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Torture Squad: Um grande marco da música pesada no Brasil

Resenha - Esquadrão de Tortura - Torture Squad

Por Rodrigo Lourenço Costa
Postado em 05 de abril de 2014

Primeiramente, vou discorrer aqui sobre o álbum em si, não entrando no mérito da discografia anterior do Torture Squad e sua mudança de formação. Farei aqui uma análise sobre o documento em si e sua temática histórica.

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O álbum "Esquadrão de Tortura" é o sétimo registro da banda brasileira Torture Squad, e traz uma sonoridade calcada no Thrash Metal, mostrando uma mudança no estilo após a mudança de formação.

Em sua parte lírica, o álbum conceitual fala sobre o período da Ditadura/Regime Militar (1964-1985) que governou o Brasil e deixou um rastro de sangue e violência que nunca será (nem devem) esquecido.
As onze faixas contam, em ordem cronológica, eventos importantes desse período. E a parte mais interessante está exatamente na forma como a história é contada. A começar pela apresentação gráfica com dois encartes.

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O encarte principal não conta com as letras (que são cantadas em inglês) e sim, com pequenas explicações acerca do tema das abordado nas letras, para que o ouvinte possa compreender o contexto. Essas sinopses estão em português, com informações precisas, e são fundamentais para que as os ouvintes possam contextualizar as letras e entender a mensagem que a banda quer passar. O segundo encarte em forma de pôster traz as letras das canções de forma convencional, além de fotos dos integrantes da banda em locais significativos dentro do conceito do álbum.

Todas as músicas são de composição da banda, que contou com o suporte de um historiador (o professor Alexandre Rossi Carneiro) e um jornalista (Roniwalter Jatobá). Esse apoio teórico foi decisivo na concepção do álbum, e como dito anteriormente, traz informações confiáveis sobre o assunto, não caindo em visões maniqueístas ou simplistas, porém dentro um viés narrativo bem claro. O trabalho de pesquisa foi realmente levado a sério, e o resultado traz ao ouvinte uma representação objetiva do recorte histórico apresentado.

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Nota-se que tal como um filme ou livro, a música com conteúdo histórico é também uma representação concebida através de uma visão, cujo resultado pode apresentar maior ou menor grau de confiabilidade. E neste caso, o Torture Squad apresenta uma boa argumentação teórica para a ideia que sustenta durante as onze canções do álbum.

A composição das letras buscou informações amplamente estudadas e documentadas, como exemplo a canção "No Escape From Hell" que fala sobre o planejamento do golpe com a ajuda dos EUA (na chamada operação Brother Sam) e a fuga de Jango após a sua queda. Além disso, as referências históricas e as letras estão permeadas de nomes, datas e locais, que são utilizadas como "Lugares da Memória" servindo como maneira de transmitir outros tempos para uma geração que não viveu aqueles eventos (NORA 1993, p.21-22).

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O álbum, com sua temática histórica que reproduz eventos não contemporâneos, é uma fonte secundária de análise historiográfica, fazendo uma leitura dos eventos através de uma linha de pensamento bem definida. As canções mostram a repressão aos que se opunham ao regime, que sofreram tortura, foram mortos ou exilados. É a leitura mais "clássica" do período, feita justamente pelos que sofreram com a violência e a censura (principalmente os intelectuais e líderes estudantis ligados aos partidos de esquerda).

Entretanto, o álbum finaliza com a canção "Fear to the World" onde o Torture Squad aborda o fim do Regime Militar e os anos que seguiram com a redemocratização do país, e traz mais dúvidas do que satisfação, pois concluem que os perseguidos de outrora se tornaram os corruptos de hoje, e que o mundo ainda é cheio de desigualdades que estão sempre a gerar novas ditaduras.

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Para finalizar, a parte melódica casa-se perfeitamente com as letras pois imprimem a raiva e a tensão necessárias para levar o ouvinte a experiência que o conceito do álbum deseja transmitir. Além da parte instrumental, destacam-se também os efeitos extramusicais, principalmente o discurso do Ato Institucional nº5 (AI5) que abre a música "Architecture of Pain".

Sem dúvida, um grande trabalho da banda, que além de tornar-se um grande marco da música pesada no Brasil, torna-se um documento para a discussão e análise de um dos períodos mais conturbados, emblemáticos e estudados da história nacional.

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Referências:

TORTURE SQUAD. Esquadrão de Tortura. 2013. Substancial Music.

NAPOLITANO, Marcos. A História depois do papel. In PINSKY, Carla Bassanezi (org.) Fontes Históricas. 2ª Edição, São Paulo: Contexto, 2010.

NORA, Pierre. Entre história e memória: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. São Paulo, v. 10, p. 7-28, 1993. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)

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