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Dream Theater: Banda escorrega em suas virtudes e se repete

Resenha - Dream Theater - Dream Theater

Por Daniel Junior
Postado em 10 de fevereiro de 2014

Nota: 5

Passado o frenesi que culminou na saída do seu baterista, idealizador, marqueteiro, letrista, organizador, etc, Mike Portnoy, o mundo do metal progressivo voltou seus olhos e ouvidos para aquele que de fato seria o disco em que Mike Mangini contribuiria de maneira definitiva como um membro do Dream Theater.

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O disco homônimo lançado em setembro (29), segundo os próprios membros da banda, tinha duas funções bastante claras: a primeira era fazer um apanhado da história discográfica da banda iniciada em 1989 comWhen Dream And Day Unite, ainda com Charles Dominici nos vocais e Kevin Moore nos teclados, e revisitá-la no novo disco, com seus elementos já conhecidos. A outra era ‘zerar’ a história. Chamar o disco simplesmente de "Dream Theater" era dizer que "daquele momento em diante as coisas teriam outros ares" e que mesmo após 24 anos da sua estreia, a banda teria muito a oferecer.

Não duvido. Nem um pouco. Reconheço o valor artístico de cada atual integrante e o que se espera da banda é sempre além do que estamos imaginando. No entanto, se a primeira tarefa do parágrafo acima foi cumprida tão à risca, que parece que temos mais um disco de covers do DT, a segunda deixa uma pulga atrás das minhas duas orelhas.

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Porque tecnicamente não temos o que desconfiar do grupo de músicos, embora disco a disco, eles tentem provar a si mesmos, que podem fazer mais rápido, mais difícil e às vezes, menos compreensível. Aliás, rotular a banda como progressivo está cada dia mais obsoleto. Está na hora de criarmos um novo gênero (o mercado que me desculpe), porque não é simplesmente criar frases e riffs difíceis: estão compondo suítes intrincadas e fazendo das variações das sete notas um caso para ser estudado não só por músicos mas por aqueles que dominam as leis da física.

Feita a rasgação de seda, eu digo até com temor do que pode vir nos comentários, que eu não curti (e nem compartilhei, rs) quase nada do último disco da banda. A excelência da produção foi tão apurada, os timbres estão tão afinados com as propostas textuais, que em minha opinião a banda esqueceu de fazer uma coisinha básica: boas e simples canções.

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E pra não dizer que não falei das flores, meus elogios vão quase todos para James Labrie, que após tantos anos com a banda (após um pequeno início ali com Charlie Dominici), parece ter entendido que mesmo sendo uma banda onde o "barulho" às vezes predomina, é importante uma boa interpretação para que os ouvintes da banda possam sentir saudades do timbre da sua voz nas imensas passagens instrumentais que ela se utiliza.

Uma coisa que me incomoda bastante é: por que temos que ter uma faixa que mereça ser "a melhor faixa já criada pela história do rock" na cabeça dos integrantes da banda? "False Awakening Suite" (dividida em três partes) é tão desnecessária como música de abertura, mas tão desnecessária, que é possível pensar o conceito do disco sem a canção. Poderíamos começar o disco homônimo a partir de "The Enemy Inside", que é uma faixa correta – com alto teor melódico – como em poucas vezes você poderá ouvir no disco. Redonda, por assim dizer, não há dúvida nenhuma de que o DT quando quer, faz uma faixa acessível para os ouvidos mais puristas e menos preocupados com os malabarismos promovidos especialmente pelo senhor John Petrucci e o mestre e mago Jordan Rudess, realmente mais econômico em firulas neste disco do que em outras produções.

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Em seguida temos a segunda melhor faixa pra mim, em um disco com pouquíssimas estrelinhas de destaque, "The Looking Glass" é uma canção que lembra seus melhores momentos em Images and Words (1992) ou mesmo o Awake (1994) onde o arranjo ganhou alguns realces bem interessantes. Bem diferente de "Enigma Machine", que traz várias frases que lembram alguns trabalhos da banda em outros momentos menos inspirados. E ao contrário do que se esperava, até a audição da faixa 4, não dá para perceber um DNA muito definido do trabalho de MM, que para mim seria muito mais explorado. Pelo contrário. Acredito que temos um músico mais contido do que o normal, fazendo sua cozinha (com valor) mas nada que não se encontre na tão talentoso cenário do rock. A faixa instrumental é mais uma que a partir do que se esperava não nos revelou um DT além daquele que já conhecíamos.

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"The Bigger Picture" com sua introdução se encaminhava para ser uma canção ‘normal’. Início doce e suave, uma ponte para uma alta tensão, com guitarra grave e rasgada. Na mixagem final a voz de LaBrie fica um pouco escondida entre as camadas de teclados (uma de strings e outra de piano) e depois temos um solo pouco inspirado (nunca pensei que iria escrever isso sobre Petrucci) e voltamos a um pré-refrão. Será que esta canção passa no teste do tempo? Aquele a qual sempre lembraremos das faixas, assim como lembramos de "The Spirit Carries On", "Erotomania" e "Pull Me Under"? Para não me deixar muito insatisfeito, o final da canção com suas modulações (no baixo) dá um clima mais satisfatório do que o recheio da canção.

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Chegamos à "Behind The Veil" que tem aquele xamanismo musical de Jordan, lembrando a suíte "Octavarium" de disco do mesmo nome. Não ficamos por aí. A quietude é tomada por uma melodia quase falada que não seduzem e não cativam nem após 30 audições (creiam: escutei e enquanto escrevo escuto mais uma vez). Parece que a banda ficou no meio do caminho de como tornar o seu trabalho muito mais popular (em alguns aspectos da canção) e manter a pegada "quanto mais difícil melhor" de várias das suas composições. Não há nada que provoque tesão em "Behind The Veil". Pausa para falar sobre John Myung, que voltou a estar escondido por trás da parede de frases e riffs de guitarra e teclado onde só pode ser percebido quando está ele e a batera. Lamentável. Existe uma outra opção. Aumentar o CD e colocá-lo no talo e assim se dar conta de quem ele está presente.

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"Surrender To Reason" tem uma estética sonora que o DT adotou nos últimos discos: são faixas que começam matadoras ou com muitos e muitos canais de guitarra/teclado e depois vai para uma sonoridade acústica. Nesta, o recurso é utilizado logo no começo, mas pra mim o pecado fica sempre numa "preguiça" (se me permitem a expressão) de construírem uma canção com melodia menos repetitiva. "Surrender To Reason" lembra MUITO várias canções do DT que fica até difícil enumerar. E, sem querer fazer mimimi, mas como se sente falta da personalidade sonora de Mike Portnoy, que teria deixado a faixa menos sinfônica e mais metal, se é que você me entende. Os cortes feitos pelo outro Mike (o Mangini), são tão precisos que parecem ter sidos feitos por um sampler e sinceramente, por mais interessante que seja uma canção, quando ouço uma música quero perceber o que de mais visceral existe nela. Talvez seja uma das piores faixas do CD. Pode ser que você esteja lendo isto e pensando: "este cara é maluco. Como assim, estamos falando de Dream Theater!". Pois é, amigo. A questão é esta mesmo. Estamos falando de uma banda cujo o MAIS sempre é INSUFICIENTE para o que estamos esperando e toda nossa frustração vem desta canção que esperamos nos arrebatar e não vem. Ou mesmo de um momento que digamos: "foi aqui que eles me derrubaram, que canção!". Até esta faixa não é o que acontece.

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"Along For The Ride" é o Dream Theater até simples demais, no entanto, não dá para deixar de admirar aqui esta capacidade que a banda tem (e eu invoquei nos últimos parágrafos) sobre como soar menos competidora consigo mesmo. Entre pentatônicas e quebradas magistrais, uma melodia se expõe para "todo mundo cantar junto". Um sensível James Labrie conduz a música sem querer ser maior do que ela já é. Rudess faz as coberturas que dele se espera. And Petrucci smashes!!! Aqui sim o virtuose a serviço da canção e não o contrário. Até o solo de "flauta boliviana" (apenas uma brincadeira minha) cabe no contexto. Mesmo o baixo no talo do Myung tá pleno durante toda a canção. Temos aqui um belo exemplo quando unimos os esforços técnicos aliados uma pungente melodia assoviável. Why not?

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E aí, para concluir o disco como um filme (pelo menos foi o que declarou inúmeras vezes John Petrucci), a suíte "Ilumination Theory" que, de fato, é um grande momento não apenas do disco, mas do Dream Theater. Aqui as cordas (violinos, violas e celos) são substituídos por uma base bastante grave das guitarras de Petrucci, emoldurando as cordas sintetizadas de Jordan Rudess, em Paradoxe de La Lumiére Noire. O que se houve daí em diante é uma mistura do que faz (ou fazia) Liquid Tensioin Experiment com os "best times" do DT em toda a sua discografia. A sinergia dos membros da banda tem um regente bastante afinado: Mike Mangini está iluminado em tantos contra-tempos e ritmos que impõe às nuances musicais construídas pela banda. Uma letra bem piegas ("Live, Die, Kill"), mesmo com título parecido com filmes do 007, o DT vive seu melhor momento no disco justamente quando está aprontando suas malas para terminar sua viagem.

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Eis que uma das mais belas partes de um arranjo musical se constrói em "The Embrancing Circle", que é o meu tema favorito e talvez um dos top 5 em tudo que o quinteto fez nestes mais de 20 anos de carreira. Um belíssimo ensaio que brinca de maneira muito sentimental com notas ora no campo maior, ora no campo menor. Uma ótima inserção de sensibilidade interrompida pelo baixo de Myung e bateria de Mangini em "The Pursuit of Truth", onde o DT quer soar mais pesado de um jeito que não me agrada muito. Quase forçando a barra. Vale pelo exercício de piano e bateria, numa sincronia absurda de técnica e virtuose. Aqui Mangini está mais "agressivo", agressividade esta que fiquei esperando durante todo o desenvolvimento do CD. A obra fica muito interessante perto do seu fim.

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Tive muita dificuldade em terminar esta resenha por querer passar meus sentimentos sobre DT, o disco, sem que a minha admiração fosse maculada. Não, considero ainda uma das minhas bandas preferidas. No entanto, não só o álbum, mas também o DVD/Blu-Ray, não foi só uma decepção pra mim como recebeu uma "sonora" indiferença de fãs menos ortodoxos. O "Live At Luna Park" é um infeliz registro de uma ótima banda, de longe, é a pior gravação ao vivo do Dream Theater, seja pela mixagem, que simplesmente não confere com nível que o grupo alcançou, como a total falta de pegada de Mike Mangini ao vivo, fazendo com que os fãs de Portnoy sentissem saudades suas. Nada contra os hermanos. Os argentinos deram show mas (a gravação) fica longe do apuro técnico de "Live At Budokan" pertencente à turnê do pesadíssimo Train of Thought.

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Sinceramente? Estou esperando o próximo, que deve sair lá por 2016.

1 – False Awakening Suite
2 – The Enemy Inside
3 – The Looking Glass
4 – Enigma Machine
5 – The Bigger Picture
6 – Behind The Veil
7 – Surrender to Reason
8 – Along for the Ride
9 – Illumination Theory


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Sobre Daniel Junior

Daniel Junior era blogueiro do Diário do Pierrot e do site The Crow (especializado em cinema). Colaborava com o site Seriemaníacos (sobre séries de TV) e com o blog Minuto HM. Começou seu amor pelo rock por causa do Kiss e do Black Sabbath até conhecer outras bandas pelas quais nutriria paixão e admiração como Metallica, Rush, Dream Theater, Faith No More e tantas outras. Daniel faleceu em 2017 e definitivamente fará falta.
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