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Timothy Leary: o político do êxtase

Por Aline Luz
Fonte: Dangerous Minds
Postado em 12 de janeiro de 2016

Sua trajetória desde os estudos em psicologia ao flerte com o capitalismo pós-moderno.

Timothy Leary, psicólogo norte-americano, é considerado o "Papa do LSD" e um dos mentores da contracultura da década de 1960. Tornou-se um personagem da cultura pop e ganhou uma homenagem feita pela banda britânica Moody Blues, com a canção "Legend of a Mind".

Timothy Leary escreveu um livro em 1957, "The Interpersonal Diagnosis of Personality", que lhe valeu o cargo de professor em Harvard. O livro trata da busca por métodos não-hierárquicos na relação psicólogo-paciente, coloca ênfase na experiência mútua e procura por meios eficazes de alterar a realidade do paciente, retirando-o das estruturas mentais neuróticas através de uma nova visão sobre a personalidade. Foi considerada uma abordagem inovadora e encontra paralelo com a anti-psiquiatria de R. D. Laing.

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Em Harvard, Leary formou um núcleo de pesquisas com a psilocibina, após uma experiência arrebatadora com os cogumelos mágicos no México, fungo de onde é extraída a substância. Essa experiência lhe forneceu a chave que procurava para uma eficaz transformação da realidade.

A partir de então, direciona suas pesquisas para a experimentação com os psicodélicos e também a divulgação dos benefícios dos mesmos, tendo como aliado nessa missão o poeta beat Allen Ginsberg. A dupla apresentou informalmente a psilocibina, a mescalina e posteriormente o LSD para muitos intelectuais e artistas dos EUA e Europa.

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O núcleo de pesquisa de Timothy Leary contava ainda com Richard Alpert, também professor de Harvard, que futuramente se tornaria Ram Dass, filósofo e guru.

A partir do momento em que Leary toma conhecimento do LSD, através do acadêmico inglês Michael Hollingshead, tal substância foi adotada como principal matéria de pesquisa.

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Ao mesmo tempo, se iniciavam as perseguições contra seu grupo de estudos em Harvard, fruto da divulgação promovida nos meios da alta cultura e de alguns resultados satisfatórios em experimentos, que começaram a inquietar os defensores das terapias tradicionais.

Em sua autobiografia, "Flashbacks: surfando no caos", ele conta ainda que um dos motivos para a perseguição também era o interesse da CIA em descobrir técnicas de controle mental através de substâncias alteradoras da consciência, para serem usadas como arma de guerra, com a finalidade de facilitar interrogatórios ou promover a inutilização temporária (em muitos casos, permanente) de tropas, pessoas, povoados.

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O LSD era uma das substâncias pesquisadas com esse fim em um projeto secreto (hoje não mais) chamado MKULTRA. O pano de fundo desse interesse militar em controle mental era a Guerra Fria.

Outro divulgador de psicotrópicos foi Aldous Huxley, através de seus livros "As Portas da Percepção" e "Céu e Inferno". Porém, seu tom literário não visava o ganho de adeptos e nem possuía o fervor de um manifesto, como os textos e os discursos de Timothy Leary.

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Uma das críticas recorrentes feitas a Leary é a de que a maneira messiânica com que conduzia o assunto era prejudicial à pesquisa e contribuía ainda mais com a desinformação promovida pela mídia sensacionalista.

Desde as primeiras décadas do século XX, já havia grande número de intelectuais e cientistas interessados na pesquisa de substâncias psicotrópicas. Boa parte acreditava que a divulgação em massa atrapalharia uma vivência mais consciente do impacto da experiência psicodélica, dentro de uma sociedade que não estava acostumada a lidar com formas não-racionais.

Mas o grande sonho de Leary era justamente construir ferramentas para a alteração da realidade que fossem acessíveis a todos, de uma maneira pragmática, democrática e considerada por ele como não-elitista.

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Suas ideias de não-hierarquia e a busca por ampliações do modo de pensar e agir, levou-o a formular a Política do Êxtase, exposta em um de seus livros: "The Politics of Ecstasy", de 1968.

A política do êxtase é definida como uma política do direito à liberdade interna, do direito de manipular e conhecer as potencialidades do próprio cérebro, de programar a própria mente e fugir do temido controle de manada, mas ao mesmo tempo, essa é uma ideia que encerra um risco de alienação individual, da criação de bolhas de realidade pelo próprio sujeito, que podem torná-lo isolado da realidade social.

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A política do êxtase é a política do direito ao hedonismo sem culpa, do direito de não sofrer ou de se recusar a sofrer, do direito à ampliação da consciência. Uma política cujo ideal é levar à realização final de que tudo está interligado, à globalização da mente. Uma proposta de vivência da realidade que é coletiva e individual em conjunto ainda com o virtual (aquilo que desejo), bem similar ao que temos hoje com a internet.

Timothy Leary chama o direito à liberdade interna de 5º (quinta) Liberdade, termo que vem em adição às quatro liberdades proferidas em um discurso de Franklin Delano Roosevelt – "The Four Freedoms", uma ode à democracia e ao princípio fundante da independência dos EUA, de apoio às liberdades individuais, à liberdade de expressão, que os tornou conhecidos como a "Land of the Free."

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Na década de 1960, a liberdade interna mais temida era a liberdade de explorar novos estados de consciência. Estes estados trazem abertura a novos modos comunicantes, não-lineares e não exclusivamente verbais. Isto alia-se às transformações tecnológicas que levaram à internet. Aliás, Timothy Leary posteriormente tornou-se entusiasta da Cybercultura.

A arquitetura descentralizada da internet ajuda a formar agrupações sociais também descentralizadas e a dar voz às ideologias que a defendem, sejam anarquistas, apolíticas ou neoliberalistas. Timothy Leary, por sua vez, era contra a divisão direita/esquerda, o que considerava uma polarização ultrapassada.

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O fator de mudança preponderante para ele se situa na juventude pós-1945, acostumada desde o nascimento com o modo de percepção não-linear moldado pelas novas tecnologias da informação.

Nos anos 1960, o novo, defendido pela contracultura, era incompreendido tanto pela direita quanto pela velha esquerda, formada por pessoas de meia-idade ou mais velhas, acostumadas com modos de percepção lineares, cujo esquema formal de construção de mensagens ainda era o da linguagem escrita, em sua maior parte. A ascensão da imagem como importante meio de comunicação tornou a apreensão não-linear dominante.

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A nova política seria centrada mais na forma do que no conteúdo, mais no impacto e na ação do que em longos discursos, como foi demonstrado pelos Yippies - Youth International Party, cujo ápice foi o ano de 1968. A nova política deveria ser capaz de lidar com o caos ao invés de impor uma ordem.

Timothy Leary criticava o Comunismo, afirmando que é uma ideologia que vai contra a liberdade interior, mas também criticava a política de seu país com respeito a guerra às drogas, ao sistema carcerário, à tirania religiosa e, portanto, incentivava as pessoas a formarem seu próprio culto.

Em 1969, ele prepara a sua candidatura ao governo do Estado da Califórnia, o que não deu certo devido a problemas com as leis antidrogas do então presidente, Richard Nixon, que o perseguia.

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No entanto, Leary chegou a dar entrevistas e a anunciar um plano de governo no qual sua política do êxtase se materializaria na "eliminação dos impostos, das frivolidades burocráticas e (...) a conversão das escolas de segundo grau, faculdades e penitenciárias em instituições lucrativas. "

Além disso, reivindicava a votação eletrônica direta em substituição à eleição de representantes, "resultando na descentralização e aumento da autonomia local", conforme nos conta em sua autobiografia.

Ao ouvirem falar de sua intenção de ser candidato em uma eleição, John Lennon e Yoko Ono decidiram expressar apoio. A canção "Come Together" começou a ser composta para servir de jingle da campanha e terminou como uma faixa do disco "Abbey Road", dos Beatles.

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Em 1988, cerca de dez nos após conseguir se livrar da condenação por porte de maconha que o colocou na cadeia entre 1969 e 1976, Timothy Leary mostra-se próximo à política mais uma vez, apoiando o candidato republicano Ron Paul, que naquele ano concorria à Presidência pelo Partido Libertário, um partido cujo lema é unir ideias econômicas liberais com ideias de liberdade individual.

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Acreditam no livre mercado, no capitalismo pós-moderno como uma manifestação dessa arquitetura orgânica ou descentralizada na qual as tecnologias atualmente se baseiam.

A política do êxtase de Timothy Leary não é de esquerda e nem de direita, como o mesmo a define. Possui aspectos anárquicos, mas também não é anarquista. Podemos defini-la como aliada ao capitalismo pós-moderno. É uma política a favor da total liberdade interna, mas condena o lado fraco do ser humano, o sofrimento, o fraquejo ou o medo.

O prazer deve ser imediato, vivido como uma experiência direta. Isso é positivo, mas esconde uma condição: a alienação do eterno êxtase, que podemos descrever como a alienação da sociedade do espetáculo ou o ópio do povo, levando a crer que apenas o exílio em realidades mentais alternativas será capaz de mudar completamente a realidade concreta.

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Bibliografia

LEARY, Timothy. Fashbacks "surfando no caos": uma autobiografia. Tradução de Hélio Melo. São Paulo: Beca produções culturais, 1999.

LEARY, Timothy. The Politics of Ecstasy. Oakland: Ronin Publishing Inc., 1998.

Timothy Leary was a Ron Paul supporter (was he high???) – pulicado no site Dangerous Minds.
http://dangerousminds.net/comments/timothy_leary_was_a_ron_paul_supporter

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Sobre Aline Luz

Formada em Artes Visuais e fã de rock desde pequena.
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