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Uli Jon Roth: O Último Guardião das Cordas Sagradas

Por Ronaldo Celoto
Postado em 15 de dezembro de 2013

I – Introdução

Em 18 de dezembro de 1954 nascia ULRICH HANS JOACHIM ANTON JOSEF ROTH, para mudar para sempre a história da música erudita, fundindo-a ao rock clássico de maneira sobrenatural e divina. Eis aqui, um pouco de sua mágica história.

II – O Iniciado Que Já Era Mestre

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Prestes a completar 20 anos, este HENDRIX ariano apresentou-se e simplesmente transformou um álbum aparentemente com influências da vertente progressiva inicial do SCORPIONS (o antológico "Fly To The Rainbow") numa tempestade elétrica de distorções, efeitos, alavancas e uma impressionante técnica criativa, para além dos domínios estratosféricos da música. E ali, ele surgiria para nunca mais deixar seu nome ser esquecido entre os quatro elementos máximos da divindade sonora: terra, água, ar e fogo.

ROTH não era tímido ao tocar. Ao contrário, ele fundia todos estes elementos em sua alquimia voraz, e, recriava, sem mesmo ter consciência, o quinto elemento: o relâmpago. Sim, pois ouvir o dedilhar de seus dedos em flashes incríveis e atmosféricos era como que ressuscitar o menino JAMES MARSHALL HENDRIX e oferecer a ele uma energia tão vibrante como que de um cavaleiro medieval, um herói capaz de repousar entre as lendas do escritor J. R. R. TOLKIEN, mas, diferente de anunciar-se o "Senhor dos Anéis", ele (ROTH) era o próprio "Senhor da Guitarra", e, com pouquíssima idade (repita-se: quase 20 anos). Basta ver o seu trabalho abaixo, na estratosférica canção "Drifting Sun".

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Mas, deixando um pouco de lado a magistral época dos SCORPIONS (que tentei e ainda tento contar, disco por disco, em forma de resenhas em alguns sites e para alguns amigos), quero focar esta matéria um pouco mais no ROTH alquimista (em termos musicais), que destilou em poções a música erudita, fundindo-a aos elementos do blues e do rock, e, por fim, às próprias sinfonias clássicas que começou a compor, em arranjos para piano e guitarra, numa verdadeira metamorfose inicial construída por sua banda ELECTRIC SUN, e, seus brilhantes registros, dos quais quero fazer menção a dois em especial: "Earthquake" e "Firewind".

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III – A Primeira Alquimia

O projeto "Earthquake" nasceu de toda visceralidade que ROTH guardava após descobrir que o espaço entre sua áurea criativa e a proposta do SCORPIONS para os próximos álbuns estava a distanciar-se. Ele poderia, sim, ter permanecido e escolhido o altar de uma popularidade que pessoalmente ele nunca teve, ao contrário da banda, que merecidamente, é um dos maiores expoentes vivos do rock mundial. Mas, como todo guardião espiritual, aqueles que brilham como gurus nos romances e aventuras míticas, ROTH preferiu ser uma espécie de YODA, pertencer à sagrada ordem dos cavaleiros que vivem isolados em um mundo peculiar, distantes da fama e das rádios, transcendendo caminhos para além dos horizontes, apenas para satisfação do seu próprio espírito. O álbum é vigoroso e marcante, uma explosão de talento, galgado por sua voz com timbre "hendrixiano" (mais rouca, é verdade) e uma capacidade rítmica incrível. Quem ouve as canções "Sundown", "Burning Wheels Turning" (solo espetacular, um verdadeiro transe técnico, como que a descrever a separação dos continentes e a enxurrada de vulcões e maremotos sobre o planeta), "Electric Sun" e o jeito cavalgado à lá HENDRIX em momentos de petardos divinais, a triste e curta instrumental "Winterdays" (maravilhosa) e o epitáfio "Earthquake", onde ROTH reproduz, com a guitarra, a sensação de estarmos a presenciar realmente um terremoto, carregado de labaredas de fogo, vento e destruição, para, de repente, em meio à sublimação das águas, a densidade toma forma e abastece novamente, a natura. Um destaque muito pessoal, com todo mérito, é a bateria incrível de CLIVE EDWARDS, e, o baixo muito bem sentenciado de ULE RITGEN.

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E, como se não bastassem as rajadas de terra e fogo disseminadas no primeiro álbum, era a hora do grande alquimista trabalhar com a água e o vento, e, fazer surgir "Firewind", se permitem, um dos melhores discos de todos os tempos feito por guitarristas. Desde a base inicial (que na verdade era um solo) de "Cast Away Your Chains", onde ULI mergulha definitivamente nas letras sobre paz e libertação de espírito, escolhas individuais e amor, passando pela cavalgadíssima "Indian Dawn" e sua elegia ao massacre de um povo, flertando novamente com HENDRIX na balada "I’ll Be Loving You Always" (solo lindíssimo), até o estupefar de raios, trovões, chuva e vendavais através da epopeia de "Firewind", a cataclísmica "Prelude in Space Minor" (show de efeitos espetaculares), culminando com a introspectiva e maravilhosamente acústica "Chaplin and I", que conta a bela história de um sonho entre dois andarilhos, um dele, ULI, o outro, o aclamado gênio do cinema e o seu personagem "vagabundo"; e, por fim, o ressonar dos motores de aviões (feito incrivelmente com sua guitarra), a batalha e os ataques sobre uma Hiroshima desprotegida na canção testamento, denominada "Enola Gay" (Hiroshima Today?), transformam esta obra num clássico absoluto. A cozinha manteve-se pura e cristalizada, com uma sonoridade tão avassaladora quanto o consagrado "EXPERIENCE" dos anos 60 (super-trio formado por HENDRIX, MITCHELL e REDDING). Destaque para a presença do talentosíssimo músico SIDHATTA GAUTAMA na bateria, completando a nova formação do ELECTRIC SUN.

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IV – A Segunda Alquimia

Mas ROTH queria mais. E, experimentou ápices para além do rock, mergulhando de forma definitiva no erudito clássico, num trabalho orquestral belíssimo. Para piorar (no bom sentido), ROTH também toca piano e arranca do instrumento arpejos absolutamente impossíveis.

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Sim, o mundo presenciava a era da SKY GUITAR, desenvolvida de forma artesanal por ULI para que uma das cordas tivesse uma sonoridade característica a de um violino, além de todas as demais soarem de forma incomparável.

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E, como se não bastasse, ele chega ao eco divisor entre passado e futuro, reinventando as famosas "Quatro Estações" de VIVALDI, no trabalho "Metamorphosis" (2003), mostrando um talento para além das heranças de seus estudos, que vieram inicialmente dos mestres do violão clássico ANDRES SEGOVIA e JULIAN BREAM, passando por CHOPIN, MOZART, BEETHOVEN, BACH e o próprio VIVALDI, e, claro, JAMES MARSHALL HENDRIX.

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E, quando parecia não haver mais caminhos a trilhar, o gênio ULI é convidado pelos SCORPIONS para participar de um concerto histórico, em WACKEN (2006), ao lado do também brilhante MICHAEL SCHENKER, e, o resultado foi um registro para além de todas as memórias vividas por qualquer fã.

Após 2008 e seu trabalho intitulado "Under a Dark Sky" (2008), ROTH navegou novamente entre as tempestades do passado, passando a excursionar em turnê revivendo grandes momentos ao lado do SCORPIONS e do ELECTRIC SUN, em concertos muito mais que aguardados por fãs e músicos do mundo todo, já tendo passado inclusive por terras brasileiras, e, deixando evidentemente, saudades.

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E assim, conclui-se este pequeno registro da obra deste ícone entre todos os ícones não enaltecidos, que vive numa espécie de Monte Olimpo paralelo da música, alimentando-se das notas musicais, jamais da fama.

V – Num Buraco do Chão Vivia Um Hobbit

Num Buraco do Chão Vivia Um Hobbit... Numa Escala de Cordas Nasceu e Ainda Vive Uli Jon Roth. Decidi terminar o texto com uma menção à fantasiosa epopeia dos Hobbits em busca de um anel capaz de restabelecer a paz em todo o mundo. Tudo isto para dizer que, talvez, um dia, ainda exista uma nota ainda não decifrada, capaz de restabelecer o equilíbrio da música entre todos os milhares de grandes guitarristas que povoam este planeta. MALMSTEEN e sua virtuose, VAI e sua alegria rítmica, EDDIE VAN HALEN e seu pioneirismo técnico, BLACKMORE e sua energia em forma de grandes composições, IOMMI e sua brutalidade lírica transformada nos riffs mais influentes do universo metálico, CHUCK BERRY e sua pegada despretensiosa, carregada de energia e feelings, DAVID GILMOUR e sua serenata ao luar melancólico diante de um céu totalmente "blue", MICHAEL SCHENKER e as lágrimas artísticas que escorrem de sua Jackson Flying V como se fossem sonetos shakespereanos, MARC KNOPFLER e seus dedos sem palheta, JIMI HENDRIX e sua fábula criativa de truques e técnicas, sendo que este último, talvez seja o grande e máximo representante desta trupe de tantos JEDIS que agora mencionei. Sim, quem sabe não caberá a ROTH um dia, trazer o equilíbrio perfeito entre o passado e o futuro, o erudito e o voraz, o misticismo e a realidade, através de sua única e inimitável SKY GUITAR (foto abaixo).

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Afinal, um dia os cavaleiros e heróis já puderam povoar as terras longínquas, e, assinar suas lendas no formato de tantas e tantas histórias que inspiram milhares e milhares de seguidores. E provavelmente, daqui há quinhentos anos, serão os guitarristas os novos guerreiros, e, seus nomes serão contados em cantigas de ninar, e, servirão de inspiração para as gerações futuras.

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Uma certeza, pessoalmente, eu posso e ouso dizer: não será novamente o anel criado por J. R. R. TOLKIEN que definirá o destino de tantos e tantos povos. Mas será sim, uma guitarra. E ela terá o nome e a sonoridade que viajarão para além dos confins do universo. E será tocada por um único maestro: ULRICH HANS JOACHIM ANTON JOSEF ROTH.

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Sobre Ronaldo Celoto

Natural do Estado de São Paulo, é escritor, professor, poeta e consultor em direito, política e gestão pública. Bacharel em Direito, com Mestrado em Ciência Política, atualmente cursa Doutorado em Direito, Justiça e Cidadania pela Universidade de Coimbra. Além destas atividades, dedica diariamente parte de seu tempo à pesquisa e produção de artigos científicos, contos, romances, matérias jornalísticas, biografias e resenhas. Seus interesses pessoais são: cinema, política, jornalismo, literatura, sociologia das resistências, ética, direitos humanos e música.
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