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Timo Tolkki: A noite em que Kubrick cumprimentou Beethoven

Por Anderson Antikievicz Costa
Fonte: Gazeta ALT
Postado em 27 de dezembro de 2009

Ouvíamos escalas musicais entrecortarem-se loucas umas às outras. Não havia muito sentido, apenas alguma beleza. Em verdade, esses ouvidos aos poucos se irritavam com todo aquele dinamismo frenético. E, se não bastasse, o gênio dispõe-se a perder. Arrisca-se estendendo entre nós a resistência de frágeis linhas de som e apenas um instrumento dá o tom da nossa conversa.

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Matéria publicada no caderno de jornalismo cultural e literário Gazeta ALT, do jornal Gazeta do Paraná.

I – Allegro ma non troppo

Vem então uma explosão. Violinos e violoncelos, clarinetes e flautas e fagotes, trombones e trompetes, bumbos, pratos e triângulos, todos ressoando uma massa sonora sobreposta pelo cântico altíssimo. E aí, o que há de mal se desvanece e todos se libertam, se rejuvenescem, sofrem, lembram, esquecem, choram, se arrepiam, se embebedam com a expressão de uma vida naquele último minuto da nona de Beethoven.

Noutro instante, findada a audição, a noite invade o auditório e tudo volta a ser silêncio. O lendário guitarrista finlandês Timo Tolkki observa a pequena plateia, não mais do que meia centena de pessoas. Em maioria, jovens trajando o tradicional preto com bandeiras: Iron Maiden, Pink Floyd, Stratovarius, Blind Guardian, Nightwish... todos irrequietos no modesto Centro de Convenções da Vila Pioneiro, em Toledo, uma pequena cidade no Oeste do Paraná. E Tolkki guarda com os olhos as reações, mesmo as mais tímidas, para só depois perguntar: "O que vocês sentiram?".

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Enquanto os inquiridos encolhiam nas cadeiras, lembro que a noite, de fato, não começara ali.

Un poco maestoso

Deu 18h30 e nem notícia de algum acorde. Tolkki, um dos responsáveis por transformar o Stratovarius em uma das bandas de power metal mais importantes do mundo, e agora no comando do Revolution Renaissance, chegou a Toledo às 19h30, veio direto para o hotel em Cascavel e só então voltou a Toledo. Era quase 21 horas quando o seminário de música foi aberto. E o que tem ele a dizer serve bem aos fãs e, sobretudo, aos que têm banda e querem saber enfrentar os desafios da carreira.

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II - Scherzo: Molto vivace - Presto

São cinco semanas viajando pelo Brasil com o seminário. Curitiba tem a última data no Brasil; de lá seguem para o Equador para mais duas datas. "Mas vou chegar em casa a tempo do Natal, em cima da hora, mas vou chegar", Tolkki fala com calma. Gus Monsanto, vocalista do Revolution Renaissance, é o interprete. "Está sendo muito legal estar no Brasil para 17 seminários. Acho que agora posso dizer que conheço mais o Brasil do que a maior parte de vocês. Com o Stratovarius, tocávamos sempre nas grandes cidades. E agora nós fomos a Belém, por exemplo, e a vários outros lugares que nunca havíamos pensado em ir, e isso está sendo muito legal".

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A plateia ainda gélida aos poucos dava o braço a torcer. Timo deu uma força. "Hoje vocês são poucos aqui, mas isso não importa para mim. E hoje vou começar de uma maneira diferente. Quero que vocês cumprimentem e se apresentem a alguém que você não conheça e que esteja próximo a você". Alguns risos e ainda um tanto de nervosismo, mas o pedido foi atendido. "Melhor do que o Orkut, não é?".

"É muito estranho para mim essa época de Natal no Brasil com todo esse calor. Liguei para casa tem uns dias e está menos vinte graus em Helsinque. Já estou a várias semanas nesse calor, para um escandinavo, com certeza, é uma experiência diferente".

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Pediu para que levantassem o braço os músicos. Quis saber quantos eram guitarristas, vocalistas, tecladistas, bateristas, fez piada com os baixistas. Ganhou o público e tão logo contou a própria história e um pouco do que aprendeu em 25 anos de carreira.

"Ganhei a minha primeira guitarra aos oito, aprendi alguns acordes na escola de música, e não demorou muito para eu achar que era o cara. Nós guitarristas podemos ser bastante arrogantes. Na verdade, é algo bastante comum".

Em casa, aprendeu com os pais a escutar de tudo, mas o Abba foi a primeira grande paixão. "Colei 14 pôsteres do Abba na minha parede. E claro que quando comecei a tocar as músicas deles fiquei mais convencido de que eu era o cara. Me achava um presente de Deus para a humanidade. E quando a gente pensa assim o que acontece é que levamos um chute na bunda, e eu levei esse chute de três violistas". Um trecho de música de Paco De Lucia, Al Di Meola e John McLaughlin ressoou na sala, um disco antigo, de 82. "Eu não era mais o cara. Ouvi isso e pensei: é impossível tocar desse jeito. Fiquei frustrado, mas a gente se comparar não é tão bom assim. Quando os ouvi pela primeira vez eu tinha dez anos. Esses caras tinham 45. Eu estava lá tocando Waterloo, do Abba, e eles surgem tocando 100 mil notas. Eu não entendia e, por isso, parei de tocar. Passei a praticar basquete".

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Depois de um ano, um riff com quatro notas mudaria o rumo da vida de Tolkki novamente. "Acredito que Ritchie Blackmore seja Ritchie Blackmore em português também". Não havia ouvido nada como Smoke In The Water, do Deep Purple. Virou fã incondicional de Blackmore, se vestia como Blackmore, agia como Blackmore e trocou os 14 pôsteres do Abba por 14 do guitarrista inglês. "E um das Panteras... eu tinha 14, então...".

Voltou a tocar e com mais intensidade, coisa de oito horas por dia, matou muita aula. "Mas eu terminei meus estudos, não sei por que, mas terminei" [risos]. "Ganhei uma Fender Stratocaster da minha mãe. Mas eu queria que fosse igual à guitarra do Blackmore, então peguei uma lixa e destruí o braço da guitarra, apesar de que eu achei, na época, que havia ficado bem bom, bem parecida [risos]. Minha mãe entrou no quarto e perguntou, ‘o que você está fazendo?’. E eu, ‘se o Ritchie tem uma dessa, por que eu não?’.

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Nessa época Tolkki montou a primeira banda, o Thunder¸ e com ela fez alguns shows em Helsinque. Ele tinha uma camiseta preta, escrito Blackmore em meio a chamas, a mãe dele que fez. Também começou a compor meio que umas cópias de Purple e Rainbow. "Foi aí que me toquei o quão legal era tocar numa banda de rock. Mas tem outro lado que vocês não conhecem, que não é tão glamouroso assim. É muito cansativo às vezes, você viaja muito e nem sempre dorme, não consegue descansar. Nós fizemos os cálculos, a quantia de quilômetros que nós já fizemos com essa turnê de seminários é como se tivéssemos dado três voltas ao redor do mundo".

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[pergunta do público] Nesse período dos 5 aos 18 anos, qual foi o seu contato com a música clássica? "Durante um tempo, nas entrevistas, eu sempre dizia que ouvia e tal, porque soava legal, mas, na verdade, eu não ligava para a música clássica. Isso surgiu mais tarde. O Purple e o Raibown têm muita influência da música clássica, então, foi meio que por aí que eu comecei".

Como foi a relação com a família quando viram que você estava entrando para o rock, porque ainda tem disso de ser encarado como algo ruim. "Eu tive uma mãe que me deu muito apoio. Ela me deu a minha Stratocaster. Mas meus pais também não diziam: ‘Não vai pra escola, fica em casa tocando guitarra’. Mas depois de você dar para eles uma casa e um Porshe de presente, aí eles falam: ‘esse é meu garoto’ [risos]".

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Além de Abba e Deep Purple, quais foram as suas influências? "Eu sempre ouvi muito Iron Maiden, Black Sabbath com o Dio, nunca gostei muito do Led Zeppelin, ou do Hendrix, apesar de serem grandes músicos. O Malmsteen disse uma coisa muito engraçada uma vez: que o Hendrix deveria ter aprendido a afinar a guitarra dele [risos]. Provavelmente, era uma brincadeira, não é o tipo de coisa que se fale".

III - Adagio molto e cantabile

Na segunda parte do seminário, Tolkki falou sobre ter uma banda e como sobreviver a ela. "Vocês podem achar que, sendo brasileiros, nunca vão ter sucesso com uma banda, principalmente se cantam em inglês. A única chance que você vê é sair do País. Todos aqui conhecem o Nightwish? Essa banda vem de um vilarejo de cinco mil pessoas. Como é possível? O que teria acontecido se o Tuomas não tivesse tentado? ‘Sou de uma vila de cinco mil pessoas, na Finlândia, não vou conseguir, não vou ter sucesso’. Por algum motivo ele não pensou assim e o Nightwish vende hoje dois milhões de discos. A lógica diz: somos cinco milhões de pessoas na Finlândia. Se isso é possível lá, é aqui também".

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No começo é muito difícil permanecer no trajeto. Isso só é possível com a prática e treinamento, não tem outro jeito. Quando Tolkki entrou no Stratovarius em 1984, diz ele que praticaram seis dias por semana por cinco anos. Para ele, ensaiar uma vez por semana não bate com a pretensão de ser um músico profissional.

Falando em banda, o Stratovarius e os problemas não poderiam ficar fora de pauta. "É como um casamento. Algo acontece e não funciona mais". Convivência? "Talvez, músicos têm egos acentuados, nos achamos superiores aos outros, apesar de que muitas vezes não falemos isso diretamente. Isso é mais complicado de lidar. Mas os problemas não estão no começo, eles vieram mais tarde".

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IV – Recitativo

Na parte final do seminário, Tolkki chamou vocalistas da plateia para cantar. Um cantou Angra, outro Speed Of Light, canção do próprio Stratovarius, um Deep Purple e uma moça Evanescence. Todos bem acima da média. Tolkki, que ora só ouviu, outra acompanhou com a guitarra, falou sobre enfrentar os próprios medos, deu algumas dicas vocais e até pediu demos. "Sabe o que fez comigo?", disse ele para um dos intérpretes. "Me fez chorar. Isso não acontece sempre. Você é um grande vocalista, tem dinâmica. Você diz que está com medo e vem aqui e canta como um anjo. Só consigo imaginar como você canta quando não está com medo. Tem banda? Tem demo? Manda pra mim...".

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Tolkki tocou então a primeira música solo, algo romântico, porque ele se sentia romântico naquela noite, brincou. E, em seguida, pediu se queríamos ouvir alguns riffs. "Alguma coisa que não seja Black Diamond, já toquei umas duas mil vezes". A plateia, sedenta por mais, começou a jogar os nomes. Phoenix, Stratosphere, Paradise, Against the Wind, Forever Free, Will The Sun Rise… e outra canção solo.

The End

"É bom de vez em quando a gente pensar nisso, pensar que a partir desse momento temos um tempo limitado de vida. Isso nos faz repensar nossas prioridades. Vou falar agora de alguém muito importante para mim, alguém que passou boa parte da vida doente, sentido dores horríveis e ainda, no final, ficou surdo. O que significa para um músico ficar surdo? E o que ele faz?".

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"Ele faz música, compõe sua última sinfonia, a nona. E escolhe como tema um poema que fala sobre amor universal e sobre irmandade. Que tipo de cara é esse? Vou colocar para tocar um minuto de Beethoven e esse pode ser o momento mais importante dessa noite, mais importante do que tudo aquilo que foi falado hoje aqui. Peço que vocês realmente escutem de coração aberto. Preste atenção com o que acontece com você, quais emoções, quais sentimentos, quais pensamentos...".

A música começa sob o silêncio e ela termina perpetuando a quietude. Alguns se ajeitam na cadeira, outros apenas esperam. Tolkki observa sedento por reações, como se quisesse guardar e levar com ele aquele momento. "O que vocês sentiram?".

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"Beethoven faz música com as próprias emoções. É isso o que tenho a dizer a vocês: quando for compor qualquer coisa, é legal você entrar em contato com seus sentimentos, esquecer o resto, seus pré-conceitos. Quando os quatro subiram no palco e se soltaram do próprio medo, cantaram muito bem, porque eles começaram a sentir a música e não há nada que supere isso. Esse é um sentimento único. A música é uma linguagem universal e, quando vocês estavam cantando, eu senti a energia. Ela me afeta. A música é isso, é sentimento. E se você conseguir tocar alguém, fazer com que alguém sinta algo especial quando está ouvindo a sua música, porque essa é a função da música, aí sim você pode se considerar o cara. É isso".

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ENTREVISTA

"Cadê a minha banda?". Timo Tolkki, ex-Stratovarius e atual Revolution Renaissance, recebeu as palmas pelo seminário e logo pedia pelos companheiros de palco enquanto ajustava botões no cubo de guitarra. A pequena plateia, de umas cinquenta pessoas, no Centro de Convenções da Vila Pioneiro, em Toledo, Paraná, ensaiou alguma empolgação, bateu mais palmas e, sentada, ouviu o show começar.

Gus Monsanto, carioca, vocalista do RR, provoca: "Vamos lá, Toledo, vamos fazer barulho!". A pequena turma o responde com gritos modestos, típicos à timidez. A banda se põe a postos e o próprio Gus faz as honras, enquanto Tolkki palheta alguns acordes para certificar-se da afinação. "Na bateria, Marcelo Moreira... no baixo, aqui mesmo de Toledo, Jonas Henrique... e nos teclados, Ian, de Cascavel". Foram agraciados e, no embalo, Timo puxou o riff ultra rápido já velho conhecido dos presentes: Speed Of Light abriu o pocket show, ainda a esquentar.

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Na tradicional paradinha quase no final da música, a banda foi aplaudida, o que Tolkki estranhou. "Em toda minha carreira, nunca recebi palmas nesse momento". E a galera delirou com o elogio. A partir daí, clássicos e canções do novo projeto de Tolkki. Hunting High and Low, seguida de Last Day On Earth e Age Of Aquarius.

Aos poucos todos foram dominados. Os braços já se erguiam mais, e se movimentavam mais, levando o punho fechado para trás e para frente numa saudação metálica. Nos intervalos das músicas já se via uma pequena multidão gritando e assobiando. Veio Heroes e Icarus, se não me engano, e então a galera levantou e foi para a beira do palco. Black Diamond foi cantada em uníssono e celebrada como um hino.

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A voz aguda então recua e some; o baixo se encerra junto aos teclados; a bateria dá as últimas voltas, e a guitarra ressoa os últimos acordes. A festa não termina, apenas se completa.

Enquanto mais de uma dezena de musicados voltava-se ao fundo do auditório em busca de CDs e camisetas, eu e outra jornalista cascavelense, Bruna Hissae, seguimos para trás do palco. Cumprimentei os músicos, que logo se retiraram. Para a conversa ficaram apenas Gus e Timo Tolkki.

Sentei-me ao lado de Gus. Ele me ajudaria no inglês, já que o guitarrista faz questão de que eu fale com ele em português. "Ele é de um jornal de uma cidade vizinha, de uma sessão cultural, e veio cobrir o show", apresentou-me o vocalista. Comentei o grande número de entrevistas dele que li e que não era minha pretensão refazê-las, e que algumas de minhas perguntas foram respondidas durante o seminário. Me restava mesclar algumas perguntas bastante específicas, coisas de fã, com outras sobre música e assuntos gerais. "All right".

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ALT - Você busca trabalhar com linguagens diferentes nos seus trabalhos solos, como no Classical Variations And Themes, Hymn To Life e Saana: Warrios Of The Light – Part 1. Teria alguma sonoridade que quer ainda explorar e, se tiver, há alguma coisa brasileira?

Tolkki - "Na verdade, eu não planejo nada nesse sentido. Eu trabalho para que seja diferente dos projetos com banda, mas não me limito a sonoridades específicas. Musicalmente falando, eu realmente não sei, é como se eu estivesse pulando sempre rumo ao desconhecido, e deixo acontecer".

ALT - Por trás de Saana há uma história que você escreveu e que soma umas 200 páginas. Não tem interesse em publicá-la em livro?

Tolkki - "Talvez, eu penso nisso sim. Escrevi, até agora, a primeira parte. Essa primeira parte me veio em cinco dias. É uma história muito complexa. E eu a escrevi em um momento em que estava acontecendo muita coisa na minha vida. Toda a minha filosofia de vida está nessa história e nesse disco. Assim que puder quero concluí-la".

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ALT - Em outras entrevistas você mencionou que este álbum viria com um vídeo. O que houve com ele?

Tolkki - "Eu sou um cara que tem mania de controlar tudo. Eu gostaria de controlar todos os elementos possíveis da produção. Eu filmei 30 horas de imagens para o Saana, mas não eram boas o suficiente, então, preferi não usar. Você conhece aquele musical Jesus Christ Superstar? Basicamente, são vários garotos que vão de ônibus para o deserto e nada acontece, na verdade, é muito musical, a parte evidenciada é musical. A história de Saana é muito complicada. Espero que alguém maior explore esse material, porque eu acredito que Saana tem muito a oferecer".

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ALT - Muitas bandas buscam transformar livros em música, como a brasileira Sepultura, que já ‘traduziu’ em som a Divina Comédia, de Dante, e Laranja Mecânica, do Antony Burgess. Teria algum livro que gostaria de adaptar?

Tolkki - "Não saberei te dizer. Eu leio muitos livros, e tudo de alguma forma me afeta. Porém, por enquanto, não tenho em mente nenhum em especial, mas quem sabe o que o futuro nos reserva? Eu adoro Laranja Mecânica também, eu amo o filme e eu amo Stanley Kubrick".

ALT - Legal você dizer isso. Sou um grande fã de Kubrick também. E já que mencionou, o que há na sua música de Stanley Kubrick?

Tolkki - "Legal, bom, tem muita coisa que eu trouxe da forma do Kubrick de fazer filmes para a minha maneira de fazer música. Como o Kubrick às vezes eu não sei o que eu quero, mas eu sei muito bem o que eu não quero. Hoje, quando chamei os cantores para o palco, eu estava preparando eles para cantar. No estúdio, os cantores chegam e me perguntam: ‘o que você quer que eu faça?’, e, na verdade, é ao contrário. Eu peço para os cantores me darem alguma coisa. E aí eu posso dizer se eu gosto ou não".

ALT - Algum filme de Kubrick que gostaria em transformar em música?

Tolkki - "Impossível. O que ele fez é único".

ALT - O que é possível fazer com o RR que não foi possível com o Stratovarius?

Tolkki - "É uma boa pergunta, mas não sei. São bandas diferentes, músicos diferentes e as músicas que fizemos, os discos que a gente fez, não foram planejados, simplesmente acontece, então... Da mesma forma que não posso te dizer como será o próximo disco do RR. Vou saber só quando eu estiver fazendo".

ALT - Se pudesse mudar alguma coisa na sua carreira, teria algo que faria diferente?

Tolkki - "Eu não acredito nisso, eu acredito na vida, não acredito em coincidências. Acho que no meu percurso, tudo que atravessou meu percurso, foram coisas, situações, que eu tinha de atravessar. Tudo está lá por um motivo, é nisso que eu acredito".

ALT - Quais são os planos para o RR?

Tolkki - "Estamos começando a banda, começamos do zero. Então, queremos a princípio gravar mais um álbum".

ALT - Com o Stratovarius você sempre tocou nas grandes cidades e para públicos maiores. Como é essa experiência em cidades do interior, qual é a resposta do público?

Tolkki - "Para mim não faz diferença o número de pessoas na plateia. Eu trato a todos igualmente. Elas merecem isso. As pessoas reagem à energia e à atitude que você passa para elas. Você recebe exatamente o que você dá. Teve um dia que tínhamos na sala sete pessoas, e nós transformamos aquilo numa festa. Tudo, a essência de tudo, é a sua atitude. Eu nunca pensei, nunca me preocupei com o que as pessoas pensam a respeito da minha música. Eu faço a minha música como eu quero, para mim. É meu modo de me expressar. Se os meus fãs gostam ou não, eu não posso controlar isso, é minha música".

ALT - Como funciona seu processo de composição?

Tolkki - "Compor é algo muito pessoal. Pra mim é uma coisa quase mística, porque eu não sei de onde vem. Na maioria das vezes, eu começo com o título. Vamos dizer que eu esteja compondo as músicas para o Visions. Então escrevo uns 30 títulos num quadro e tem um lá que é Black Diamond. Eu sento no meu teclado e acho esse som de cravo, e assim surge esse riff que vocês conhecem, e de repente sinto uma coisa preta chegar perto do meu pé e começar a me lamber. É meu cachorro. Black Diamond escrevi para o meu cachorro".

ALT - Perguntaram-lhe no seminário, e agora repito a pergunta, o que poderia nos dizer sobre a flor-de-lis, símbolo do Stratovarius?

Tolkki - "A flor-de-lis foi ideia minha. Ela apareceu no meu disco solo antes, Classical Variations and Themes. É um símbolo muito importante para mim. E sei que muitos gostariam de saber o que significa, mas, infelizmente, eu não posso explicar, porque é uma coisa muito pessoal".

ALT - Ouviu o disco Polaris, novo do Stratovarius?

Tolkki - "É a melhor banda cover do Stratovarius do mundo [risos]".

ALT - Bom, é isso. Obrigado pela entrevista. Espero que voltem para mais shows.

Gus e Tolkki - "Nós que agradecemos. Prazer em conhecê-los e Feliz Natal".

Gus - "Vocês são da onde mesmo?".

ALT - "De Cascavel, cidade vizinha aqui".

Gus - "Cara, nós viemos de Cascavel. Viajamos com um taxista louco, deu uns 150, 160 por hora na estrada".

Tolkki - "Crazy taxi driver"

Gus - "Ele estava dirigindo a uns 60, 70, era um Uno muito velho".

ALT - "[risos] Onde vocês pegaram esse taxi?".

Gus - "Lá na rodoviária. Daí a gente começou a falar: ‘ele está andando muito devagar’, e começamos apertar os botões do carro dele".

Tolkki - "Qual é o limite de velocidade?"

Gus - "Isso, daí eu comecei a perguntar para ele: ‘Pô, mas e aí’? Então ele dobrou, tava em 70, foi para 140, 150. Coitadinho do carro [risos]".

Tolkki - "E nós estávamos no banco de trás sem cinto de segurança".

Gus - "Quando ele chegou a 150 a gente ficou realmente meio bolado: ‘será que esse carro tem estabilidade?’".

Tolkki - "Ele soltava o volante, o carro atravessava a pista".

ALT - "[risos] Tudo bem, os motoristas de Cascavel são considerados os piores do Brasil. A cidade tem um dos maiores índices de acidentes de trânsito do País".

Tolkki e Gus - "[risos] Really? [mais risos] Eu acredito nisso".

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