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Hangar - Entrevista com a banda independente de Porto Alegre

Postado em 03 de dezembro de 1999

Formada em 1997 por Michael Polchowicz (vocal) Cristiano Wortmann (guitarra) Luis Fernando (baixo) e Aquiles Priester (bateria), a Hangar é uma banda que está provando o doce gosto do reconhecimento - com uma certa rapidez. Merecendo tudo isso, musicalmente analisado, o Hangar mostra um heavy metal que mescla passagens tradicionais, melódicas e power metal. A técnica de seus músicos é outro destaque visível em todas as composições do seu primeiro CD independente, ou seja, LAST TIME; álbum que vem cotando a banda para ser revelação do ano de 1999 - no quesito "bandas nacionais". Tendo sido formada em Porto Alegre (RS), mostra que a distância não é problema, uma vez que tem conseguido chegar aos principais centros do rock, no país. Para conhecer os segredos - aqui desvendados - do Hangar, fomos conversar com Aquiles, Fernando e Michael, que nos contaram a respeito de terem tocado com o Angra, sobre o Tritone (projeto de Frank Solari, Edu Ardanuy e Sérgio Buss, que tem Achiles como baterista) e vários aspectos que fazem parte de toda a história da banda. Confira você mesmo!
Por André Toral
Whiplash! / Assim como o Hangar, a maioria das bandas, no começo, iniciam suas atividades tocando alguns covers por puro prazer. Quando e como vocês decidiram realizar um trabalho próprio para adquirir um ar mais profissional no mercado?
Aquiles Priester / Quando formamos a banda, o nosso único interesse era fazer alguns covers sem maiores pretensões. O que aconteceu é que no nosso primeiro show recebemos um público muito maior do que nós esperávamos, pois nos cartazes havíamos divulgado que tocaríamos Dream Theater, Stratovarius, Helloween, Primal Fear, Malmsteen, etc. A única música, nossa, que executamos foi "Absinth". Após o show o público veio conversar com a gente dizendo que deveríamos compor mais material como aquele, que mesmo tendo as influências que a maioria das bandas de Heavy Melódico tinha, ainda assim conseguíamos ter uma identidade própria. A partir daí, vimos que nós poderíamos ir muito mais longe e tudo começou após o convite para fazer a abertura do show do Angra em novembro de 1998. Veja bem, com menos de 5 meses atuando, fomos colocados em posição de destaque para esta apresentação. Outro ponto mais interessante é que quando estávamos fazendo o sound check em um show - duas semanas antes de abrir para o Angra - é que ouvimos através de outras pessoas que um produtor local estava tentando entrar em contato com a gente para que fizéssemos a abertura. Ficamos em uma posição muito delicada, pois haviam muitas outras bandas, com muitos anos de estrada, que estavam esperando essa chance, mas acho que isso aconteceu pelo profissionalismo que o Hangar demostrou desde a primeira apresentação. O show em si foi sensacional, pegamos o público alvo do nosso som e fizemos uma grande apresentação. A partir dessa noite, sentimos que tínhamos conquistado um espaço que estava aberto no Rio Grande do Sul, e que tínhamos conseguido subir um grande degrau em relação às outras bandas locais. Corremos para o estúdio logo após esse show para registrarmos nossas músicas, que a princípio seria uma Demo Tape, mas os resultados ficaram tão bons que resolvemos investir no nosso primeiro CD. Mostramos os primeiros resultados para muitas pessoas do meio, e eles nos incentivaram, dizendo que tínhamos tudo para fazer um excelente disco de estréia. Fizemos tudo super rápido, pois queríamos aproveitar a repercussão do show de abertura para o Angra.
Whiplash! / As músicas do álbum "Last Time", trazem um heavy um tanto diferenciado do que é trivial na atualidade. Foi algo natural ou houve esta preocupação desde o início?
Michael Polchowicz / Acho que nós conseguimos criar um estilo próprio sem forçar a barra, sem nos preocuparmos se estamos ou não soando com alguma de nossas influências. Quando estamos compondo, tudo acontece naturalmente, sem problemas de um interferir na parte do outro. Posso opinar nas baterias, guitarras e baixos, sem que isso cause algum desconforto. Além do mais, nossas influências pessoais são bem diferentes e isso favorece para que as composições aconteçam espontaneamente. Nossas novas composições (pós "Last Time"), também conseguem manter um estilo que não pode ser facilmente identificado como alguma coisa que você já tenha ouvido. Trabalhamos exaustivamente todas as nossas composições. Nossas músicas novas seguem o mesmo peso e agressividade do "Last Time".
Whiplash! / Peso, melodia e uma bateria perfeita. O Hangar optou por fazer um trabalho instrumentalmente perfeito, rico e com muito requinte. Isto foi algo que veio evoluindo ou a idéia sempre foi soar com técnica?
Aquiles / Sim, desde o início tivemos um preocupação muito grande na parte técnica e instrumental da banda, tanto que esse trabalho foi evoluindo de acordo com as nossas composições. Se pegarmos as primeiras músicas, poderemos notar que as últimas são bem mais complexas, no entanto nunca nos preocupamos em compor nada para impressionar ou então chamar atenção das pessoas. As partes nas músicas surgem naturalmente de acordo com o que a musicalidade da composição exige. Mas o fato de termos referências musicais bastante complexas, de uma maneira ou de outra, refletem nas nossas composições.
Whiplash! / Para os fãs que curtem "algo a mais", o que o Hangar abordou nas letras de "Last Time"?
Michael / Não existe nada pré–definido. Algumas vezes abordamos as angústias que todo ser humano vive, assim como o cotidiano de uma pessoa comum. Existem casos em que precisamos passar algo mais forte, que tenha uma ligação com a música, como "Speed Limit" e "Voices". Gostamos muito também de abordar assuntos abstratos, pois assim podemos ir mais longe sem nos preocuparmos se estamos ou não sendo políticos, mediante algum assunto.
Whiplash! / Expliquem, por favor, o conceito de toda a arte que ilustra o CD.
Aquiles / Na verdade, nosso CD se chamaria "Speed Limit 55", tanto que a música foi composta porque já havíamos definido a capa, mas não conseguimos a liberação com o artista, então tivemos que alterá-la. A capa do nosso CD tem um lado muito sombrio e isso também se reflete nas fotos do nosso encarte. Esse trabalho todo foi desenvolvido por uma designer que cuida de toda a imagem do nosso material que vai para a imprensa, além de dirigir todas as nossas seções de fotos. As ilustrações forma feitas por outro designer do Rio de Janeiro, que já havia trabalhado comigo em um outra banda que eu tive. Durante a concepção do CD, quisemos passar uma coisa tipo: "Aproveite bem o seu tempo, porque você não sabe o quanto viverá". Outro ponto importante que também dá para perceber: o nosso site é uma extensão do CD, ou seja, enquanto as pessoas visitam o nosso site, queremos que elas se sintam como se estivessem dentro dele.
Whiplash! / Embora a banda esteja em seu primeiro álbum de estúdio, mostrou-se bem entrosada e com uma ótima produção. Como funcionaram as coisas neste quesito?
Aquiles / Nós sabemos muito bem que uma grande banda não se faz da noite para o dia, ainda mais sendo independente. Sabemos também que as pessoas desse meio são muito exigentes e não engolem qualquer coisa. Resolvemos então investir tudo que podíamos, pois não queríamos passar despercebidos pela crítica especializada. Toda nova banda precisa ter o aval de alguém para que se possa fazer acreditar. Nós ainda estamos sozinhos, buscando alguém (gravadora e/ou produtor) que acredite na banda tanto como nós, compareçam aos nossos shows e tenham o Hangar como uma banda promissora. Não existe outro caminho, precisamos passar com uma boa imagem pela crítica especializada para despertar o interesse de alguém. Com certeza, estamos fazendo tudo certo, com muita humildade e sem forçar a barra. Tudo tem seu tempo.
Whiplash! / A mídia underground tem feito boas críticas para "Last Time". No entanto, existem algumas coisas que não estão de acordo com o gosto da banda?
Michael / Claro, e acho que isso faz parte do ciclo de melhoria contínua. Se tivéssemos gravado esse CD em um estúdio com mais condições técnicas, com certeza o resultado seria outro. Podemos dizer que nossa grande vontade é poder remixar e remasterizar o "Last Time" em um outro estúdio, com mais umas 4 faixas bônus (compostas após o lançamento do Last Time). Posso dizer que isso é um plano que não descartamos para o início do ano 2000.
Whiplash! / No que os recursos da Internet tem ajudado e facilitado a divulgação da banda e de "Last Time"?
Luis Fernando / Colocamos o nosso site no ar a pouco tempo, e temos recebido bastante visitantes. Temos certeza que esse já é o grande meio de comunicação do novo milênio. Isso facilita a interação com o mundo, pois através do MP3 as pessoas podem ter uma prévia da música feita pela banda, além da velocidade que a informação corre. Todo nosso material promocional está à venda via Internet (CD, camiseta, adesivo, etc.).
Whiplash! / Sendo uma banda do Sul do pais, assim como Orquídea Negra, Steel Warrior e Noisekiller, como o Hangar lida com a distância do centro rockeiro nacional, ou seja, São Paulo, em termos de shows, divulgações etc?
Fernando / Estamos apenas esperando o momento certo para planejarmos um vôo um pouco maior. No dia 30/10/1999, tocamos pela primeira vez em São Paulo, no Black Jack, onde o público foi bastante receptivo e ficamos muito surpresos com a quantidade de pessoas presentes que já conheciam as nossas músicas - vejam a resenha do show na Roadie Crew número 18. O ideal seria conseguir uma tour com alguma outra banda grande fora do país - isso é o que geralmente ocorre quando uma gravadora está lançando uma banda nos EUA ou Europa –, mas sabemos que ainda temos muito território para conquistar aqui no Brasil. Porém, essa história de exterior é um idéia fixa do Hangar. Estamos em negociação com a Scream Magazine, da Noruega, e pode ser que em fevereiro consigamos os nossos primeiros e tão sonhados shows fora do Brasil.
Whiplash! / Apesar do Hangar ter surgido em 1997, a banda já conta com boa repercussão na cena heavy nacional. Como foi a estruturação para se alcançar este resultado?
Aquiles / Apesar do Hangar ter sido formado em novembro de 1997, todos os integrantes já tocam há quase 10 anos, então tudo que aconteceu nesse tempo enquanto tocávamos em outras bandas de uma maneira ou de outra acabou refletindo no resultado final do Hangar. Nos preocupamos muito com a imagem que o público tem da banda e com o profissionalismo na hora de decidir as coisas. Isso, sem dúvida, nos coloca em uma posição privilegiada em relação às outras bandas que não planejam o lançamento do seu material. Desde que estávamos gravando, tudo o que está acontecendo agora já havia sido planejado. Jamais fazemos coisas que não sejam de consenso entre todos da banda. De uma maneira ou de outra, o público acaba percebendo esse profissionalismo e valoriza o grupo em função dos seus atos. Por exemplo, temos recebido e-mails e cartas do Brasil inteiro e também do exterior, e cada uma dessas pessoas recebe sua reposta dentro de um tempo hábil bem menor do que eles estão acostumados. Eles nos retornam as cartas e os e-mails para nos dizer isso.
Whiplash! / Que contatos a banda tem realizado e /ou concretizado nos cenários nacional e internacional?
Fernando / Na edição nº 6 da revista Planet Metal, participamos do CD com a música "Absinth" que está no "Last Time". Já aparecemos em quase todos os veículos especializados de Heavy Metal e a crítica também tem nos recebido muito bem. Enviamos um CD-promo e release para diversos fanzines do Brasil e do Exterior, e além disso estamos mandando material para fora do país através de amigos nossos. De concreto mesmo, ainda não temos nada acertado para o mercado internacional. No entanto já estamos em contato com Alemanha e Noruega. Mas de qualquer maneira, sabemos que as coisas não acontecem da noite para o dia, e estamos super felizes com a receptividade da crítica especializada pelo curto tempo que tivemos até agora, pois o nosso CD foi lançado no mês de maio e fizemos o show de lançamento em junho, seguido de uma mini turnê pelo interior do nosso estado. Já temos propostas para tocar em outras cidades do País.
Whiplash! / Que retorno o Hangar tem tido por parte do público?
Michael / Temos recebido centenas de cartas e e-mails de todo o Brasil. Todos que enviam correspondências para nós recebem uma resposta personalizada por parte da banda, isso nos aproxima muito do público que percebe o nosso interesse em interagir com eles. Após os shows, ficamos horas conversando e autografando CD’s. Também temos uma grande legião de fãs aqui no Sul, que nos acompanham por todo interior. Acho que nesses pontos é que ganhamos as pessoas. Nós sabemos como esse tipo de contato é valorizado pelo público, e sem dúvida isso é um diferencial.
Whiplash! / [para Aquiles] Você é o baterista do Tritone (Projeto de Frank Solari, Edu Ardanuy e Sérgio Buss). Como e através de quê/quem surgiu este convite?
Aquiles / Eu sempre fui um grande apreciador da música instrumental. Quando eu tinha a minha banda instrumental, ensaiávamos no estúdio do Frank Solari, em Porto Alegre (RS), e ele já tinha me dito que um dia faríamos um som mais pesado juntos. Quando surgiu o Tritone, ele me convidou para ouvir o CD, e me perguntou se eu não estaria afim de fazer a turnê de divulgação deste do disco (Just for Fun... Maybe Some Money). Aceitei, é claro, pois isso elevaria ainda mais o nível do Hangar, além de nos ajudar bastante. Me dei super bem musicalmente com eles, tanto que o Sérgio (Buss) me convidou para gravar as baterias do seu próximo disco solo em janeiro de 2000. Tive total liberdade para refazer as partes que eu achava necessário, mas não descaracterizei as músicas, pois as pessoas que compram os CD’s querem ir ao show e poder ouvir as estruturas como elas realmente são. Estamos dando segmento na turnê e temos feito algumas apresentações pelo Brasil afora
Whiplash! / [para Aquiles] Você diria que, através de suas apresentações com o Tritone, o Hangar ganha em termos de uma maior divulgação?
Aquiles / Sem dúvida, pois tenho tido contato com muitas pessoas do meio musical e isso abre muitas portas para o Hangar. Consequentemente, isso também eleva o nível técnico/musical do Hangar. Os próprios integrantes do Tritone me dão uma força na hora de divulgar do Hangar, e ainda posso fazer contatos que tragam algum benefício para nós.
Whiplash! / Muitas bandas atuais de heavy metal estão deixando de criar algo novo para seguir, identicamente, linhas do power metal e heavy melódico. Vocês acham que está havendo muita repetição no cenário, como um todo?
Fernando / O grande fato é que hoje existem muitas bandas em cada estilo, e isso acaba saturando um pouco o mercado. Vocês podem ver pelos anúncios de bandas novas, sempre tem alguma referência para que o interesse do público seja aguçado. Não vemos isso como uma ameaça ou problema, pois sabemos que as bandas que ainda estão na ativa, e que tem o respeito do público são aquelas que criaram, identificaram um estilo e marcaram época. A tendência, como em qualquer outro mercado, seguirá a velha regra: "Os originais permanecerão e as cópias se perderão no tempo e cairão no esquecimento.
Whiplash! / Por favor, deixem um recado para o Whiplash! e outro para os fãs do Hangar, inclusive àqueles que irão se tornar a partir desta entrevista.
Aquiles / Gostaríamos muito de agradecer a Whiplash! pelo espaço cedido, não só para o Hangar, mas por todo trabalho e apoio que vocês têm dado para os músicos de bandas nacionais. Podemos dizer, com certeza, que esse tipo de atitude era o que faltava para que as bandas do Brasil fossem vistas de uma maneira mais profissional. Queremos também mandar uma grande abraço para os todos os nossos fãs que, de uma maneira ou de outra, nos apoiam, compram o nosso CD e vão aos nossos shows. Vocês são as pessoas mais importantes para nós.

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