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Darkness: um tanto genérico e repetitivo

Resenha - Hot Cakes - Darkness

Por Thiago El Cid Cardim
Postado em 17 de novembro de 2012

Na minha primeira audição de "Hot Cakes", o retorno dos britânicos do The Darkness agora com Justin Hawkins saído da reabilitação e de volta ao posto de vocalista, senti que algo me incomodava. Mas não sabia bem o que era. Parecia faltar alguma coisa. Só conseguia dizer que se tratava de um bom disco. Mas... o quão bom? Na segunda audição, no entanto, o mistério logo ficou muito claro para mim. O que faltava em "Hot Cakes" era justamente o fogo, aquela coisa especial que caracterizava nitidamente a banda em "Permission to Land" (2003) e "One Way Ticket to Hell... and Back" (2005). "Hot Cakes" é um bom disco de rock, cortesia de uma boa banda de rock. Beleza. Mas um disco que, pode se dizer, é um tanto genérico e repetitivo, que demora para pegar no tranco. É no máximo uma faísca, ao invés de uma verdadeira chama, do tipo que te incendeia nos primeiros minutos.

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Eu costumava dizer que o The Darkness era uma espécie de cruzamento entre o AC/DC e o Queen. Se "Permission to Land" é o The Darkness ainda mais AC/DC, com um furioso trabalho de guitarras, seu sucessor trazia a banda ainda mais Queen, com mais corais, sintetizadores, efeitos especiais, cítaras, gaitas de fole e demais maluquices. Esta terceira bolacha, "Hot Cakes", parece querer dosar um pouco estas influências, mesclando em partes iguais o Queen e o AC/DC. Mas com um detalhe importante: "Hot Cakes" é o retrato de uma banda aparentemente disposta a pisar no freio, tanto em sua faceta AC/DC quanto em sua pegada Queen. É AC/DC meia-boca e Queen meia-boca. Trata-se de uma banda pegando leve, evitando os exageros que, bem cá entre nós, sempre foram a grande graça por trás do The Darkness. A banda parece ter se tornado mais, digamos, sóbria. Tão sóbria quanto seu frontman, agora definitivamente livre das drogas. Mas sobriedade em excesso pode fazer bem aos integrantes de uma banda de rock, mas não necessariamente às suas músicas.

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Os riffs de "Hot Cakes" são ótimos, mas similares demais aos que qualquer outra boa banda indie inglesa, daquele tipo que a revista NME descobre a cada semana, faria. A grande diferença, talvez, resida nos falsettos de Justin Hawkins, que continuam os mesmos – mas, surpreendentemente, muito mais contidos, mais discretos. Raros são os momentos, como na divertida "Concrete", em que ele de fato se solta, deixa sair aquele cantor que sabia rir de si mesmo e disparava gritinhos ao mesmo tempo histéricos e hilariantes.

"Everybody Have a Good Time" tem uma levada gostosinha. "Nothin’s Gonna Stop Us", aquele primeiro single, apresenta um refrão que você pode até sair cantando junto, mesmo sem perceber. E, no conjunto da obra, "Hot Cakes" vai seguindo assim: uma coleção de músicas legaizinhas. Mas que não chegam a explodir, de fato. Conforme diz um mestre da teoria dos roteiros de cinema: uma história inesquecível precisa cativar o espectador logo nos primeiros 10 minutos de exibição. Ou então você o perdeu, definitivamente. Aplico o mesmo exemplo para um disco memorável: como conjunto, ele precisa te agarrar pelos ouvidos nas primeiras duas, três faixas. E "Hot Cakes" não consegue. Ele vai conseguir um mínimo de empolgação lá pela faixa 7, a sacana setentista "She’s Just a Girl, Eddie".

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Em tempo: vale registro a versão do The Darkness para "Street Spirit (Fade Out)", do Radiohead. Ao invés de delicadeza da interpretação de Thom Yorke e sua trupe, os irmãos Hawkins sentam a mão nas guitarras, oferecendo uma saraivada de riffs que, por muito pouco, não lembram as cavalgadas do mais típico heavy metal inglês. Incrível. E uma exceção ao longo das 11 canções.

"Hot Cakes" não é o disco que se esperava de uma banda que costumava ser uma colagem de referências do hard rock das décadas de 70 e 80, nas letras, no visual, na atitude e, é claro, no som. Este novo The Darkness não tem guitarras pegando pesado e tampouco tem cores, plumas e paetês. "Hot Cakes" é rock ‘n roll. Mas não é o The Darkness que os fãs de The Darkness esperavam. É rock ‘n roll mediano. Falta sal, falta tempero. Falta originalidade. O futuro? A probabilidade é que este The Darkness mais calminho e template seja esquecido em meio às dezenas de bandas que nascem e morrem todas os anos na Terra da Rainha. E, quer saber? Nem os gritinhos de Justin Hawkins vão conseguir impedir isso.

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Line-up:
Justin Hawkins – Vocal, guitarra
Dan Hawkins – Guitarra
Frankie Poullain – Baixo
Ed Graham – Bateria

Tracklist:
1. Every Inch of You
2. Nothin's Gonna Stop Us
3. With a Woman
4. Keep Me Hangin' On
5. Living Each Day Blind
6. Everybody Have a Good Time
7. She's Just a Girl, Eddie
8. Forbidden Love
9. Concrete
10. Street Spirit (Fade Out)
11. Love Is Not the Answer

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Sobre Thiago El Cid Cardim

Thiago Cardim é publicitário e jornalista. Nerd convicto, louco por cinema, séries de TV e histórias em quadrinhos. Vegetariano por opção, banger de coração, marvete de carteirinha. É apaixonado por Queen e Blind Guardian. Mas também adora Iron Maiden, Judas Priest, Aerosmith, Kiss, Anthrax, Stratovarius, Edguy, Kamelot, Manowar, Rhapsody, Mötley Crüe, Europe, Scorpions, Sebastian Bach, Michael Kiske, Jeff Scott Soto, System of a Down, The Darkness e mais uma porrada de coisas. Dentre os nacionais, curte Velhas Virgens, Ultraje a Rigor, Camisa de Vênus, Matanza, Sepultura, Tuatha de Danaan, Tubaína, Ira! e Premê. Escreve seus desatinos sobre música, cinema e quadrinhos no www.observatorionerd.com.br e no www.twitter.com/thiagocardim.
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