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Pearl Jam: "Ten", em 1991, o primeiro álbum da banda

Resenha - Ten - Pearl Jam

Por Brunelson T.
Postado em 19 de fevereiro de 2014

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

É sem dúvida um álbum épico, (o tamanho dessa definição faz com que muitas pessoas prefiram o tom mais restrito e intimista dos álbuns posteriores, mas acho difícil negar que ele é um grande álbum no melhor sentido da palavra) que tem algo a dizer (como sempre em cada álbum do Pearl Jam) e quer dizer bem alto para ter certeza que a mensagem não se perca.

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Você pode perceber (musicalmente falando) a influência da levada "funk rock americano" em algumas músicas (aqui no Brasil é um perigo falar a palavra "funk", pois o som que as comunidades das favelas fazem lá no Rio de Janeiro e São Paulo não é "funk", e sim, um "rap" muito primitivo). Essa levada "funk" é nítida, podendo ser observada principalmente pela levada do baixo (levada esta em que os dedos do Jeff não param de dançar no braço do baixo, em que o layout dos movimentos é desenhado nas formas vertical/horizontal/vertical, de cima para baixo e vice-versa, e não somente na linha horizontal como no "punk rock", por exemplo), pelo jeito de cantar rápido e levemente "funkeado" do Eddie, além da levada da bateria do Dave, que nas músicas quebradeiras ele não leva uma bateria no estilo "punk rock" e sim, a levada "funkeada" com várias viradas da bateria sendo feitas nos pratos e percussões (junto com a cadência/batida característica deste estilo, no bumbo) e não somente na caixa, tons e surdo. Exemplos destes 03 elementos podem ser escutados em músicas como: Once, Even Flow, Why Go, Porch e Dirty Frank. Esta última nem entrou no álbum, ficou de fora assim como várias pérolas ficaram de fora deste e de cada álbum que o Pearl Jam lançou, mas para aqueles que não conseguiram assimilar o que foi escrito aqui na teoria, com certeza vocês irão entender se experimentarem a forma empírica da coisa. Escutem Dirty Frank e vejam se não há estes elementos na música, assim como é nítido e clara em várias músicas do Red Hot Chili Peppers (vou citar somente 02 músicas deles; Give it Away e Can't Stop), banda esta que possuem várias músicas no estilo "funk rock". Prova disso é que Dirty Frank foi composta durante uma turnê que o Pearl Jam fez junto com o Red Hot Chili Peppers. Estes pontos levantados são mais fortes e visíveis no álbum Ten do que em qualquer álbum lançado pela banda até hoje!

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Ao mesmo tempo, há uma intimidade nas letras das músicas por serem tratadas sobre outras pessoas (Once, Even Flow, Why Go, Jeremy, Deep, Dirty Frank, Footsteps Alone, Brother, Just a Girl, State of Love and Trust, sendo que as seis últimas não entraram no álbum), sobre o próprio Eddie (Alive, Black, Release) e pela própria música ser maior que tudo, onde uma conexão muito pessoal é feita. Muito disso acontece devido à voz do Eddie, porque você é convidado a habitar os personagens dessas histórias e sentir o que eles sentem. Elas são histórias, mas as histórias são sobre você! Isso é uma façanha incrível e uma das coisas que fez o Eddie um dos melhores vocalistas/compositores do nosso tempo.

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Também vale a pena mencionar o quanto o Pearl Jam significa como um todo (não irei falar musicalmente agora) e o que os difere (que ficou claro desde o início) dos seus colegas da mesma cidade natal (Seattle) que vieram na mesma época, como Nirvana, Alice in Chains, Soundgarden, Mudhoney, Screaming Trees e outros... Todas estas bandas eram consideradas "grunge" e escreveram músicas para pessoas insatisfeitas, mas era um tipo de insatisfação que diferia do movimento "punk rock" dez anos antes (final dos anos 70, com Ramones, Sex Pistols, The Clash e outros...). O "punk rock" era uma música escrita por/para "outsiders", pessoas de fora da cena. O que fez do "grunge" diferente é que ele era escrito para pessoas de dentro que ainda sentiam-se insatisfeitas. De certa forma, músicas feitas para a classe média branca que tecnicamente tinham o que queriam, mas ainda sentiam que havia algo faltando. A música foi uma busca para achar esta parte que faltava.

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Desde o início havia uma dimensão social/política na música que o Pearl Jam fazia, um desejo e uma necessidade de confrontar o mundo exterior e assim tentar desvendar o que aconteceu de errado, o porquê de não estarmos vivendo o que nos foi prometido quando éramos crianças, e, acima de tudo, descobrir o que podemos fazer com relação a isso (02 músicas que ilustram bem isso são, Wash e Let Me Sleep, outras pérolas que também não entraram no álbum). Isto é o que difere o Pearl Jam das outras bandas de Seattle.

Agora, o que o Brunelson vai escrever é baseado em matérias, reportagens, declarações, documentários, estudos em enciclopédias e muita leitura de livros que possuo que narram a biografia de várias bandas, pois o Brunelson não é americano e nem nasceu/cresceu na cultura americana. Se você for resumir com uma palavra o tema do álbum Ten, essa palavra é "traição". A música do início dos anos 90 foi escrita para os filhos cujo pais eram jovens/adultos na geração de meados dos anos 60 e da década de 70. Este período foi um dos grandes picos da onda do rock, onde a música tentava com todas as forças ser transformativa, tentava corrigir os erros do mundo (Vietnã, vou dar um exemplo somente) e servir como fonte de inspiração e emoção para as pessoas. Em seguida, estes pais cresceram/envelheceram e deram ao país 12 anos de Regan e Bush (presidentes dos EUA). Ao invés de idealismo, havia um vácuo do hedonismo e a glorificação da ganância (ambas do governo para a população). A geração do início dos anos 90 cresceu em meio a essa falha na revolução proposta pelos seus pais. Essa nova geração sentiu-se de alguma forma traída, havia a sensação de que uma grande promessa havia sido perdida e que as pessoas não tinham idéia para onde ela foi e o que aconteceria dali em diante. Em relação a isso, podemos citar 02 músicas (Porch e Garden) que abordam essa questão geral da coisa, mais ampla, ou seja, sendo o tópico principal a sociedade e a convivência/ relacionamento em si.

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Essa foi a mentalidade que ficou em pauta para aquelas pessoas da "geração X" (como foi chamada a geração do início dos anos 90 pela mídia). Todas as grandes bandas "grunge" (citadas acima) falaram dessa experiência, todas tentavam de alguma forma lidar com esse sentimento de traição e despropósito com as coisas ao seu redor. A questão é que a maioria dessas músicas eram niilistas e permitiam, ou celebravam, a sua própria dor. O Pearl Jam foi a única banda desse período que conseguiu erguer-se diante desta situação, e o que fez o álbum Ten um trabalho tão magnífico, não foi apenas o fato da banda expressar tão fortemente a sua fúria, medo, raiva e insegurança do momento, mas de que quase todas as sua músicas tem um momento de luz, uma rota de fuga.

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Álbuns posteriores começaram a cristalizar melhor o que essa rota de fuga poderia significar, mas isso é assunto que cada álbum irá nos dizer mais tarde. Falando do álbum Ten, esta rota de fuga aparece mais como uma promessa, uma esperança sombria para uma futura redenção. O que estava claro era o senso de comunidade entre as pessoas (e entre estas bandas também, pois eram todos amigos/camaradas, não havia "competição" entre eles) criado a partir da música: "se nós nos juntarmos, talvez consigamos achar o caminho". Mas, de novo, no álbum Ten ainda não há respostas (seria a música Breath, mais uma pérola que ficou de fora do álbum também, que articula isso mais claramente dentre as músicas desse período), somente a esperança de que a resposta está em algum lugar, manifestada muito através da voz do Eddie e das suas letras. A catarse não é intelectual, é emocional e experimentada com um poderoso imediatismo.

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Essa é a verdadeira fonte de carisma do Eddie, especialmente naqueles anos. Ele ainda não era solto e articulado, além disso era tímido e pouco comunicativo, mas quando cantava, você SABIA, de um jeito que poucos cantores conseguem capturar e transmitir, que ele sentia o que você sentia e que estava procurando as respostas com você, e se nós ficarmos juntos com ele e juntos com todos os outros, nós encontraríamos uma resposta.

Outro ponto que eu gostaria de ilustrar seria a influência musical já admitida pelo próprio guitarrista da banda, o Mike, que ele tem pelas guitarras frenéticas de Jimi Hendrix (Jimi também nasceu em Seattle e é considerado pela mídia e por mim também, o melhor guitarrista de todos os tempos). Nesta influência/semelhança, podemos destacar principalmente os seus solos, além dos acordes e o jeito de tocar guitarra que o Mike aplica, como por exemplo, na música Yellow Ledbetter (outra super pérola que não entrou no álbum). Esta camada sonora da guitarra é nítida em quase toda a audição do álbum. A princípio, esta música contêm uma triste letra romântica do Eddie, mas conforme o Mike já falou em uma entrevista em 2003: "eu ainda não sei do que se trata e eu não quero saber! Eu amo ela. Fãs adoram também!"

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A única música que ainda não foi citada deste álbum, nesta resenha, foi Oceans. Até porque, mesmo o álbum ainda não apresentar esta rota de fuga, pelo menos seria um pit-stop nesta cruzada toda, aonde o Eddie dá uma pausa e procura relevar nas letras as obras divinas que nos cercam e nos revigoram, falando da natureza, ondas, surf, oceano, maré e correntes marítimas... E musicalmente falando, (assim como aconteceu em Let Me Sleep) seria a primeira de várias músicas que o Pearl Jam procura incluir em todos os seus álbuns, com uma levada da bateria meio tribal, fugindo um pouco daquela fórmula de praxe já conhecida de tocar bateria (nos álbuns posteriores, as vezes, não sendo necessariamente na totalidade de uma música, mas pelo menos em algumas partes de certas músicas que possuem esta levada tribal ou, em vez disso, uma levada somente nas percussões).

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Somente no ano de 2011 que pudemos ouvir, com graça, uma música escondida do Pearl Jam desta mesma época, alcançar a luz do dia, inédita, sem nenhuma performance ao vivo anterior ou gravações em materiais não oficiais da banda. Esta música se chama Acoustic #1. (Foi lançada para a comemoração de 20 anos da banda, no álbum duplo chamado PJ20). É uma pena que eu não tenho a letra desta música para tentar traduzi-la, mas o que eu posso dizer sobre ela, é que se trata de uma fita perdida encontrada no fundo de uma caixa que estava marcada com a palavra "Singles". Por isso, nos rendeu a esta espiada no processo criativo de uma banda recém formada (no embrião ainda, tanto que dá para ver pelo nome da música, uma demo). Nesta música podemos verificar o Eddie e o Stone (o outro guitarrista da banda) trocando ritmos e ideias, explorando o seu potencial como recém conhecidos. A melodia e as ideias desta música ainda soam frescas nos dias de hoje.

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E para finalizar esta humilde resenha, a introdução do álbum (que dura poucos segundos, antes da primeira música começar) e que também é a mesma faixa escondida que está no final do álbum, se chama Master/Slave. Faixa instrumental, já mostrando desde o início, os primórdios do experimentalismo que a banda iria aplicar em futuros álbuns.

Nota: até o ano de 2013, estima-se que o álbum Ten já vendeu mais de 13 milhões e 500 mil cópias em todo o mundo (averiguado por órgãos oficiais, os dados não oficiais chegam em 30 milhões de cópias vendidas), entrando para um seleto grupo de apenas 22 álbuns que ultrapassaram a linha de 10 milhões de álbuns vendidos na história do rock'n roll. Hoje, ele se encontra no ranking nº 16 dos álbuns mais vendidos...

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Track-list:

1- Once
2- Even Flow
3- Alive
4- Why Go
5- Black
6- Jeremy
7- Oceans
8- Porch
9- Garden
10- Deep
11- Release

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