André Sikora: A coleção do presidente do fã clube do Nazareth no Brasil

Por Ricardo Seelig
Postado em 09 de fevereiro de 2008

Esta matéria foi publicada muitos anos atrás, está datada, e a coleção mostrada hoje deve ser bem diferente. Mas a matéria continua sendo uma curiosa cobertura sobre uma invejável coleção, e por isso a destacamos.

Existem certas bandas que merecem mais reconhecimento do que possuem. Esse é o caso dos escoceses do Nazareth. Um dos grandes grupos de Hard Rock setentista, influência de centenas de nomes do Heavy Metal, o Nazareth possui uma grande legião de fãs em nosso país. Um deles é André Sikora, presidente do fã clube do grupo no Brasil. Conheça agora a sua coleção, e aproveite também para (re)descobrir esse grupo seminal para a música pesada.

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Foto da chamada: Makila Crowley

Pra começar o nosso papo, eu queria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Meu nome é André Sikora e meu apelido na web é Nazasi. Sou de Curitiba, tenho atualmente 44 anos e administro o Nazareth Fã Clube Brasil (http://nfcb.ifastnet.com) na internet desde 1998.

Como foi o seu primeiro contato com o rock?

No final dos anos de 70 a meados dos anos 80, explodiu uma onda rock em Curitiba, mas o movimento foi restrito a locais fechados, os famosos "saraus" de sexta-feira e sábado à noite e nas tardes de domingos. O som era mecânico, com as equipes se empenhando cada vez mais para aumentar em número de equipamentos e potência. Quando tinha os famosos "duplex" era uma parede de caixas-acústicas de um lado e outra parede abarrotada do outro. Assim, não tive dúvida, Rock´N´Roll seria meu estilo preferido.

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Mais ou menos com que idade você percebeu que essa paixão não tinha cura, e que iria acompanhá-lo por toda a vida?

Comecei a me interessar por rock de 1976 em diante, quando tinha 14 anos. Lembro que algumas rádios FMs tocavam esse estilo de música em minha cidade e sempre faziam um especial com bandas diversas, e era comum colocar o gravador para captar sons diferentes de bandas de rock.

Você consegue dizer em que momento você se transformou de um fã normal de música em um colecionador?

Com certeza. Lembro que em 1979 meu brother emprestou um LP do Nazareth de um amigo e foi justamente o álbum "No Mean City" e disse: "Curta aí essa sonzeira...". Fiquei uma semana ouvindo o disco e curtindo a capa, que era muito massa, tinha tudo a ver com as faixas.

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Na outra semana ele emprestou outro LP do Naza, e foi o "Razamanaz". Pensei... "Cara, outro LP do Nazareth? Capa legal com aquele raio na frente..." Sonzeira do começo ao fim... depois disso, não tive dúvida, comentei com os meus amigos que iria começar minha coleção.

Qual o tamanho da sua coleção?

Nunca parei para contar. Têm alguns que eu descubro que tenho quando vou procurar outro item...

LPs de estúdio tenho todos que o Nazareth lançou oficialmente, vários repetidos, porém de selos diferentes e países diferentes, capas simples e capas duplas...

LPs coletâneas são diversos, nacionais e estrangeiros, exemplares, edições limitadas, lançamentos especiais que foram realizados em apenas um país, etc... Algumas raridades como "Motive", "20 Greatest Hits", "Expect No Mercy", "Pop Lions Love Hurts", "Very Very Best Of", "Anthology", "The Singles Collection", "VIP" e até um coreano que nem nome tem.

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LPs piratas do Naza são apenas dois: "Hard Living" e "Songs For The Lady", que hoje em dia são extremamente difíceis de serem encontrados.

Tenho a coleção completa do "Razamanewz", que são 18 volumes do fanzine do fã clube oficial de Londres.

Coleciono ainda, compactos, 12", fitas cassetes, VHS, 8mm, DVDs, pastas com recortes de jornais, revistas, etc...

De quais grupos você possui mais material, quais são as suas bandas favoritas?

Nazareth é a banda internacional preferida, e Blindagem uma banda aqui de Curitiba que eu curto muito.

E o estilo que você mais gosta, qual é?

Eu prefiro o Hard Rock, mas ouço um pouco de Heavy Metal.

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Vamos fazer então uma cronologia da sua vida de colecionador: qual foi o primeiro álbum que você comprou, e por quê?

Quando decidi começar a colecionar Nazareth eu pedi para um amigo comprar o LP mais antigo da banda que ele achasse, Aí ele me trouxe o "Hair of the Dog", outro grande álbum e um verdadeiro clássico do rock´n´roll.

Qual foi o número máximo de itens que você já adquiriu de uma única vez?

Alguns anos atrás fiz uma grande troca com o fã clube do Nazareth na Alemanha. Chegaram em tono de uns 40 itens, material que eu nem imaginava que existia.

Qual item você considera o mais raro da sua coleção?

Além dos LPs piratas, a minha coleção de shows ao vivo, que já ultrapassou 100 CDs, inclusive a primeira apresentação da banda no Marquee Club em 1971 em Londres. Tem também o meu chaveiro, que ficou eternizado no DVD gravado em Curitiba, e todos os autógrafos que consegui nas vindas do Naza para o Brasil.

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E o mais bonito, qual é pra você?

A capa do álbum "No Mean City" e a continuação dela em "From the Vaults".

Existem alguns lançamentos estranhos, e de vez em quando alguns acabam caindo nas nossas mãos. Qual você considera o item mais diferente e curioso do seu acervo?

Um item legal é o picture disc do Naza de 1977, a coletânea coreana que não tem nome e o LP "Hard Living", que teve a tiragem de apenas 100 cópias no mundo.

Existe algum disco que você passou um tempão atrás até consegui-lo para a sua coleção?

Antes de existir a internet era impossível achar o LP "Exercises". Levei uns bons dez anos para consegui-lo. Agora já tenho um europeu, um canadense e um capa dupla.

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E, complementando a pergunta anterior, quais aqueles que, apesar de você estar atrás há uma cara, ainda não conseguiu?

O também "Exercise" (note que sem o "s"), LP lançado apenas no Japão com capa diferente, e o "No Mean City" capa dupla lançado apenas na Grécia.

Como você guarda e conserva a sua coleção?

Mantenho minha coleção em minha estante, nas embalagens originais.

Quais são os itens que você mais gosta entre todos da sua coleção?

É difícil de dizer por que cada item tem seu momento, seu estilo e sua história. Atualmente estou curtindo muito o "Live in Brazil".

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Onde você costuma comprar os itens para o seu acervo? Que lojas você indica aquelas que possuem os itens mais difíceis de encontrar, para quem está começando agora a sua coleção?

É difícil encontrar uma loja especializada em um só estilo ou uma só banda, assim o melhor mesmo é procurar pelo código do item na internet.

Você é casado, namora, tem um relacionamento com alguém? Faço essa pergunta por que gostaria de saber como essa pessoa vê essa sua dedicação a sua coleção.

Sou casado há quase 20 anos e a esposa curte muito também. Às vezes ela diz que vai atirar item por item pela janela no terreno baldio atrás de casa... (risos)

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E os seus amigos, já colocaram algum apelido em você depois de todos esses anos dedicados aos discos, ou vêem você como uma espécie de "consultor", aquele cara que conhece tudo e que tem dicas preciosas para passar?

Meu apelido foi auto-intitulado, NAZ de Nazareth e ASI de André Sikora, juntando ficou NAZASI. Precisava de um codinome para fazer o cadastro no primeiro site oficial do Nazareth na internet, o "NazNet" em 1996, que era rodado por uns dos três NazKateers, o Tom Weber, que infelizmente faleceu em um acidente de carro um ano após a morte do baterista Darrell Sweet, em 1999 nos EUA.

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Sendo fã que respira Naza 24 horas por dia, e como gerencio o fã clube brasileiro na web, recebo diariamente emails de toda parte do país e do mundo em busca de informações, material para troca, ou simplesmente um "oi" ou um elogio.

Onde você costuma pesquisar a respeito de discos raros que você está procurando, de novos lançamentos, essas coisas. Em que fontes você busca essas informações?

Costumo procurar no site www.gemm.com... se não encontrar lá... fuhgeddaboudit!...

Esta pergunta todo colecionador adora responder: quais são, para você, os dez melhores álbuns de todos os tempos?

Sinceramente colocaria os dez do Naza, mas vou relacionar algumas bandas que se esforçam também... (risos)

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1. Nazareth – No Mean City
2. Nazareth – Hair of the Dog
3. Nazareth – Loud´N´Proud
4. Uriah Heep - Abominog
5. Saxon - Wheels of Steel
6. Krokus - Hardware
7. Judas Priest - British Stee
8. Kiss - Creatures of the Night
9. Kraftwerk - Radio Activity
10. Deep Purple - Perfect Strangers

O que está rolando no seu som atualmente, e o que você recomendaria para os leitores do Whiplash?

O nosso honroso DVD "Nazareth Live In Brazil", com dedicatória do Dan McCafferty ao fã clube brasileiro. Nos extras aparecem os maiores colecionadores do Naza no Brasil. Compre o seu e veja como foi a euforia dos fãs no show de Curitiba.

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A sua coleção tem um limite? Tipo, você acha que, algum dia, vai parar de comprar discos porque acha que, enfim, tem tudo o que sempre quis ter? Você acha que esse dia chegará, ou ele não existe para um colecionador?

Não tem limite. É como deixar de sonhar. É impossível. Mesmo sem querer você adquire itens, pois sempre tem alguém que te envia coisas sem você pedir, ou quer fazer troca ou então te oferece algo para compra ou venda.

Já parou para pensar com quem os seus discos ficarão quando você estiver mais velho? Quem será o herdeiro da sua coleção no seu futuro?

Meu filho Edu, 12 anos, já está devidamente encaminhado a continuar a coleção.

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O que o rock representa na sua vida?

O rock para mim representa diversão, um modo de fazer amigos, de ter sonhos e curtir a vida.

Se você tivesse que indicar algumas bandas, e alguns discos, para uma pessoa que nunca teve contato com o rock, o que indicaria?

Não indicaria nenhuma banda nem tão pouco algum disco. Gosto não se discute. Simplesmente convidaria esta pessoa a participar de um dos encontros do NFCB ou aconselharia a ir a um show do Naza.

Tem alguma história engraçada ou curiosa que aconteceu com você por causa da música, e que te fez pensar algo como "isso só acontece com um colecionador mesmo"?

No show do Nazareth no extinto Aeroanta em Curitiba em 1995, um colega ficou o tempo todo com a parte de trás do LP "Loud´N´Proud" agitando pra lá e pra cá, chegou até a ficar cara-a-cara com o Dan McCafferty, que até levou um susto ao ver o tamanho da cabeleira que ele usava na época. Depois do show ele ia jogar fora a capa, aí eu disse me dá aí para guardar de lembrança. Foi quando resolvemos esperar um pouco na saída e algum tempo depois a banda saiu por ali e eu consegui um autógrafo do guitarrista Jimmy Murrison nesta capa, que agora passou a ser um item valioso em minha coleção.

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