do GATO), chegou a se apresentar lá tempos antes dele entrar na PARANÓIA. Nós chegamos tarde, nem lembro se chegamos a ver alguma coisa do show. Ficamos na pizzaria que tinha na parte da frente do shopping, se não me engano, tinha nome algo como: Chopp 80 ou algo assim. Nesse dia, embalados pela possibilidade de formar uma banda, resolvemos por fim criá-la. E ficou decidido que eu e o TALES seríamos guitarristas e o CLÁUDIO, vocalista. Faltava achar o baixista e baterista. O TALES ligou então para um amigo dele que havia conhecido em uma viagem, e esse amigo tinha inclusive mostrado algumas bandas pra ele. Chamava-se AFRÂNIO FILHO, que passamos a chamar depois de Mr. AFRÂNIO. O baterista é que foi algo mais curioso. Em conversa com o MARCOS AURÉLIO LOPES quando veio a Fortaleza, ele me lembrou de como o convidamos para a banda. Ele morava bem próximo do TONY, no Bairro Papicu. Na verdade, no mesmo quarteirão, algumas casas antes. Um dia que fomos à casa de TONY, passamos em frente a casa de AURÉLIO e ouvimos uma banda ensaiando. Ficamos bastante surpresos com a qualidade do baterista. Fizemos então uma pichação em frente a sua residência com o nome da banda: ORPHEUS, e deixamos uma mensagem dizendo que estávamos formando uma banda de Metal e que precisávamos de um baterista, deixando o número de telefone e tal. Ele então nos ligou e disse que estava interessado e queria fazer um teste. No primeiro dia, ajudamos a levar a bateria dele lá pra casa. Pelo que eu lembre a música ‘The Heroes’ já estava pronta. Ele gostou e disse que queria ficar na banda. Quando anunciou ao pessoal da antiga banda dele (VIÚVA NEGRA) que iria trocar de banda, o pessoal ficou indignado! Disseram: "Pô, só porque chamaram você para uma banda, nos abandona e vai?" Mas o MARCOS AURÉLIO disse que queria fazer Metal e se identificou logo de cara com o som da banda. Passamos então a ensaiar com regularidade.

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Vamos intensificar essa viagem no tempo. Documentos e depoimentos apontam a ASMODEUS como primeira banda do Metal cearense a ter surgido, no mesmo período veio a PARANÓIA seguida de ORPHEUS. Essa cronologia está correta?

Marcos: Está correta! Até um tempo atrás, eu achava que PARANÓIA teria vindo antes de ASMODEUS, mas depois foi me confirmado que ASMODEUS foi a primeira, PARANÓIA em seguida e ORPHEUS a terceira.

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Quais eram as linhas de som praticadas pela ORPHEUS? Os integrantes tinham influências similares ou alguém se sentia "injustiçado" por não fazer um som mais pesado ou menos veloz, por exemplo?

Marcos: De forma alguma! Todos nós tínhamos um gosto muito em acordo e nunca foi um problema quanto ao estilo que queríamos fazer. Podemos dizer que o som do ORPHEUS era um Heavy Metal tradicional que tinha como influências bandas como: MANOWAR, MAIDEN, PRIEST, ACCEPT, METALLICA, enfim, tudo que escutávamos na época. Mas que foi ganhando cada vez mais influências das bandas "novas" e mais pesadas que íamos conhecendo como: SLAYER, DESTRUCTION, EXODUS, KREATOR etc. ‘Sharks’ era uma música muito rudimentar, simples e rápida. ‘The Heroes’ seria uma música mais melódica com mais influência de MANOWAR, que era, desde então, uma de minhas bandas preferidas. A última composta, ‘The Last Roar’ era um Thrash/Speed poderoso e rápido já com muito mais influência dessas últimas bandas. Lembro que quando a compus, estava escutando muito o ‘Show No Mercy’(o único que havia até então) do SLAYER, na época.

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GUGA entrou na banda como vocalista e chegou a compor músicas também, mas antes do primeiro show, este se ausentou. O que gerou a sua saída?

Marcos: Na verdade, como eu contei no começo, a banda ORPHEUS surgiu da idéia de amigos. Tivemos só uns dois ensaios com o GUGA, mas achávamos por algum motivo, que o vocal dele não estava se encaixando tão bem para músicas de Metal. Então, de início, assumi os vocais provisoriamente até que achássemos um vocalista. Só que não achávamos e fui tomando gosto cada vez maior pelo vocal e acabei ficando como vocal e guitarra. Na verdade, o GUGA nos acompanhava o tempo todo e gostava de escrever letras – eu aproveitei e musiquei duas composições dele: ‘Sharks’ e ‘Load the Gun’, que depois modifiquei a letra e o título para ‘The Last Roar’.

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Como falou, Sem GUGA você mesmo resolveu assumir os vocais além de tocar guitarra, mas outra curiosidade é que TALES GROO não fez a primeira apresentação com a banda. O que aconteceu exatamente?

Marcos: Sim, o Tales esteve presente durante toda "a vida" do ORPHEUS, só não se apresentou no primeiro show que foi no ‘Clube do America’, pois achávamos que ele não estava pronto ainda, acredite se quiser (risos). Tínhamos tomado a decisão antes, mas só fomos lhe avisar no dia do show. Devido a nossa muito pouca idade, não tínhamos muita habilidade em lidar com essas questões mais delicadas, então acabamos dizendo para ele só no dia do show.

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Clube Terra e Mar, Clube do América e Centro Social Urbano Adauto Bezerra (todos em Fortaleza) foram os lugares em que o ORPHEUS se apresentou. Quais as lembranças que você tem para cada um desses eventos?

Marcos: Correto, Clube do America 1º, Terra e Mar 2º e Centro Social Urbano Adalto Bezerra no Bairro José Walter em 3º. Wow! Difícil responder assim brevemente sobre cada um, mas vamos lá: ‘Necrofestival – Local: Clube do América’: a ansiedade era muito grande para a primeira apresentação. Ansiedade essa que, conversando com o AFRÂNIO um tempo atrás, juntamente com a pouca idade dos integrantes, contribuiu por culminar com o fim da banda. Pois bem, nós tínhamos contato o tempo todo com o pessoal do PARANÓIA o TONY nos avisou que iria ter um festival no clube do America, na verdade, um festival chamado Necrofestival, que aconteceu no dia 10 de janeiro de 1987 e contou com as participações, além de nós, das bandas: MEGAHERTZ(PI), SODOMA(RN), NECRÓPOLIS(PB) e PARANÓIA(CE). Então, o COCHRANE perguntou se queríamos participar. De início achávamos que não daria certo, pois o festival estava muito próximo, não sei precisar exatamente o quão próximo, mas penso que umas duas ou três semanas, e não tínhamos as músicas prontas ainda. Mas a ansiedade e a vontade era tanta que decidimos fazer. Começamos a ensaiar feito loucos e terminar as músicas para que desse tempo de participar do festival. Ensaiávamos aqui em casa e coincidiu que ficamos de férias e passamos a ensaiar todos os dias. ‘E tome ensaio’(risos)! No início do ORPHEUS, não tínhamos nem amplificadores, ligávamos os instrumentos diretamente num som aqui de casa. Depois, próximo de quando o MARCOS AURÉLIO entrou na banda, passei lá na finada ‘Mesbla do Iguatemi’ e comprei um amplificador barato. Ainda lembro o nome da marca: ‘Sparkle’ (risos). Pedestal também não tinha, eu passava o microfone por cima de um móvel na "sala de som" da minha casa e o microfone ficava pendurado (risos). Chegamos cedo para o show, os headbangers começaram a chegar. Um dado curioso, quando estávamos ali batendo um papo no interior do clube do America, antes do show começar, um dos headbangers disse: "Olha aquele pessoal ali, ha-há!" Eu já me virei para zoar e para minha surpresa, era minha família inteira: irmãs, primos, cunhados etc. e, acredite, não tinham visual headbanger de forma alguma (risos). Foi uma vergonha grande! Eu perguntei: "o que estão fazendo aqui?" e pedi para ‘Élder Ximenes’ (um grande amigo, poeta, hoje promotor e vulgo, primeiro ‘roadie’ de Metal de Fortaleza, pois dava um ajuda grande, levando equipamentos etc.) a subir com o pessoal. Eles então assistiram ao show lá de cima. Falando especificamente do show, a primeira banda a se apresentar foi o MEGAHERTZ. Foi a apresentação mais longa da noite. Lembro que durou mais de uma hora (talvez uma hora e meia). Depois, subiu ao palco, o que pra mim, foi a melhor apresentação da noite: SODOMA. Tocaram, além de suas músicas, clássicos do Heavy Metal, como ‘Breaking the Law’ do JUDAS PRIEST e ‘Fight for Freedom’ do GRAVE DIGGER. Foi uma sensação indescritível escutar aquilo ao vivo. A geração de hoje, que está acostumada com uma banda a cada esquina, não tem noção do que era escutar aquilo ao vivo naquela época. Era incrível! Apresentamos-nos logo depois do SODOMA. EDU, o talentoso guitarrista deles me cumprimentou e desejou boa sorte antes de eu subir ao palco. Ele, que infelizmente veio a falecer alguns anos depois em um acidente de carro na Via Costeira de Natal.

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‘Clube Terra e Mar – Local: Mucuripe’: A segunda apresentação foi a mais dramática de todas. A do Terra e Mar. Isto porque uma pessoa que trabalhava aqui no prédio, morava perto do clube e disse que o clube era extremamente perigoso e rolava drogas. No dia do show, acho que já estávamos prontos pra sair, lá em baixo do prédio, quando meus pais falaram que eu não iria pro show. A sensação foi de revolta impressionante. Após eu tentar argumentar de todas as formas, não teve jeito. Eu então subi me tranquei no quarto e no banheiro. Meu amigo Élder que era faixa roxa de caratê (risos) arrombou a porta. Por incrível que pareça, o psicólogo do dia foi COCHRANE. Ele chegou conversando com todos e comigo (que ainda estava trancado no banheiro). Disse que estavam aguardando para irmos ao show, numa tentativa de me convencer a sair de lá. Meus pais então concordaram que eu iria desde que eles fossem juntos. Então, fomos todos para o Mucuripe. Chegando lá, ficaram um pouco e viram que não tinha nada "de mais" realmente e resolveram ir embora. Eu e o MARCOS AURÉLIO fomos deixá-los no carro, passando por cima dos trilhos de trem do Mucuripe (onde, aliás, mais cedo, o carro do roadie Élder havia ficado com as rodas presas quando ele ajudava a levar uns equipamentos. Ficando este desesperado com a possibilidade de vir um trem e levasse seu Fiat 147). De volta ao clube, lembro que rolava som mecânico no local, IRON MAIDEN etc. então nos apresentamos. O TALES tocou nesse dia. Foi então a formação completa: eu (guitarra, vocal) TALES (guitarra), AFRÂNIO (baixo) e MARCOS AURÉLIO (bateria). Então foi a vez do PARANÓIA e, um pouco mais da metade do show, algo inusitado, cortaram o som da banda, alegando que o pessoal tava querendo ouvir som mecânico. Foi uma revolta generalizada das duas bandas. Só salientando, que naquela época, a união era muito grande. Se acontecesse com a outra banda, era praticamente como se acontecesse com a nossa. Lembro do TONY conversando com alguém depois do show, não lembro com quem, comentando a revolta e o desrespeito que foi aquilo.

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CSU Adalto Bezerra – Local: Bairro José Walter: O terceiro show, no José Walter, outro fato inusitado: o pai do AFRÂNIO não o deixou ir, mas tocamos assim mesmo. Agora, não lembro se o TALES tocou guitarra ou baixo. Outra curiosidade, PARANÓIA e nós fomos as duas últimas bandas, as únicas de Metal e eles se apresentaram antes da gente. Fechamos o evento então. Era um festival com estilos variados e a maior parte do público não era de Metal, eu diria quase em sua totalidade. Lembro do MARCUS, guitarrista deles nos apresentando: "agora vocês fiquem com o ORPHEUS, uma banda de Metal muito boa. Garantida!" Desta apresentação, lembro que, enquanto tocávamos, do lado esquerdo do palco (na platéia), em uma caixa de som, tinha o JÚNIOR (baixista da PARANÓIA) ‘bangeando’, quase colocando a cabeça dentro da caixa e do outro lado, o MARCUS fazendo o mesmo na outra caixa. O público que tinha ficava olhando horrorizado aqueles "loucos" (todos nós)!

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ORPHEUS quebrou duas barreiras dentro do Heavy Metal que surgia em Fortaleza, que foi compor em ‘inglês’ e introduzir linhas melódicas a sua música. Isso causou estranheza num público mais voltado para a música extrema, como era o caso daqueles headbangers?

Marcos: De forma alguma. Bem, pra falar a verdade, ORPHEUS foi a primeira a cantar com vocal melódico, mas as músicas não eram necessariamente todas melódicas. Com exceção de ‘The Heroes’, que era mais melódica ao estilo MANOWAR. O GATO da PARANÓIA tinha um vocal mais voltado para o Punk e conversei com o ANDERSON FROTA e ele me confirmou que ASMODEUS também não fazia vocal melódico. Digo isso porque, apesar de sermos da mesma "era", nunca os vimos naquela época. Todos esses shows que fizemos, eles estavam marcados para tocar também, mas desistiam de última hora. Eu só tive a satisfação de conhecer o ANDERSON há poucos anos, se não me engano, em 2006, quando o HARDVOLTZ se apresentou pela primeira vez, ainda com o ARTUR MENEZES, no ‘Órbita Bar’. Na época estava o TALES me apresentou a ele. E eu não perdi a chance de brincar com o ANDERSON comentando que eles marcavam os shows e desistiam (risos). Até o dia de hoje ainda não escutei ASMODEUS e gostaria muito de escutar se ainda isso fosse possível. Ainda quanto àquela época: na verdade, eu sentia uma união muito grande dentro do Metal. União essa que veio a se perder um pouco em certo período, mas que voltou bastante forte nos dias atuais pelo que tenho presenciado. E acho que este deva ser o caminho.

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Seria problema pra você, comentar o fim da banda?

Marcos: Bem, pra começar, vejo tudo isso como "coisas da época". Mas, havia chegado um cara em Fortaleza, vindo de BH, de nome JOSÉ, se dizendo "amigo do pessoal do SEPULTURA". Ele passou a exercer uma influência grande sobre nós com "todo aquele gabarito". Então algumas pequenas intrigas começaram a aparecer com um bocado de "leva e traz". Juntando isso a nossa pouca idade (eu tinha treze, os outros quatorze/quinze e o MARCOS AURÉLIO quinze/dezesseis) e alta ansiedade, não sabíamos bem como lidar com as questões mais delicadas. E, devido a questão de acharmos que o TALES ainda não estava pronto para a primeira apresentação, por um motivo bobo, acabamos por não conversar com ele antes, vindo a falar somente no dia do show. Essa decisão foi de ‘todos da banda’, mas como em geral, eu era muito proativo e tomava a frente, os outros em uma conversa com o TALES, passaram como se a ideia tivesse sido apenas minha. Eu achava que o clima não estava indo bem, mas achava que tudo iria se normalizar em breve. Mas, quando fomos buscar uns discos na casa do GROO, para minha surpresa, me deparei com um clima de extrema animosidade, onde se observava que toda a culpa do ocorrido atribuía-se a mim. Houve então uma ruptura na banda e ficamos sem nos falar por meses. E logo de saída, foi formada a banda ZOLTHAN (apesar de não ter feito parte da banda, o nome ZOLTHAN foi sugerido por MARCOS AURÉLIO, após assistir um filme ‘trash’ com esse título, em que ‘Zolthan’ era o cachorro de Drácula) que, bem no início, tinha como formação, TALES (guitarra), TONY (bateria), GUGA (vocal), AFRÂNIO (baixo) e ‘aquele’ ZÉ, na outra guitarra. Mas acho que essa formação durou bem pouco tempo, talvez só alguns poucos ensaios. Nesse período que ficamos sem nos falar, tentei uma reaproximação com o pessoal da banda, que foi rejeitada, tendo como "maestro" o ZÉ que veio de Minas. Anos depois, soube que aprontou sujeira com algumas pessoas pela cidade e depois sumiu – mas não sei da veracidade disso. Bom, este período sem nos falar, só durou alguns meses, visto que, por volta de agosto de 1987, o TALES adquiriu o ‘Somewhere in Time’, do MAIDEN e me convidou para escutar na casa dele. Escutamos na íntegra, comentando o disco, onde foi a primeira vez que escutei esse álbum. Períodos depois, conversando com um dos integrantes da banda, este me confidenciou que realmente foi "sacanagem" a forma como aconteceu aquilo, visto que todos falavam a mesma coisa e foi decisão de todos. Mas a culpa recaiu exclusivamente sobre mim. Mas só quero deixar claro, como já disse brevemente, que tudo isso vejo apenas como coisas da época, e que talvez tivessem que ter acontecido assim mesmo, talvez não. Não sei. Mas a amizade sempre prevaleceu com exceção desta pequena fase de ruptura. E não guardo mágoa de absolutamente nada, nem de ninguém desta época. Muito pelo contrário, para mim, é sempre uma grande satisfação encontrar com qualquer um deles e relembrar desta época que marcou tanto. Só lamento um pouco, pois sempre tive a sensação que se tivéssemos aguentado mais um pouco, em minha opinião, mais um mês e esperado a poeira baixar, as coisas teriam se normalizado e voltaríamos normalmente com a banda. Dessa vez, com menos ansiedade e levando as coisas sem muita pressa. Tudo viria a evoluir muito e teria deixado um legado muito interessante para a cena Metal do Ceará. Esta é minha opinião. Sempre tive essa sensação.

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Depois disso você e TONY COCHRANE iniciaram um projeto aonde chegaram mostrar algumas composições. Essas músicas seriam usadas no ORPHEUS?

Marcos: Não. Eram novas composições. Tinha uma nova composição minha chamada ‘Poems’, ‘Flowers and Blood’. Na verdade, na época e nos anos seguintes eu tinha certa facilidade para compor. Compus ainda um bocadinho de coisas que se perderam. Ainda sobre este projeto com o TONY, além dessa música, tocávamos algumas coisas, como versões meio improvisadas de ‘Born to be Wild’ de STEPPENWOLF e ‘Child in Time’ do PURPLE. Outro guitarrista que tocava com a gente era o JOÃO HENRIQUE GONDIM. Os ensaios se davam na casa do TONY todo sábado. Alguns poucos se deram na casa do JOÃO HENRIQUE. Na verdade, houve ainda outro projeto anterior a esse, onde além do TONY, participariam, o JUAREZ JÚNIOR, ex-baixista do PARANÓIA. Esse projeto iria ter cinco integrantes e eu seria apenas o vocalista. Não lembro realmente quem tocou guitarra – e tínhamos como intenção, fazer um som e covers, entre outras coisas, do MANOWAR, Mas começaram a aparecer algumas divergências musicais. Por exemplo, o JÚNIOR queria que tocássemos QUEEN, eu o MANOWAR. Fizemos alguns ensaios lá no clube Líbano, mas durou pouco. Acho que só fizemos uns três ensaios. Então, algum tempo depois iniciei o outro com o TONY. Entrei em aula de canto, com o mesmo professor que viria mais tarde a dar aulas também para o SILVIO (BEOWULF) e o RIBA (REVENGER), o grande professor Álvarus Moreno. Comecei a evoluir bastante como vocalista, adquirindo técnicas e recebendo elogios do professor e outras pessoas. Comprei uma nova guitarra. Enfim, as coisas estavam evoluindo. Toquei com o TONY nos anos 1987 e 1988. Mas essa banda acabou não tendo nome e não chegamos a deixar um trabalho sólido. No meio desse período, o TONY começou a ter aulas de bateria, depois foi passar um tempo em São Paulo, mas quando voltou, voltamos a tocar. Ainda pelo segundo semestre de 1989, iniciei outro projeto com o GROO, que tinha além de nós (eu, guitarra e vocal e o GROO na guitarra), o DENILSON na bateria. Estavam até indo bem os ensaios. Estávamos tocando uma composição minha, que compus ainda em 1987, chamada ‘The Knights of Apocalypse’, além de covers, como ‘Heaven and Hell’, do SABBATH. E o resultado tava ficando legal, Mas infelizmente não pude continuar na época, devido principalmente, aos estudos que estavam se intensificando. E infelizmente, depois acabei praticamente deixando o mundo das bandas. Limitando apenas a "tirar som" eventualmente, com alguns conhecidos em períodos diferentes. Por volta daquela época em que o ANGRA veio pela primeira vez à Fortaleza, eu estava tirando som com regularidade com o ALEXANDRO MORAES (que depois formou a banda SOUL ZÉ). Um dia, tiramos som inclusive com MARQUINHOS, que tocou bateria e hoje é um DJ conhecido na cidade. Mas não considero isto como banda. Em conversas com o TALES um tempo atrás, ele me sugeriu que gravássemos minhas músicas daquela época. Tudo poderia ser feito sem pressa, a gravação poderia ser até caseira mesmo e depois se acrescentaria o vocal em estúdio. Para ficar registrado.

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Hoje em dia como você vê o crescimento do profissionalismo dentro do Heavy Metal?

Marcos: Bem, as bandas evoluíram muito e fazem um ótimo trabalho hoje em dia – num cenário bem mais organizado e estruturado. Ganhar dinheiro com música no Brasil, sempre foi algo complicado, principalmente em se tratando da cena underground. Mas pelo menos, boa parte das bandas está fazendo um trabalho bem profissional, organizado e de qualidade pelo que tenho visto.

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Que bandas de Fortaleza você acha que dariam boas representações para o cenário mundial?

Marcos: Bem, as bandas "grandes" DARKSIDE, OBSKURE, S.O.H., e torço bastante pela volta do BEOWULF, do meu amigo SILVIO BARROS. E, entre as bandas novas, a FINAL PROPHECY vem fazendo um ótimo trabalho além do grande Thrash da FIST BANGER. E tem algumas outras bandas que não conheço ainda, mas quero conhecer em breve. Torço por todas as bandas cearenses e do Nordeste em geral, em especial, a DARKSIDE, pela conexão que temos lá atrás e por eu e TALES termos começado juntos em bandas de Metal. Tenho lido todas as resenhas e reportagens, pelo menos a maioria, sobre o ‘Prayers in a Doomsday’ e fico bastante contente com toda a repercussão positiva que tem tido nacional e internacionalmente.

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Você enquanto vocalista deve reconhecer o trabalho de outros colegas. Quais são aqueles que mais se destacaram, ou se destacam no cenário cearense?

Marcos: Então, historicamente, o SILVÃO, claro, o grande vocalista do BEOWULF, que dispensa maiores apresentações. Outro que me impressionou bastante desde a primeira vez que escutei, foi o saudoso RIBA. Gente boa. A primeira vez que o vi cantar, foi num show no ‘BNB Clube’. Impressionei-me com a qualidade e a forma com que cantou DIO. Também o AURÉLIO (SLEEPING AWAKE, ex-DARKSIDE). Dos mais novos, o JOÃO JÚNIOR (FINAL PROPHECY) e um que só fui conhecer recentemente, vocalista da ORÁCULO (N.R.: MARCOS se refere a ROBSON ALVES), acho que vem fazendo um bom trabalho com esta banda. O MARNUZZYO LOPES que faz as bandas HARDVOLTZ e SABBATHAGE também. Saindo um pouco do estilo Metal, gosto muito do trabalho de Hard Rock do FETZ DOMINO.

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O Ceará agora com apoiadores mais interessados em trazer grandes atrações, pode chegar a um caminho equivalente ao que acontece mais ao Sudeste do país. Em sua opinião, ainda falta algo para que Fortaleza se torne uma grande rota para eventos maiores?

Marcos: Sem dúvidas, o Ceará avançou muito neste quesito. Muitas bandas internacionais de peso vieram tocar aqui nos últimos anos, algo inimaginável em outras épocas. Isso pode melhorar ainda mais. É sempre bom o público contribuir o máximo possível, comparecendo aos shows e apoiando. Isso sempre aumenta mais as chances de muitas bandas virem a se apresentar aqui. A minha dica é: mesmo sendo uma banda que você só goste razoavelmente, se puder ir, vá. Os produtores percebendo a presença de público e sucesso dos eventos, só aumentam as chances da sua banda de coração vir a tocar amanhã.

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Fico muito feliz por sua participação e por esses esclarecimentos que com certeza vão ficar para a história da cena metálica no Ceará, e muito obrigado pela entrevista!

Marcos: Leo, sou eu quem tem que agradecer. Como eu disse de início fiquei em dúvida se merecia esta entrevista, tendo tanta gente boa aí para entrevistar e falar sobre os temas, mas espero que eu tenha contribuído adicionando um pouco de informação ao ótimo trabalho que você vem fazendo em resgatar a memória do Metal no Ceará – para que os mais novos possam conhecer um pouco de como as coisas aconteceram naquela época, e os que viveram relembrarem mais um pouco. Muito obrigado. Grande abraço.

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Sobre Leonardo M. Brauna

Leonardo M. Brauna é cearense de Maracanaú e desde adolescente vive a cultura do Rock/Metal. Além do Whiplash, o redator escreve para a revista Roadie Crew e é assessor de imprensa da Roadie Metal. A sua dedicação se define na busca constante por boas novidades e tesouros ainda obscuros.
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