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"Venus In Furs": John Davies Cale é um gênio

Por Luiz Carlos Barata Cichetto
Fonte: Barata Cichetto
Postado em 17 de maio de 2012

Velvet Underground - Mais Novidades

Existem centenas e centenas de postulantes a gênio, mas poucos, muito poucos podem realmente ter assegurado tal titulo. Entre eles, decerto encontra-se um galês de nome John Davies Cale, (Garnant, 9 de março de 1942). E antes que pedras comecem de rolar em minha direção, é mister que eu defina o termo: gênio é uma pessoa com uma capacidade de criação acima do comum, alguém que com seu trabalho ou idéias mudou ou fez a história, ou teria mudado e feito acaso fatores independentes de sua genialidade não o impedissem. E é nesses quesitos que enquadro John Cale dentro da mesma categoria de gênio em que coloco Frank Zappa, Nicola Testa, Syd Barrett, Leonardo Da Vinci, Jimi Hendrix e mais uns dois ou três. Muitos dos gênios não são ou não ficam conhecidos por sua genialidade porque estavam de alguma forma exercendo sua genialidade em hora errada, no lugar errado, ou pior ainda, junto à pessoas erradas. Caso específico de Syd Barrett e John Cale. Syd foi chutado do Pink Floyd não por causa de sua loucura, pois afinal ali, ninguém absolutamente poderia ser considerado normal, e ninguém se importava se ele passava bolachas por baixo da porta da namorada ou tocava uma nota só. O que importava é que sua genialidade incomodava os planos pretensiosos e egocêntricos de Roger Waters.

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E quase o mesmo aconteceu com John Cale, que até conhecer a turma do Vervet Underground tinha estudado composição moderna no Conservatório Eastman integrado o grupo de música de vanguarda Dream Syndicate e participado de um recital de piano que durou 18 horas, juntamente com o músico John Cage. Em 1964 conheceu Lou Reed e juntamente com o guitarrista Sterling Morrison fundaram no mesmo ano o Velvet Underground. Cale era o responsável pelo tipo de som produzido pelo grupo, introduzindo elementos experimentais e tocando baixo, viola e teclados, além de compor algumas das canções, como Heroin, Venus In Furs, White Light / White Heat, Femme Fatale e I’m Waiting for The Man. Nico era a gostosa que cantava e Lou Reed tinha pretensões a líder e começou a criar dificuldades com Cale, até que em 1968, ele decide deixar o conjunto. O Velvet Undeground continuou até 1973, mas sem a sem o lado experimental que a genialidade que Cale proporcionava, passou a ser apenas mais um grupo de Rock igual a qualquer outro. Basta que escutem e prestem atenção aos discos da banda: The Velvet Underground and Nico (1967) e White Light/White Heat (1968) tem a participação de Cale, os demais não, sendo que Reed assume todas as composições e a liderança da banda. Nico participara apenas no primeiro disco.

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Cale então passou a dedicar-se à produção de discos, tendo trabalhado com Nico, ex-vocalista dos The Velvet Underground, e em dois álbuns com os Stooges de Iggy Pop. Em 1970, iniciou carreira a solo com o álbum Vintage Violence, um trabalho pouco experimental que incluía canções de estilo tradicional. Seu disco seguinte, Church of Anthrax, quase todo instrumental, entretanto mostrou-se mais radical, resultado da colaboração com o compositor minimalista Terry Riley. Até o final da década de 70, o som de Cale aproximou-se cada vez mais do Rock básico e paralelamente continuava a produzir trabalhos de outros artistas, como Nico, Patti Smith e os Squeeze.

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Em 1974 lança o que seria a grande obra-prima de sua carreira solo: Fear. Neste disco, mantendo a originalidade do som do Velvet Undeground., John Cale prova que foi ele o responsável pela criação de um dos grupos mais influentes da música contemporânea e faz de "Fear" é um dos discos mais impressionantes da história do Rock em todos os tempos.

A partir de meados da década de 80 a produção de Cale diminuiu bastante com ele se dedicando mais a colaborações com outros músicos, sendo uma das mais significativas a parceria com Brian Eno, que resultou no álbum Wrong Way Up, de 1990. Nesse mesmo ano, Cale voltou a trabalhar com Lou Reed e gravaram Songs for Drella, um álbum de homenagem póstuma a Andy Warhol, um dos mentores dos The Velvet Underground. O trabalho foi bem aceito pela crítica e pelo público e levou a uma volta do Velvet Underground, em 1993, que gerou uma turnê pela Europa e um disco ao vivo. Mas, mais uma vez, a rivalidade entre Cale e Reed veio à tona e voltaram a separar-se.

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Cale voltou a trabalhar em sua carreira solo e na criação de trilhas sonoras de filmes, como por exemplo, "I Shot Andy Warhol", de 1995, e "Basquiat", de 1996. Já em 1998, lançou o CD Nico, um álbum de homenagem à recém falecida antiga vocalista do Velvet Underground. Posteriormente compôs outra trilha sonora para o cinema, Le Vent De La Nuit. O regresso aos trabalhos originais de estúdio, aconteceria apenas em 2003, com o disco "HoboSapiens", revelando o seu melhor estilo iconoclasta, energético e inovador, utilizando-se de diversos samples, uma marca na nova etapa no som do genial John Cale.

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O presente texto sobre John Cale foi criado por uma trilha sonora quase paranóica, com a repetição continua de uma única musica, "Venus In Furs", em suas inúmeras encarnações. Aliás, foi essa música, uma das mais belas, fortes e instigantes musicas da história do Rock, que deflagrou a necessidade de falar sobre John Cale.

(Venus In Furs)
John Cale

Vênus em Peles

Brilhantes, brilhantes, brilhantes botas de couro
Garotinha açoitada no escuro
Vem ao sinal do sino, seu servo, não o abondone
Golpeie, querida senhora, e cure o coração dele
Pecados aveludados das fantasias da rua
Cace as roupas que ela deverá vestir
Peles de arminho adorna a soberba
Severin, Severin o aguarda lá
Eu estou cansado, eu estou exausto
Eu poderia dormir por mil anos
Mil sonhos que iriam me acordar
Cores diferentes feitas de lágrimas
Beije a bota de brilhante, brilhante couro
Brilhante couro no escuro
A língua da correia, o cinto que o aguarda
Golpeie, querida senhora, e curo o coração dele
Severin, Severin, fala tão superficialmente
Severin, fique de joelhos
Sinta o chicote, em amor não dado levemente
Sinta o chicote, agora implore por mim
Eu estou cansado, eu estou exausto
Eu poderia dormir por mil anos
Mil sonhos que iriam me acordar
Cores diferentes feitas de lágrimas
Brilhantes, brilhantes, brilhantes botas de couro
Garotinha açoitado no escuro
Severin, seu servo, por favor não o abandone
Golpeie, querida senhora, e cure o coração dele.

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Sobre Luiz Carlos Barata Cichetto

Sou Barata, nascido Luiz Carlos, no dia do Anti-Natal, do ano da Graça do nascimento de Madonna, Michael Jackson, Bruce Dickinson, Cazuza e Tim Burton. Sou poeta, escritor, produtor e apresentador de Webradio, produtor de eventos e procuro pagar as contas trabalhando com criação de sites. Crescí escutando Beatles, Black Sabbath, Pink Floyd e Led Zeppelin. Participei da geração mimeógrafo nos anos 1970, mas quando chegaram os filhos, deixei de ser poeta e fui tentar ser homem, o que no entender de Bukowiski é bem mais difícil. Escrevo poemas desde que comecei a criar pêlos.... nas mãos. Trabalhei como office-boy, bancário, projetista de brinquedos e analista de qualidade. No final do século XX, acordei certo dia de sonhos intranquilos e, transformado em um ser kafkiano, criei um projeto cultural na Internet nos moldes dos antigos panfletos mimeográficos. Mesmo antes de meu processo de metamorfose, nunca deixei de cometer poemas, contos e crônicas. E embora tenha passado dos três dígitos o numero de textos escritos, nunca ganhei um prêmio literário. Fui apaixonado por Varda de Perdidos no Espaço, Janis Joplin, Grace Slick e Sonja Kristina; casei quatro vezes e tenho dois filhos, Raul e Ian. Atualmente sou também editor, costureiro e colador de livros, num projeto de editora artesanal.
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